TRECHO DE TODOS OS CACHORROS SÃO AZUIS.

Quando cheguei em casa nunca havia ouvido tamanho silêncio no meu quarto. Havia recebido alta há poucas horas. Dessa vez o nosso carro não foi seguido por ninguém. Não via Rimbaud e Baudelaire há alguns dias. Quando se têm companhias tão fortes assim, e se tem uma vida em comum, sentimos falta dos amigos. Meu cachorro azul estava lá, encardido pelo tempo, contando muitas histórias.
Andava pela casa e me sentia um ser livre. A liberdade estava nas pequenas coisas: ver os e-mails, abrir a geladeira. Agora era preciso ser mais saudável. Abrir as coisas. Fui abrindo a caixa de fósforos. Abri o gás. Abri o fogo. Abri a caixa com incenso. Fui abrindo, abrindo, abrindo como se estivesse abrindo e descobrindo as coisas pela primeira vez. Parecia que tinha ficado um século fora de casa. Estava tudo igual, mas diferente.
Era uma borboleta borboleteando pelo campo minado, pela zona de força, pelo local onde ocorreram todos os meus escândalos. Estava de volta à minha vida.
Botei uma pizza no forno. Finalmente, ia comer alguma coisa que me apetecia. Devorei a pizza feito um viking comedor de codornas assadas. Depois, deitei-me pra dormir.
Os remédios me faziam tremer e babar.
A noite chegou veloz. Bati um prato de legumes e salada, de lanche. Fui para o meu quarto e dormi.

Friday, October 17, 2008

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