O masoquista
Sentou num ouriço
Gozou
O afogado
Ar rima com mar
E respiração boca a boca
TELA E 2 POEMAS CURTINHOS.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:10 PM 3 comments
OLHOS
Nos seus olhos
os meus olhos espelhados
são olhados
Vejo tigres desfocados
dando o bote
no caos da pupila
Nos seus olhos
vejo os ossos de minha face
devorados pelo tempo
Tudo é reflexo
Tudo reflete a mim e ao tigre
E o deus em tudo gira feito
uma baiana da Portela
Seus olhos são jibóias perfumadas
descendo rumo aos pés da existência
Você é uma criança pálida
e magra enguia que me guia
ao feroz de uma alma
os seus olhos
Wednesday, November 28, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:37 AM 3 comments
DOIS POEMAS E UMA TELA.
Eu não tenho medo de ninguém
Nem de Deus
Nem do diabo
Nem de fantasmas
Nem de camisas de força
Eu só tenho um medo
O de não ter medo de ninguém
EU INFERMO NO INFERNO
Falo dos infernos da vida
Pena
:
os que vivem no paraíso
estão enfermos
Sunday, November 25, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:37 AM 2 comments
DEMENTE.
A minha mente tem uma fauna esquisita.
Orangotangos dançam tango.
A formiga carrega um pterodátilo.
O elefante é um chuveiro.
O porco é um banheiro.
E, além disso, as neuroses habitam sem calma
o galinheiro. A galinha cisca pra frente.
Mas o caranguejo anda pra trás.
Todos os cachorros são azuis.
Mesmo assim me habito sem traumas.
Nas minhas veias corre sangue de enguias.
Cheiro os pássaros que voam.
Vomito águas-vivas que moram na minha flora intestinal.
Tudo é assim tão selvagem lá dentro.
Por isso não consigo ser meu centro.
Thursday, November 22, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 10:23 AM 3 comments
ESTRELAS.
Os anjos estão dispostos a nos ajudar
É meia–noite e eu me divido em três
Sou o cavalo branco diante do abismo
E o morcego que vê na escuridão
E a esfinge que baba sêmen
Alguns corvos estão a nos olhar
O nosso longo beijo de compreensão
E a morte tão próxima quanto o medo
De que um anjo vire uma verdade suspensa
E assim se enforque com a própria luz
E um anjo enforcado é mais um aviso
De que a voz que escuto em mim
Continuará a pedir ajuda a todos
Haverá então o encontro das trevas com a noite
E eu ouvirei outras vozes além daquela
Que dirão que tudo está no início
E o universo ainda não copulou com a terra
E o dia que isto acontecer
Será o início de uma nova era
Será noite de dia e de noite
E os zumbis jogarão xadrez com o resto
De corpos mutilados
E o fogo inundará as pradarias
Aí os loucos estarão todos livres
Por que todos estarão loucos
Tuesday, November 20, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:24 AM 2 comments
ONTEM.
fixo pra si
se achou tanto
que sumiu
no espelho
além de levar
algo que era meu
cuspiu bocejou
e não disse
adeus ou até já
ela roubou-me
levou o poema
e hoje eu com fome
vomito ontem
Sunday, November 18, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:19 AM 3 comments
DEPOIS DO ALMOÇO.
A Antonio Mariano
O meu poema burilado
É como um pum molhado
Ele não fede nem cheira
Gosto de Manuel Bandeira
Thursday, November 15, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 3:56 PM 2 comments
REMÉDIOS.
Um remédio que faz você tremer e babar
Um remédio pra você parar de beber e babar
Um outro pra você parar de tremer
Um remédio pra você relaxar
Um remédio pra você gozar sem se tocar
Um remédio pra você não ouvir música alta
Um remédio pra você não falar palavrão
Dois remédios: um para a mente e outro pra o coração
Três remédios para dor de cotovelo
Tomei o quarto por causa do terceiro
Foi um remédio que me fez
sujar o banheiro
Foram os remédios que me obrigaram a gostar deles
Não é um amor como o meu por você
Wednesday, November 14, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:16 AM 4 comments
SE JOGAR.
[daqui de casa dá pra ver o mar de Copacabana distante e estas redes de proteção impedem-me de fazer algo mais brusco: como me jogar. daqui de casa dá pra ver a Lagoa bonita. outro dia eu mostro. mas esse negócio de rede não era pra mim. nunca foi. apesar de ser um suicida em potencial. era pra Marina, quando era pequena. por que as crianças têm essas propenções aos abismos?]
Uma mulher
Comi-os de colher
E vomitei um poema
Outro dia também me mataram
Mas me comeram de garfo e faca
Saí pelas fezes
Calmamente
Como quem nasce
Lentamente
Usando um disfarce
De gente
Vestia Negro como a noite era negra
Me confundia com ela
Até que viramos a cadela
Que defecava no tapete
Um bilhete
Ela me veria de estilete
Um outro Valete
A queria de sapatos altos
Alguns fatos são menos exatos
A poesia é um fetiche
Quando ela existe
E o poema é só o princípio
De um precipício
Monday, November 12, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:17 AM 2 comments
E cada vez todo mundo está mais perto da morte. Até eu que já nasci morto.
Apesar de a punheta ser a certeza de que existe céu. A boceta é a melhor coisa que Deus inventou. Uma ex-freira quis transar comigo. Depois ela me pediu a extrema unção. Disse que tinha pecado. Eu fumei um baseado e dei o que ela precisava. Depois do depois chorou tanto que ria convulsivamente como se o nada e o tudo se completassem numa oferenda. Ela me deu uma flor. Eu coloquei a flor no cabelo dela. Depois disse adeus. Ela me ligou e eu não atendi o telefonema porq meus poderes para normais diziam que era ela que tava ligando. Depois fui ver Tropa de Elite. Puta que pariu. Que falta do que fazer. O Word grifou diziam e puta. Um concerto maestro. Três acordes é tudo e tudo é como a pessoa fala, tudo é como a pessoa fala e tudo e como a pessoa fala: melhor ficar calado. Once more.
Saturday, November 10, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:31 AM 5 comments
MUITAS VEZES.
Restos de comida. Garrafas pet. Latas. Tudo que corta a alma.
Já que ganhamos pouco, poderia estar carregando o lixo e não estou.
Não acredito em força divina que me protege e não a ele. Em que acreditar então?
Sei lá.
Perguntas nunca cansam de me perguntar. Gostaria de ter respostas para todas, mas seria como ter todas as chaves pra tudo. Eu não tenho resposta. E acho que, pelo menos, ele é mais feliz que eu porque não deve se fazer tanto essa pergunta. Ou.
*
Às vezes eu penso, mas só às vezes.
Quando alguém morre, eu fico triste porque não sei pra onde esta pessoa, objeto ou coisa vai.
O fato de não ter certeza é que me incomoda.
Quando eu morrer, não fique triste só porque não sabe para onde eu vou.
Fique triste porque gosta de mim e sentirá minha falta. Mesmo sendo você alta voltagem. Sentirei sua falta também.Estarei no cemitério do Caju e lá sediado esperarei as flores que sempre quis lhe dar.
Wednesday, November 07, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:30 AM 2 comments
SOBRE O POP.
Acho que as pessoas tristes vivem mais
Elas tomam mais remédios
Os doidos só não tomam mais remédio
Por que os laboratórios não querem
Governos preferem habitar algum planeta
Do que habitar algum remédio e alguma mente
É tão perigoso falar da loucura
Podem achar que eu sou louco mesmo
Monday, November 05, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:57 AM 2 comments
Detesto falar como eu falo de você.
As palavras às vezes se suicidam.
Às vezes como as pessoas, as palavras fazem loucuras.
Eu não me controlo tanto assim.
Às vezes tudo parece bem fácil,
mas quando vejo o tumor que criamos junto:
um em cada um;
nestas horas é que mastigo árvores invertidas
e o silêncio do silenciador me vicia.
Saio dando teco em todo mundo.
Pena que a arma é silenciosa e as balas explodem no corpo:
também sem som.
Queria ouvir algum som de seu vácuo,
mas não vejo o barulho nas coisas que me diz.
Sequer um esgar quando morre pra mim.
Sequer um ponto final.
Friday, November 02, 2007
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:31 PM 3 comments