Tem festa no prédio do lado
Tem preso no meu presídio
Alguns amores no calabouço
Tem festa e está animada
e eu no meu pântano
apenas com os olhos de fora
Alguns abutres por perto
q por dentro bicam os corvos
e cospem na minha cabeça
Tem festa no prédio ao lado
Todo o dia tem festa lá
E eu aqui no meu velório
tentando agüentar mais um dia
Vencer a minha loucura
Bebendo Morte in natura
JACARÉ
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 11:57 AM 2 comments
AINDA
Ainda
Não circundei
A tarde toda
Vazio sou
Agora sei
Que ainda
Continuo
Desabando
Em você
Meu terremoto
De edifícios
E desabafos
Monday, May 21, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 10:35 AM 1 comments
CHECK MAIL
Monday, May 14, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 10:33 AM 1 comments
mallarmé
segura
prende e bate
e arrebenta
os testículos
o ventre
não aumenta
derrama
a discórdia
do silêncio
arranca
estripa e amputa
freme
bisturis
em punho
na medula
lobo
toma os uivos
selvagens
Sunday, May 06, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:01 PM 1 comments
poema
prenhe de poesia
cataplasma
catapulta o poeta
sampleador
da rima
nasce o poema
e a armadilha
e dentro do alçapão
a poesia
busca o poeta
e é só sutura
aquilo q está
de armadura
pronto pra lutar
e lapidar
o verso e o vaso
e a veia
até escultura
Monday, April 30, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 10:45 AM 0 comments
sonoro fim das estalactites
que em brisa brigam de ceifar
que ejaculando para dentro
explodem-se de uma antiluz
ó antiluz que navega o fim
de alguma bruma divisora
divisória do que taquigrafia
alguém algum dia orquideou
de dia na visão simplória
do afago da lua para besta
delineou seus olhos sol
e algum batuque sincopado
da água com a plêiade vária
é vero que produza vagas
Tuesday, April 24, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:45 AM 1 comments
GOSMA
gosma de silêncio: nóia
ficar mastigando um palito de fósforo
procurando em si uma respiração
encontrando o próprio bafo
na ponta do nariz alheio
ser a melhor parte do bolo
o recheio
Thursday, April 19, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 10:30 AM 3 comments
TANTO BATE ATÉ QUE ÁGUA
A gota
Guarda
Um guarda
Dentro dela
Cacetetes
E porrada
Quando ela
Explode na testa
O corpo
Todo
Sente
Que seria melhor que ele
Fosse feito de água
Também
(o que às vezes acaba
acontecendo)
Thursday, April 12, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 11:21 AM 2 comments
ECLIPSE - PARTE DO HOMOCHIP
1
engoli um chip
um eletrodo
engoli-o todo
hoje não cuspo
bolas de sabão
hoje só cuspo
o que tem no chão
no chão do chip
no chão do eclipse
tal língua de iguana
ou de camaleão
(que é como se chama
o novo vírus que com o chip
eu engoli)
engoli o sistema
cuspo algemas
sem reticências
pra não prolongar
a eternidade
que é estar num chip
2
pra sempre é só
até a morte
pra sempre só
além do depois
algum sentido
procuro na avaria
haveria algum
dilema maior?
3
cintilam cintilantes tropas de sargaços
creme com amêndoas no pudim
as amêndoas me lembram o chip
aquele que eu um dia engoli
como viver sabendo que alguém
é quem manda em mim?
e que só sou eu por alguns instantes
quando não penso que engoli o chip
por isso o fato de ter engolido um chip
pouco importa se é verdade ou não
o que importa é que sou uma rosa
e tenho no talo um chip em botão
e o que faz vou sabendo na medida
em que vai fazendo suas monstruosidades
são sempre coisas que eu quis mas nunca
tive coragem de fazer por dor ou dó
4
por dor ou dó
ou por pudor
pouco se faz
muito se rói
quanto osso
quanto ofício
quanto buraco
sem precipício
5
em mim cio
do contrabando de mim
ao caos
da canção caliente goma
se enrasca no aroma
e conta e assoma que ser
é muito mais não ser
por isso se morto agora
ou se na hora do desuso
pouco importa de estou
vivo ou se uso os dez
por certo uso de minha
neuronicidade vã
Tuesday, April 03, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:42 AM 1 comments
Rubra testa de floragem
Ramo de boceta em flor
Carda a sua maquiagem
Faz-me rubro e incolor
Ama-me a ponto d
Beliscar a sua realidade
Quando em cruz de fato
Não rimo com sacanagem
Thursday, March 29, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 11:32 AM 1 comments
CERTA VEZ
Comeu hipófises
eletroblastos e
osteócitos. Mal
me quer celular.
Bem me quer em
arterial compasso
de espera aspirai
cocaína e caos em
hidrólise de rum.
Campeniquanum
sendonum est pó
rus day in day o
R day in and out
]open in the samba[
Cocaína e caos em
tempo de têmporas.
Maça rubra rosto.
Folha morta de nervos
de fígado bife de
fígado do bife de
fígado no olho contra
a dor de cabeça contra
os do contra contra os
contrários do contra
Sunday, March 25, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:42 PM 1 comments
BOSTA
O puteiro tem um cheiro de banheiro
O banheiro tem um cheiro de esgoto
O esgoto tem um cheiro de morto
O morto tem um cheiro de rato
O rato tem um cheiro de mato
O mato tem um cheiro bosta
E mesmo assim todo mundo gosta
O pão tem um cheiro de mofo
O mofo tem um cheiro de patrão
O patrão tem um cheiro de estado
O estado tem um cheiro de ladrão
O ladrão tem um cheiro de roubada
A roubada tem um cheiro de privada
A privada tem um cheiro de bosta
E mesmo assim todo mundo gosta
Todo mundo gosta da própria bosta
Tuesday, March 20, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:28 PM 3 comments
Estão tentando me matar: sempre
Sou o covarde de plantão
Estão sempre querendo me dizer o q é certo: sempre
E quase sempre é quase nunca
Assim é assim mesmo
Nem aceitam a minha misericórdia
O outro dia é sempre um outro: se houver outro
Se não houver termino assim
Wednesday, March 14, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:13 PM 0 comments
AUSÊN&CIA
Eu falto de mim alguns dias
Não vou a encontros marcados
Em certos horários
Estou tão ocupado comigo
Que sinto de mim uma falta
Sou eu mesmo quem me mata
Desato o nó da gravata
E deixo assim habitado
Meu mundo cheio de abismos
Flutuando no limbo saudável
De mais uma nova cura
Pois quando não estou em mim
É que sinto a sua falta
Sei que a miragem flutua
Na minha alma
Quando passa a ser tua
Sunday, March 04, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:01 PM 2 comments
Quero uma boceta
Uma boceta vermelha
Onde eu possa enfiar
Até a minha sobrancelha
Quero uma boceta
Uma boceta azul
Pra eu pedir pra vc
Tomar no seu cu
Quero uma boceta
Uma boceta amarela
Que de tão chupada
Fique com minhas remelas
Quero uma boceta
Somente uma
Onde lá dentro
Meu eu suma
Tuesday, February 27, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:20 PM 2 comments
ermo
a lápide de soslaio olha-me
o mundo de soslaio me peida
o que não pode ser mundo, muda
muda a moda que agora sobe
escondendo as barrigas do ontem
hoje sou o que nunca quis ser
e o habitual é habitar o nada quando
ermo penso
Wednesday, February 21, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:17 AM 1 comments
ÀS VEZES
Às vezes eu tenho vontade de fumar e fumo. Às vezes eu tenho vontade de comer e como.
Às vezes eu tenho vontade de você e nada.
Nenhuma mão vem me acudir no pesadelo.
Existe um desfiladeiro entre mim e você. Existe um foguete espacial. Sondas e satélites e bombas.
Às vezes tenho vontade de morrer e cuspo pro alto para não sujar ninguém, só a mim. É quase a mesma coisa.
Todo o dia os mesmos remédios e a melancolia melando a cueca do dia a dia. Um certo cheiro de merda que me vicia. Aqui então tudo é todo o dia. Assim sempre.
Wednesday, February 14, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:00 AM 6 comments
A LEI DA INÉRCIA ou OS OLHOS DO FELINO DIANTE DA PRESA
tudo
tende
ao nada
nada
é como
tudo
tudo
tende
a ficar
a estar
como
surdo
mudo
tudo
está
sem
se
moviment
ar
Wednesday, February 07, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:09 AM 3 comments
IGUAL
Hospícios são lugares tão bonitos
Lembram os cemitérios
Remédios azuis são tão ingênuos
Lembram alguns internos
Há ladeiras e um grande degrau
E flores e gente e muita gente
Muita gente gritando comigo
Como se só eu pudesse ouvir
Todo aquele pedido de vida
Thursday, February 01, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:07 AM 3 comments