meu eu
tão pequeno
que me algemo
para me aumentar
seu ego
tão grande
que sonego
o seu olhar
solitário andar
por entre a gente
trazer você pra dentro
da minha
música
de repente
deixar a noite ir
vazia e tísica
abrir espaços dentro
da minha física
FRAGMENTO.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 11:04 AM 0 comments
MONÓLOGOMANIA.
Sunday, December 28, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:44 AM 0 comments
Foge o silêncio pelo ralo
Nasce uma flor em meu falo
Às duas horas da manhã
Ele acorda pensando no satã
E a minha palavra sempre exígua
Está mais morta do que viva
Deus não é um diabo invertido
É só mais um ser oprimido
Pela beleza que o crânio carrega
Quando defeca tudo que nega
Enfim, ando meio puto com
Deus fazendo meu Satiricon
Thursday, December 25, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:19 PM 1 comments
NATAL.
É muito difícil escrever um poema
de natal.
Não é muito difícil. É dificílimo.
Por que quero escrever sobre uma metáfora: ela?
Por que? Um bilhão de porquês.
Por que todos não vão pro céu?
Eu acredito em papai
Noel.
Tuesday, December 23, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:32 PM 1 comments
CACHORROS AZUIS, POR MARCIA TIBURI.
O estilo de Rodrigo Leão é uma grande qualidade de seu escrito. Para quem gosta de tratos sérios com a linguagem, será leitura das melhores. Quem espera, no entanto, só uma historinha contada, ou tem pouco senso de humor, não leia o livro, nem a última parte, a do “epilogos” em que o protagonista resolve nos contar sua aventura com uma “liga que agregava todos os seres do universo”. A liga tinha também a sua língua: TODOG. Sua vantagem era que ninguém a entendia, e, por isso, unia a todos que estivessem dispostos.
O fim da história, se ele saiu ou não da clínica, se viveu, se morreu, eu não conto, mas garanto que é tudo bem parecido com o mundo que todo mundo conhece. E, por isso, mesmo, assustador.
Sunday, December 21, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:44 PM 5 comments
MY ONLY FRIEND: THE END.
Saturday, December 20, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:23 AM 2 comments
TRAVECO.
Átimo de pedra sobre nuvem
Átomo de plástico
Corredeiras de enguias-crustáceas
Outro sonho pesado pesadelo
Tamanho do ósculo de sangue
Coagulado em algum ponto do sofá
Pende um minúsculo objeto do ventre
Dela pode-se esperar qualquer coisa
Friday, December 19, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:20 AM 1 comments
CARTA DO LEITOR E POETA PEDRO RODRIGUES.
Tuesday, December 16, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:39 AM 1 comments
Camboja.
O copo A noite A morte
Enfim o grito de socorro
A britadeira ou o som
Do motor no dentista
Faz desaguar o mar que há
Numa criança
Mija
Monday, December 15, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:35 AM 0 comments
uma mãe como eu fui quer.
no diagrama da manhã
cutuquei minhas folhagens
e erigi meu diadema
entre os olhares das tatoo
quantas tristezas me fiz hoje
se o dedal me fere mais
do que a angústia de agulha
em meu ventre que ubíquo é
o filho que me olha parado
dedilha o meu sentimento
e refuga o meu corpo
diante de mim quero-o filho
amamentando o sutiã do dia
com cada vento que nos poluir
Friday, December 12, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:37 AM 1 comments
DIREITOS HUMANOS.
Advogo em situações difíceis como a sua. Mas não dá para trazer o horizonte para o mar e nem levar o vice para o versa. Versa versejar o pouco de vento ainda e respirar ouvindo um átomo de colibri girinascendo. Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Nelson ficou preso uma porrada de tempo levando cordas para o seu suicidador suicida-lo na dor mais torturante. Toda a pessoa direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. No olhar de mamãe há um saco de boxe e dizem que sou eu que dou o soco nela todo o dia. Ninguém pode ser arbitrariamente preso,detido ou exilado. Os padres rezam com a fé de que o céu nunca pode cair sobre suas cabeças. Tudo é possível até na impossibilidade há a segurança de que tudo é impossível. Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. Num sei quem julga é Deus e virá para os vivos e os mortos. Os mortos coitados dos direitos dos mortos. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. Até os mísseis que olhavam Cuba com bons olhos beberam naquele dia em que Fidel engoliu-se de falar. Fidel estava Castro ainda. Castrando. Mas será que saber que está sendo Castrado é melhor do que acordar castrado? A ditadura do invisível é invencível. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido. Cláudio Manuel da Costa era maior do que o espaço que foi enforcado. Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei. Há programas do Gugu que salvam uma pessoa por semana enquanto o resto come a mão ou a colher com sal. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. O mundo em Ibiza. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. Londres e seu fog nunca voltaram a quem foi e alguns ficaram em Londres e pior os que Brasil na testa escrito tiveram que ser brasileiros. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. Baby eu dormi na praça pensando nela. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Nobel foi o inventor da dinamite. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. A nação Rubro negra é católica e canta hinos bonitos. Eu sou mengão com muito orgulho com muito amor. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. Nunca quis ser americano. Nem torcer pelo Botafogo. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família,sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.Um amigo que nunca foi amigo me mostra a foto da mulher nua e pergunta se ela é gostosa. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado. A Fat Family vai tocar no Canecão. Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade. A Igreja é a maior detentora de terras e os cemitérios deveriam ser no Egito vivo. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. Quem é o proprietário dos meus sentidos? Quantos sentidos têm a vida? Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção,assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção,sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. Eu comunguei quando pequei e depois disso só pequei! Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão. Viva a lista sem discussão. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. Ninguém pode bater num homem de saias. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. A carteira de sócio atleta federado está sendo vendida por quinze mangos. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, público do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. Se o porteiro pode votar pode ser poeta. Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país. Eu não sou profissional da escrita e nem quero ser. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. Os meus interesses são o de ficar mais rico do que o mais rico dos riquinhos e peidar dólar. Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas. Das sete até ás dezenove horas papai trabalhava no Hospital X e depois ia dar plantão no Hospital e um dia perguntei quem era aquele homem que dormia com mamãe e era pouco visto e era ele mesmo. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social. Engraxa o sapato da cola. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos. Pode escolher entre educar em Esparta ou Atenas? Eu estudei tanto que hoje sou burro. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. Principalmente os chatos como eu. Os chatos como eu são chatos. Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração. O espaço, a fronteira final estas são as viagens da Enterprise em busca de novos mundos audaciosamente indo onde quem sabe o mal que existe por detrás dos corações humanos. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Carcará pega mata e come. Nenhuma disposição da
presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados. Acabaram com o World Trade Center e deixaram a estátua da liberdade intacta. Os loucos têm seu céu particular. O meu dever é sempre fazer a lição de casa e um bom menino não faz pipi na cama.
Wednesday, December 10, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:59 AM 1 comments
ENTREVISTA PARA JULIANA KRAPP. JB.
É, o próprio Souza Leão, um esquizofrênico, que se baseou em sua experiência pessoal para compor o livro. Não por coincidência, ele começou a escrevê-lo depois de sua segunda internação, em 2001 (a primeira fora em 1989), com o “quarto escurecido por doses de Litrisam”. Ao aproximar sua prosa da esquizofrenia, o autor também a aproxima da poesia, como conta na entrevista abaixo.
1 - Como e quando começou a escrever o "Todos os cachorros são azuis"?
Prefiro responder primeiro quando começou e depois responder como.
Comecei a escrever “Todos os cachorros são azuis” depois da minha segunda internação, que foi em 2001. Não me lembro exatamente o mês. Eu estava com 120 quilos de peso e muito gordo para o meu metro e setenta e um. Faço questão desse um, rs. Suava muito porque fazia um calor infernal. Agora me lembro. Era verão. Voltava de mais uma estadia no inferno. Internações são muito traumáticas. Às vezes não é necessário internar, ainda mais como eu fui, da maneira como foi. Estava em casa e minha família muito atormentada com as coisas que estava fazendo e acontecendo na minha vida, resolveu sair de casa e me deixar só com minha avó que era viva e estava com noventa anos e numa cama. Eu avisei a eles que se saíssem não iam mais entrar. Duas horas depois eles tocaram na campainha. Eu havia passado o trinco na porta. Falei que ninguém iria entrar. Mas era uma mistura de brincadeira com uma tentativa de dar um susto neles. De eles não me abandonarem. Mas eles chamaram a polícia. A polícia arrombou a minha casa. Eu havia acabado de passar um interurbano para Minas e estava ao telefone com a Silvana Guimarães. Não ouvi o barulho. Pelo menos a PM teve o cuidado de tirar as armas antes de invadir meu lar. Eram três policiais militares e eles tentaram durante uma hora me convencer a ir para o Pinel. Não tocavam em mim. Mas deixavam claro que se fosse necessário, usariam de força. Vendo que demoravam muito, oficial mais graduado resolveu subir. Ele estava em baixo, na viatura. A princípio expus meus argumentos. Falei que se tratava de uma brincadeira. Mas não deu e resolvi ir sem necessidade de ser usada a conhecida força policial. Sai do edifício escoltado por quatro policiais. Me botaram numa viatura e me levaram para o Pinel. Meu irmão foi junto comigo e meus pais foram no carro da família. Cheguei ao Pinel e minha família optou por me internar numa clínica particular. O hospício que havia ficado internado pela primeira vez em 1989.
Fiquei internado por vinte dias. Quando voltei a minha casa, dois dias depois, no meu quarto escurecido por doses de Litrisam, comecei a escrever “Todos os cachorros...”.
Agora o como? Eu já havia escrito “Carbono pautado – as memórias de um auxiliar de escritório”. Uma prosa mais convencional. (Século XIX). O “Carbono...” (ainda bem) não teve boa acolhida em nenhuma editora. Era um texto de duzentas páginas.
Quando começo a escrever uma narrativa não sei quantas páginas vai ter. Mas queria escrever uma coisa diferente e com menos quantidade de páginas. Escrevi uma página por dia e ao final de quarenta dias tinha uma novela em estágio embrionário. Necessitava de revisão e de uma burilagem. Teria que mexer mais no texto final. Mandei para Leonardo Gandolfi e Franklin Alves Dassie, meus amigos. Eles acharam o livro ótimo. O Leonardo deu uns pitacos que me ajudaram muito. Fiquei com aquilo guardado. Depois de um tempo mandei fazer uma revisão e enviei para algumas editoras. Fui rejeitado por todas, menos a 7Letras. O Jorge Viveiros de Castro gostou e queria publicar, mas eu não tinha grana alguma para ajudar. Veio o prêmio da Petrobras e ganhei a bolsa. Reescrevi o texto todo e acrescentei mais um capítulo. Aleluia!
2 - Apesar de ser um livro autobiográfico, não é narrado de forma linear. Como foi o seu processo de escritura?
O meu processo foi o de tentar aproximar a prosa à esquizofrenia. Para isto, resolvi achegar a prosa à poesia. A linguagem natural de um louco é, digamos, um pouco poética. Quando um poeta diz, por exemplo, “Guardei o Sol em sete partes”, usa uma linguagem específica. O Sol não tem partes e nem pode ser guardado. Só num poema isto é possível. Por isso, o livro pode ser poético. Foi isso que busquei. Fiquei possuído por esse espírito e acho que não errei de todo.
Queria também ser ágil e um pouco diferente sem ser chato. Já existem muitos escritores herméticos e chatos, não queria ser mais um em que o hermetismo fosse o principal da narrativa. Mas nunca facilitei o texto. Usei também muito a repetição. Repetia que tinha engolido um chip, que engolira um grilo e outras coisas mais. Só não havia engolido espadas. Aliás, nem gosto muito de ver mágica e magia.
3 - Você já disse algumas vezes que tem esquizofrenia. Gostaria que você falasse um pouco sobre como isso influencia a sua escrita.
Sou esquizofrênico. Tomo remédios coloridos para poder me controlar e viver da melhor forma possível. Se devo algo – e devo muito –, devo a escritores como Ruben Fonseca, João Gilberto Noll, Wilson Bueno, entre outros; eles é que fizeram eu escrever. Acho que estou indo, mas muito longe deles. Aliás, não dá nem para chegar perto de gente tão boa como esse pessoal aí de cima. De modo que a esquizofrenia em si não me ajuda; muito pelo contrário, me atrapalha. Ser esquizofrênico é muito difícil. Depois que li num compêndio psiquiátrico que a esquizofrenia é uma doença “altamente incapacitante” fiquei preocupado. E se eu piorar? Como manter um controle para escrever? Existe o mito esquizofrenia/inteligência. É um problema. Imagina o que o matemático Nash teria feito se não tivesse alucinações persecutória e ouvisse vozes e visto alucinações. Sua contribuição teria sido bem maior.
Van Gogh. não teria arrancado a orelha e talvez não tivesse feito sua obra com tamanha criatividade. Mas teria vivido melhor. Ser esquizofrênico é muito ruim e não faz de ninguém um ser melhor.
4 - Imagino que algumas das alucinações que aparecem em "Todos os cachorros" você tenha experimentado, de fato. Mas nem tudo é memória. Como surgem essas idéias alucinatórias, esse jeito no qual a própria linguagem puxa o insólito?
A esquizofrenia tem diversos níveis. Cada louco é um louco. Na minha experiência não tive muitas alucinações auditivas e visuais. Mas vivo com sensações persecutórias. Acho que estão me perseguindo e que vou ser assassinado. Convenhamos que isto não trás tranqüilidade. O que tenho é atualmente chamado pelos psiquiatras de distúrbio delirante. Para o livro coloquei um protagonista que via e ouvia alucinações. Aproveitei experiências do meu irmão Bruno. Ele é bipolar e já teve uma psicose séria. Só voltou a si graças ao eletro-choque. Ficou abobado, mas agora está normal. Misturei também as duas internações que existiram na minha vida. A primeira foi muito traumática. Fui internado com camisa-de-força. Me botaram num cubículo. Me deram um sossega-leão. Fiquei na ala destinada ao Suis. Foi horrível. Um verdadeiro pesadelo. O lugar da clínica onde fiquei era tão ruim que o chamavam de Carandiru. Mas não culpo ninguém da minha família por isso. Não havia outra opção. Amo muito minha família.
5 - Você está investindo mais pesado na prosa?
A poesia secou em mim. Eu já escrevi muitos poemas. A maioria da minha produção é disso. Mas a prosa vem me dando mais frutos. Também não consigo escrever algo um pouco melhor no formato poema faz muito tempo. Sinto que não tenho nada mais a dizer. Apesar de a poesia me tocar, eu sinto que ela está me abandonando. Fugindo. Escondendo-se de mim. Mas confesso que tenho mais facilidade de escrever poemas, um tanto ruins, é verdade. A prosa é uma coisa difícil e não me faz mais feliz. Tenho dificuldade realmente. A prosa requer uma paciência que tenho aprendido.
Tenho uma teoria boba na poesia: a de que a forma tem que ser apolínea e o conteúdo dionisíaco. Mas isso só vale para um estudo superficial, porque forma é conteúdo. Digamos que o apolíneo e o dionisíaco me abandonaram. Fiquei muito só na poesia. Percebo também que meus poemas estão meio que datados (alguns). Procuro sempre novas formas de escrever algo. Sou impaciente. Mas percebo que era melhor poeta quando tinha mais caoticidade nas minhas coisas. Hoje escrevo de forma mais simples. Nunca perfumei a flor, contudo fui simplificando demais meu texto. Também tem algo que ainda não disse. Minha prosa é meio poema. Uma elipse aqui, uma metáfora ali, e assim seguimos.
6 - E a poesia, como anda?
A poesia é uma coisa muito difícil. É complicado publicar um livro. Custa um dinheiro que não tenho. Gostaria que ao lerem minha prosa fossem procurar meus poemas. Existem três e-books sobre loucura e internação. O primeiro é “Síndrome”. Graças a este livro fui incluído na antologia feita por Claudio Daniel e Frederico Barbosa. Ela se chama “Na virada do século – Poesia de invenção no Brasil”. Foi uma vitória, porque lá estou junto com nomes bacanas. “Síndrome” é sobre a minha primeira internação. Tem uma linguagem muito particular. Pode ser encontrado na editora Virtual Books. Também por esta casa editorial publiquei “Suorpicios Mind”. Trata-se da minha segunda internação. Falei muito dela na primeira pergunta. É um texto em que há muito o hermetismo e um pouco da coisa surrealizante. O outro e-book está no site da Germina. Denominei-o de “Cataclismo”. Tem o prefácio de Sebastião Nunes que captou bem o que eu queria abordar; ele foi muito simpático. A temática é também a mesma, mas os poemas formam um conjunto, digamos, mais harmonioso e a escrita não é fechada. Gosto disso. De mudar de estilo. Sou qualquerista. Um movimento que inventei. O qualquerismo tem um integrante só. Um movimento do eu sozinho.
Mas uma coisa que queria deixar claro. Não sou médico, psiquiatra ou psicólogo. Me formei em jornalismo. Não quero ser conhecido como um chato que só fala de loucura. Nem como portador de uma boa nova. Tenho outros e-books e o meu primeiro livro impresso chama-se “Há flores na pele”. Um livro sobre amor. Afinal, o amor.
7 - Na verdade, será que é possível, ainda mais no seu caso, separar poesia de prosa?
É possível, mas não no caso de “Todos os cachorros...”. O bom deste livro é ser uma prosa sem muito limite, mais parecido com determinado tipo de poesia.
Como comecei escrevendo poemas e me dediquei a isto desde os dezoito anos, penso que é uma coisa que acontece naturalmente. Pelo menos foi assim com “Todos os cachorros...”. Mas tenho livros menos próximos da poesia. Inclusive o que estou escrevendo.
Creio que – como trabalho nesta nova narrativa com outros temas que me pedem outra escrita – este texto novo vai seguindo na direção que acho mais correta. Uma coisa mais contida. Por enquanto estou com um material de um romance de 300 páginas. Chama-se Tripolar. Serão novelas que, entrelaçadas, podem dar em um romance. Preciso trabalhar ainda muito neste novance. É como chamo este misto de novela com romance. Mas o importante é que é uma narrativa que não entra em uma categoria específica. É um híbrido, melhor, uma mixagem como se eu fosse um dj.
8 - Você já lançou e-books, tem um blog, colabora para sites, tem uma vasta produção online. Como a internet incide na sua criação?
A internet foi mais importante na minha formação do que na minha criação. Comecei publicando um e-zine. Era um fanzine distribuído por e-mail. Publicava poemas, textos e entrevistas. O nome deste veículo que escoava a minha produção era Balacobaco. Circulou por quase seis anos. Pude entrevistar diversos escritores. De alguns virei amigo. Eles me mandavam seus livros. Assim entrei em contato com boa parte da produção de literatura da nova geração. Depois veio o site Caox. Eu fazia o design do sítio cibernético. Fui um dos fundadores da revista Agulha. Colaborava como webmaster e como repórter. Mas só fiquei um número. Não gostava muito da função de web designer. Hoje em dia atuo em três frentes. Atualizo o meu blog http://lowcura.blogspot.com e faço entrevistas e resenhas para a Germina http://www.germinaliteratura.com.br e ainda edito junto com o poeta Claudio Daniel a revista Zunái http://www.revistazunai.com
Não considero que exista uma escrita específica na internet. Fica claro que o que há é um vocabulário diferente, mas ainda não chegou a influenciar tanto assim os escritores. Muita abreviação e adaptação. Creio que caberá à moçada da novíssima geração escrever o internetês em livro. Como tenho 43 anos, não fui educado com essa linguagem. O fato: existe uma nova forma de escrever no mundo, mas desconheço ainda algum escritor que trabalhe ostensivamente neste sentido.
9 - E o pesa-nervos acabou?
O pesa-nervos foi um blog criado por mim, pelo Franklin Alves Dassie e pelo Leonardo Gandolfi. Eles não estavam ainda nesta onda da rede que passou a ser surfada por muitos. Franklin e Leonardo são professores universitários, outro clima. Têm uma bagagem cultural muito enriquecedora para mim. Tornamo-nos grandes amigos.
A princípio eu atualizava o blog, já que tanto um quanto o outro não estavam enturmados com o formato. Publicávamos textos pequenos, poemas, fotos de telas, cultura em geral e poesia no particular. Aos poucos Franklin e Leonardo aprenderam como fazer um blog e então o primeiro ficou com o Pesa em http://pesa-nervos.blogspot.com e o segundo criou um chamado Robert Míssil. Todos moramos no Rio de Janeiro e mantemos um profícuo relacionamento cultural e de amizade.
10 - "O louco é muito sedutor", diz um trecho do livro. É verdade?
É uma verdade relativa. Temos que relativizar e ver que tipo de louco é sedutor. O louco que seduz é aquele que não tem conexão muito forte com a realidade e vive dentro de um estereótipo: o de usar roupas folclóricas e ter todo um aparato que o faz ser reconhecido como doente em qualquer lugar.
11 - E para a literatura? A loucura é sedutora?
Esta pergunta está ligada à de cima. A loucura que interessa é a esteorotipada. Existe muito esquizofrênico e muito bipolar que tenta e às vezes consegue levar uma vida normal e até ter uma visão crítica da própria da doença. É o meu caso. Mas o doente mental que interessa mesmo é o folclórico. Como me visto como uma pessoa normal e tenho uma articulação discursiva boa, não devo ser muito interessante para isso.
12 - Falemos sobre a produção dos loucos. No campo cultural, quais os loucos que mais lhe instigaram?
Van Gogh foi quem mais me instigou. A relação que tinha com o irmão é muito parecida com a que tenho com meu irmão Bruno. Ele é um puta companheiro. Nós nos ajudamos mutuamente. Outro que era diferente é Marcel Proust. Talvez não tivesse uma patologia forte, mas não tinha um grau de sanidade muito alto. Sua contribuição à literatura foi fundamental. Outro borderline era o Kafka. Chegou a ponto de pedir ao seu melhor amigo que queimasse quase tudo que havia escrito. Ainda bem que isso não aconteceu. Artaud vivia uma dupla dificuldade: homossexual e louco. Há muito o que falar nessa seara, mas, sinceramente, não me sinto muito capaz de falar bem disso, acho.
Saturday, December 06, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:48 AM 0 comments
DOMINGO.
Tudo é cheiro nesta esquizofrenia inoculada.
De viver cansado (e com alguém para amar)
também me canso. Este céu que eu respiro,
a quase um pulo, é todo decadência. Os deuses
todos provaram todos que não estão nem aí
para nós. Peido na farofa e sei que vou morrer
asfixiado. Tipo um suicídio quase tão presente
quanto este domingo. Quando algum efeito
colateral provocar em você (não me provoque).
Quando o quase toque vai se aproximando
sei que me afasto. Talvez não queira só um
simples contato imediato. E sim colocar na
boca coisas várias como Eros e Tanatos,
Ogum e Cristo rei: ou algum deus Inca
que não sei o nome. O que será que Platão
queria dizer ao certo não sei nada. Alguma
espada vem se esforçando para degolar-me
e a primeira coisa que quero quando chegar
é uma vitamina de banana: banana engorda e
faz crescer. Tostines só é bom fresquinho
e ele está sempre bem fresquinho e pronto como eu.
Thursday, December 04, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:42 AM 1 comments
JB ON-LINE.
Juliana Krapp, do Jornal do Brasil, fez uma entrevista legal comigo. Convido-os a darem uma olhada em http://jbonline.terra.com.br/editorias/ideiaselivros/
Wednesday, December 03, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 12:10 PM 3 comments
FOLHA DE SÃO PAULO, SEXTA-FEIRA PASSADA.
Houve um tempo em que nem todos os escritores desejavam ser Charles Dickens ou se identificavam dizendo “sou apenas um contador de histórias”. Esse tempo acabou, mas volta e meia surge alguém para lembrar que a literatura nem sempre se compõe só de historinhas contadas tim-tim por tim-tim. Não me refiro ao experimentalismo inócuo (se chamam o romance de experimental, é porque a experiência não funcionou, dizia William Burroughs), mas à porra-louquice literária e muito bem-vinda.
É onde se encaixa “Todos os Cachorros são Azuis”, novela de estréia de Rodrigo de Souza Leão. Misto de diário hospitalar com delírio quimioterápico, é um livro que tem antepassados em Lima Barreto, Maura Lopes Cançado, Campos de Carvalho e Waly Salomão. Doidão, o narrador vai parar no hospício, aonde encontra seus melhores amigos, Rimbaud e Baudelaire. Curado, funda uma religião, o Todog, e uma nova língua. “O que é a morte, mãe?”, ele pergunta. Ela responde: “A morte é uma novela da Globo, filho”. É de morrer de chorar. Ou de rir?
Joca Reiners Terron
Tuesday, December 02, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:24 AM 2 comments
E-MAIL DE UMA LEITORA.
Obrigada, VOCÊ, por me propiciar este doce delírio, assim, de maneira inusitada, depois de um dia dormindo, sob a chuva incessante, para trabalhar descansada durante a noitada adentro. Que delícia de viagem! Que doce e leve loucura!...
Vai adiante Rodrigo! E nunca perca esta reticência que nos leva longe, longe, muito além de Pasárgada, Paracambi ou do próprio Caju.
Um grande abraço, Gilda.
Amei descobrir esta linda história! E como amo agora aquele gordo garoto me apresentado por você.
Abraços “santateresianos” e daqui a pouco tem Krassik no Parque das Ruínas (de graça, a partir das 18h.) Preciso, pois, mimir...
Sunday, November 30, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 1:01 PM 3 comments
RESENHA DE AMADOR RIBEIRO NETO.
Amador Ribeiro Neto
O que é que você faz quando lê um livro, gosta imensamente dele, mas de tanta satisfação fica atordoado como o personagem principal? É o que me aconteceu depois de ler “Todos os cachorros são azuis”, de Rodrigo Souza Leão, editora 7Letras.
O livro não pé nem cabeça. E faz questão de não ter. Se você forçar a barra vai encontrar um fio mirrado de narrativa. Mas só se forçar a barra. Se se deixar levar pelo ritmo das palavras, pouco se importando com que diabos de gênero literário ele parece, vai ficar em dúvida. Ensaio? Poesia? Conto? Romance? Teatro? Roteiro cinematográfico? Rascunho? Diário? Diário de um louco? Tributo a Nietzsche? Ao José Mojica Martins? A Artur Bispo do Rosário?
Não se meta a engraçadinho querendo botar ordem no hospício das palavras esplendidamente encadeadas na estréia do poeta RSL como prosador. Prosador? Bem, é o que diz a orelha do livro. Mas, tal como os loucos, pouco ouvido devemos dar a palpites que vêm de estruturas viciadas/vigiadas. O caminho entre uma coisa e outra (seja esta coisa qualquer coisa e a outra idem) é vicinal. Como no interior do país. Como nas marginais das metrópoles.
Van Gogh cortou a orelha. O personagem principal desta geringonça de palavras não cortou nada além da lógica, da ilógica, da analógica. Deixa o leitor assim: com cara de quem tomou Haldol. E viajou. E viaja. E está aqui e agora. De repente escapa. Encontra Baudelaire, geralmente de mau humor. Cruza com Rimbaud, este mais desencanado. A modernidade dá as caras e mostra seu preço. Todog pode ser o salvador. O caminho. A saída do supermercado de sabão e cebola.
Sim: tem família no meio. Pai e mãe e irmãos. Claro: como um louco existiria sem família e sem hospício? Faz parte da cena real, irreal. É do roteiro. Do desnorteio.
O grande gancho está no fato de este texto tomar o leitor como comparsa numa levada de contrabando. Não diria um seqüestro, pois o leitor é levado porque consente. Poderia desistir na primeira página se quisesse. Mas ele não quer. Ou não consegue. O que dá no mesmo. E assim o livro vira a morada do ser-leitor.
Os cachorros azuis do título do livro não passam de um cachorro de pelúcia, inútil como todo bicho.... de pelúcia. O narrador manda o leitor lamber sabão. Ou cortar cebola. Entendeu, hipócrita leitor, meu espectador da MTV. Meu igual, meu irmão de Arrigo Barnabé. Clara Crocodilo escapuliu. Em tempo: a Terra é azul.
(publicado no jornal “a união”, de 25/11/2008, caderno de cultura, p. 20).
Saturday, November 29, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:43 PM 3 comments
Às vezez acho q vou morrer envenenado. Às vezes tenho certeza. O que me falta é o sempre para enfrentar os cheiros e a doençaa. Querem me matar.
Será que o dia que for seu
serei céu?
Friday, November 28, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:06 PM 0 comments
CINEMA.
Thursday, November 27, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:47 AM 3 comments
Wednesday, November 26, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:07 AM 1 comments
FRIO.
Quando o quando voltar
Do último lugar conhecido por mim
Estaremos juntos no fim
E no início um todo acabado
Uma lápide com meu nome, minha idade
E telefone
Que é para contatar eu como ET
Em algum lugar menos escuro do que
Seu corpo às vezes me traz o que não quero
Berro
O vácuo é só uma questão de tempo
Tuesday, November 25, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:31 AM 1 comments
LOUCO COMO EU SÓ EU.
Comeu hipófises
eletroblastos e
osteócitos. Mal
me quer celular.
Bem me quer em
arterial compasso
de espera aspirai
cocaína e caos em
hidrólise de rum.
Campeniquanum
sendonum est pó
rus day in day o
R day in and out
]open in the samba[
Cocaína e caos em
tempo de têmporas.
Maça rubra rosto.
Folha morta de nervos
de fígado bife de
fígado do bife de
fígado no olho contra
a dor de cabeça contra
os do contra contra os
contrários do contra
Sunday, November 23, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:35 AM 1 comments
.
1.Uma barra de ferro num canto
Ele pega a barra de ferro
Ela recebe uma cabeçada
Depois leva com a barra
de ferro na cabeça
e vai para o CTI
2.Quem sabe o que ele queria
Ele diz que queria um beijo
que ela nunca quis lhe dar
A barra está suja de sangue
Os peritos estão na porta
Há pegadas e o que ele fez
Arrumou a cena do crime e
ela morreu dois dias depois
Hoje ele faz sexo com o xerife
Na cadeia todo mundo faz sexo
Todo mundo é mais normal
No hospício era bem diferente
Todo mundo era animal
Saturday, November 22, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:36 AM 2 comments
SE AFOGANDO NA PRAIA DA MACUMBA.
com
flor
isopor
de
leite
ferrugem
nas
ondas
mar
de
pôr
do sol
surf
de
peito
areia
branca
ancas
de
fora
a flora
me olha
de lado
garrafas
sujas
mentes
limpas
de sal
binóculo
de
biquíni
anzóis
entre
nós
peixes
de chupeta
plástico
neura
nóia
pânico
água
agu...
ág...
Friday, November 21, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:05 AM 3 comments
A ESSÊNCIA DOS CASTRATI.
São sonhos
nada mais que sonhos
Medonhos por serem sonhos
Por serem do que somos
:
o humos
Wednesday, November 19, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 3:39 PM 2 comments
45.
Faltam 2 anos e 7 meses
para eu levar a dedada
Dizem que não dói nada
mas é q sou virgem
Dizem, todos dizem
que voltam vivos
Mas se eu gostar
e de lá não voltar?
Tuesday, November 18, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:09 AM 2 comments
BATMAN E ROBIN.
O Batman poeta
Tem um cinto de inutilidades
Por que nada o afeta
Desde a sua puberdade?
O Robim dito
Menino prodígio
Não era nem um papagaio
Estava mais para periquito
Jovem e esquisito
A quem fale que a relação
Tem que ser igual a um filme
Sem the end no final
Que nunca termine!
Só não sei quem comia quem
Ou se ambos se comiam
A verdade é que ser gay
Pouco importa
O que vale é que riam
Na cara do Coringa: uma torta
Eles comiam
Sunday, November 16, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:29 AM 2 comments
GOGH.
A aparição por si
nequan
on(m)
só fez desligar
O andador anda só
Volta no quarteirão
Algum(a) en-ig
nigção
outra
qualquer poema paira
sob
o sol a si desbota
tbm terra: cor do ofício:
amarelo
Saturday, November 15, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:40 AM 1 comments
NUM DIA DE CHUVA.
A sombra vai
pra onde vou
Ela cai
A sombra não
me abandona assim
Só tem fim
quando a abandono
e a mim
A sombra é
um bocado de coisas
Nem quando morre
ela vai
Acordar o defunto
a sombra é
um péssimo assunto
Ai, ui!. Oh céus! Oh dor!
Como tem poeta bom!
Friday, November 14, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 3:37 AM 5 comments
ANTIPENSAMENTO.
Thursday, November 13, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:17 AM 1 comments
O GLOBO. PROSA E VERSO. 8 DE NOVEMBRO DE 2008.
Estréia de poeta na prosa teve apoio de programa da Petrobras
Elaine Pauvolid
Mergulhos delirantes e frases da mais pura poesia O tom coloquial e a ingenuidade do protagonista lembram a prosa de Salinger em “O apanhador no campo de centeio”. Rodrigo fala de redenção; Holden, o protagonista de Salinger, segue trajetória oposta, ao sofrer um esgotamento mental e ser confinado numa casa de repouso. “Todos os cachorros” tem mergulhos delirantes e frases da mais pura poesia. Como quando explica por que quebrou a casa onde morava com os pais, motivo de sua internação: “(...) porque sou feito de cacos e quando os cacos me convidam, desordeno tudo”.Ou quando critica a instituição asilar: “O hospício era um lugar cheio de flores lindas, mas podre por dentro. O modelo hospício tinha que ser mudado. Mas como a minha família me agüentaria quebrando tudo?” E há questionamentos existenciais: “No dia da crise não se pode fazer nada. E o que fazer para não entrar em crise?”. E apesar de tratar de tema tão doloroso quanto o da loucura, o livro é leve e cheio de humor. Interessante notar o surpreendente final. Lembra um fato real envolvendo um dos muitos leitores de “O apanhador no campo de centeio” e um ícone da música pop.
Monday, November 10, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:34 AM 5 comments
CRIANÇA.
abismo
sinto pela boca
a propensão
ao caos também
incerta
minha mente absorta
combina com os dentes
como encarnecer
tecer novos juízos
e absintos
correr um quarteirão inteiro
atrás do vento
que se quer na frente
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:43 AM 0 comments
TRECHOS DO LIVRO & ETC.
O Portal Literal disponibilizou trechos do meu livro em arquivo pdf. Para conferir vá em: http://www.portalliteral.com.br/banco/texto/todos-os-cachorros-sao-azuis
Ramon Mello fez uma entrevista comigo. Disponível em: http://www.portalliteral.com.br/artigos/fragmentos-humanos-entrevista-com-rodrigo-de-souza-leao ou
http://wwwb.click21.mypage.com.br/myblog/visualiza_blog.asp?site=clickinversos.myblog.com.br
Friday, November 07, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 12:15 PM 0 comments
SEI QUE VOCÊS NÃO AGUENTAM MAIS FOTOS, MESMO ASSIM INSISTO.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:14 AM 2 comments
ENTREVISTA.
Wednesday, November 05, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:54 AM 0 comments
ENTREVISTA NO PORTAL LITERAL. CONFIRA.
Fragmentos humanos - Entrevista com Rodrigo Souza Leão
Por Ramon Mello
Tuesday, November 04, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:49 PM 0 comments
O CÉU ESTÁ MORTO.
Por Victor da Rosa
O olho que narra é azul e vê tudo a seu modo – na falta de nome, quase nada, água: todas as coisas azuis. Desaparece a distância que antes separava o olho e as coisas: azul. A voz assim desaparece nas coisas. O céu está morto.
Certa distorção cromática nomeia de início a primeira novela do escritor Rodrigo de Souza Leão: Todos os cachorros são azuis (7Letras, RJ, 78 páginas)– e talvez reflita de início a imagem que atravessa toda a narrativa: um cachorro azul, de pelúcia, objeto afetivo de infância, que retorna em vários momentos do livro, quase sempre como uma falta, mas se derrama também para a imaginação de um cenário deformado e delirante. “Eu não tinha culpa de ver a luz das coisas”, diz o narrador. Em linhas gerais: trata-se de um sujeito que narra sua experiência em um hospício – e, segundo as palavras de Sérgio Medeiros, que assina a orelha do livro, estamos diante de uma experiência autobiográfica.
Parece haver durante todo o livro uma variação narrativa entre o delírio mesmo e instantes de lucidez, se aceitamos esta dicotomia – e o comovente (ainda devemos pensar esta palavra em sua literalidade: como aquilo que move junto, arranca o leitor de seu lugar) é que isto não nos é representado, mimetizado por uma voz que acompanha todo o acontecimento em sua distância, e sim narrado pelo corpo mesmo no interior da experiência. Há um sujeito implicado em tudo. Desta maneira, a escrita abandona sua função de entendimento e passa a se constituir enquanto marca na página: cisão. Em outras palavras: a prosa de Rodrigo talvez não aconteça na continuidade, ou no retorno – características fundamentais da prosa - mas principalmente no corte.
continua em http://www.cronopios.com.br
Sunday, November 02, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:58 PM 0 comments
UMA PAUSA NOS CACHORROS PARA CORTAR O CABELO POR CRISTINA CARRICONDE.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:21 AM 2 comments
LOCAIS ONDE O LIVRO PODE SER ENCONTRADO.

http://www.paubrasil.com.br/descricao.asp?cod_livro=L10793
http://www.livrariacultura.com.br/
Arlequim
Praça XV de Novembro, 48 Parte 01
Centro (21) 2220-8471
Bolívar Cultural
R. Bolívar, 42 Loja A
Copacabana (21) 3208-3600
Dona Laura
Av. Vieira Souto, 176
Ipanema (21) 2522-8362
Entretexto Livraria
R. das Laranjeiras, 363 Lj. B
Laranjeiras (21) 3502-9440
Livraria do Museu
R. do Catete, 153
Glória (21) 2556-5828
Moviola
R. das Laranjeiras, 280 Loja C
Laranjeiras (21) 2285-8339
Ponte de Tábuas
Rua Jardim Botanico 585 A e B (21) 2259-8686
Prefácio
Rua Voluntários da Patria 39
Botafogo (21) 2527-5699
Timbre Livraria
Rua Marquês de São Vicente 52 loja 221
Gávea (21) 2274-1146
Wednesday, October 29, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 3:11 PM 0 comments