CAGA-REGRAS.







Caga-regras

Rodrigo de Souza Leão


Todo mundo caga
regras também


Hoje em dia, quando alguém está doente, a família chama a polícia.

A polícia vem e bate um papo com o cara. Se for preciso, colocam a camisa de força.

Não tinha como resistir: eram três caras mais fortes do que eu.

Eles me levaram junto com o meu irmão. Acharam que eu não tinha nada, mas meu pai sentia um medo danado que eu fizesse alguma loucura.

Mas eu era um perigo só para mim mesmo.

Do meu começo podia sair o fim, mas não quero rimar pobre com nobre em versos de impacto, só quero um pacto entre mim e você.

Jamais poderia dizer que só faria mal a uma mosca.
Eram centenas e centenas delas, matei algumas por prazer.


Pulei
de uma janela
deitada

Andei
na nata iceberg
do leite

Caí
de pára-quedas
no nada

Subi
cavando
com enxada

Não sei: não sei
O por quê: o por quê
Me repito: me repito
Se o que sou: se o que sou
É esquisito: é esquisito
Por que me tratam mal?
Por que me tratam bem:
O bem: o mal


Freud dizia que defecar é um prazer
e que todo mundo ama sua mãe

Eis que defequei um filho com barba
Onde foram parar minhas hemorróidas,
eu pergunto

Só uma puta poderia te parir, respondo
E vou pondo naftalina na latrina
do dia-a-dia

Para não apodrecer de mim mesmo

Saturday, June 06, 2009

1 Comment:

Janaina Amado said...

Rodrigo, gosto sobretudo da parte que se convencionou chamar prosa, da mistura de cotidiano com cinismo e desespero, desesperado e louco ootidiano. Gostaria de acrescentar seu link ao meu enredosetramas. Posso fazê-lo?

 
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