o segundo big bang.

o sol desaba
nunca mais aurora

Dias Contados
Depois. Dia primeiro de maio
Hoje é Dia do Trabalho. Por que ninguém trabalha neste dia? Escrevo só, como sempre. Sem ninguém por perto. Entro num túnel e me refugio numa pegada de mamute que são seus olhos que me querem eu já não quero mais você desisti de tudo. Estou nua com o meu crucifixo no colo e rezo todo o dia a essa hora enquanto escrevo. São alguns pais-nossos jogados no vento. Algumas ave-marias que escondo debaixo do teclado do micro. Perdida, perdida, perfídia. Por que Maria Madalena o traiu?
O que me atraía em você eram suas mãos no bolso. Seu jeito tímido. Sempre parecendo esconder uma rosa despetalada sem espinhos. Por que as rosas têm espinhos? Deve ser pra cortar a mão da gente. Assim me deito em você e mais um dia se vai. Dobro a esquina da esperança de um dia poder fazer aquilo que mais quero. Só assim tiraria as minhas verdades todas de mim. Conheceria-me.
Antes
Dia 12 de abril
Tenho inveja das pessoas que sabem sempre o que fazer na hora certa. Eu estou sempre atrasada pro mundo. Me visto mal. Me alimento mal. Não sei colorir minhas unhas como as outras mulheres. Mas ainda estou lhe amando e lembrando da primeira vez que engoli você e comi um pedaço do seu corpo.
Depois de antes
Dia 14 de abril
Escrevo pra você que amo e quero. Rezo pra você que amo e quero. Eu amo e quero ter seu corpo ainda colado ao meu. Santo, santo, santo traz você pra mim.
Ah se eu tivesse um punhal bonitopra enfiar no meu infinito
Depois de depois do antesDia 20 de abril
Não havia saída. Nenhum abismo se abria. Nenhuma porta se fechava. Nenhum abracadabra. Não conseguia ficar sozinha. Então eu me joguei dentro de uma caixa de Amplictil. Vi que no centro só estava eu comigo. Dormi e acordei pra outra vida. Estava dentro de um vidro. Quem é você, Jesus Cristo? Você é tão parecido comigo e fez a mesma coisa que eu fiz. Eu sei do meu futuro e vou me entregar a ele. A vida me agarrou e ainda não me soltou. Quando ela não me quiser, já estou preparada. Basta um abismo crescer. Nem a eternidade é pra sempre.
Na antivéspera
Dia 30 de abril

Querido diário,

Hoje descobri que não sou deusa ou heroína. Quis ser aquela pomba que se espatifou na turbina de um avião. E agora? Por que sofro tanto? Por que é tão dilacerante respirar e fumar até a guimba? Perdi o sentido da vida, nada faz sentido. Estou encolhida feito um pássaro na muda. Deus é triste como eu? Cristo era um burocrata da dor? Sou uma lágrima que canta a última canção. Não sou uma deusa e nem uma heroína. Para quê vivi? De que adianta a cadeira 22 da Academia Brasileira de Letras?

Não tenha medo
o suicídiosó leva os vivos
O dia
Dia 2 de setembro
Devo aceitar Jesus e segui-lo pra sempre? Quod facis, fac citius lat.
Minha vida sem mim seria tão fácil
que ponto final

Tuesday, February 12, 2008

4 Comments:

Anonymous said...

Rodrigo mostra nos seus textos sempre situações, indagações q. permeiam o nosso inconsciente. Com sua fluência assemelha-se a um um mago_ o mago da palavra bem escrita .

Anonymous said...

a vida nunca é facil
facil também é amar sem ter que amar
dificil é escrever a vida
só meu amigo Rodrigo
entende do riscado

Anonymous said...

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Anonymous said...

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