O PUMA.

1
criar é espetar o silêncio
ouvi-lo gritar de dor e continuar
a tirar do ar: o silêncio

nunca me ouço quando escrevo
a não ser quando não sou, sou
se sou alguma coisa não é pra mim

eu sou um nada cheio de nadas
e cortes e nervuras e tonturas
que me torturam e a quem me lê

escravo do que digo: não me esquivo
no que sei pois se sei nada: tudo serei
breve encanto no olhar do puma

breve vôo de chão da pluma

2

no olhar do puma
há um desejo enorme
pelos bolos pullman

no olhar do puma
algo que me guia
como um ima-

nhã

no olhar do puma
um desassossego
como um olhar fóssil

filho do inexato
no olhar do puma
que me olha dócil

mente

quer olhar pra mim
para burilar-me
no infinito suado
daquela chuva

pois quando me atacar
que azar

darei asas ao quasar

fugirei do puma
sairei dessa para uma

mônada melhor

Friday, October 10, 2008

3 Comments:

Anonymous said...

o puma é a pluma dos seus poemas
você é poeta não se negue
mergulhe no olhar do puma
você e ele são um poema

Cássio Amaral said...

DUAS PALAVRAS SÕ:


DU CARALHO

jorge vicente said...

uma palavra apenas: GENIAL.

você é muito bom, rodrigo.

um grande abraço
jorge vicente

 
Wordpress Themes is proudly powered by WordPress and themed by Mukkamu
Templates Novo Blogger