Eu encontro muita dificuldade em publicar livro em papel. Acho que a culpa não é das editoras e sim do conteúdo de minha escrita. Eu aproveito este blogue e outros espaços (na internet) para divulgar o meu trabalho. Na revista Germina foi publicado um livro inteiro chamado Cataclismo. Tem o prefácio de Sebastião Nunes e pode ser lido em http://www.germinaliteratura.com.br/booksonline_rodrigo.htm
BOOK.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:00 AM 2 comments
POEMA E FOTO.

EM LUGAR ERRADO.
No fundo (bem no fundo) não existe nada.
Só uma empregada varre a casa e
Ela sabe que o ato de varrer é de uma empregada
(SERÁ QUE ELA SABE ISSO: que o ato de varrer
é o de uma simples empregada). Ou Ela não se acha nada.
Sei que lá no fundo dela está de mãos dadas com um amor.
Todo mundo quer um amor mesmo com raiva. Todo mundo
quer numa rave um amor. Ela não diz para ele o que Ela é.
Talvez porque saiba que é muito mais do que ele e
ainda (bem no fundo) que ele também não é nada.
Então mais uma noite passa de mão dada. Mãos aneladas
no silêncio de beijos. Ela pede um sanduíche de ricota.
É o que de mais sofisticado conhece para não transparecer
que ele está de mão dada (numa rave) com uma empregada.
UM COQUETEL DE FRUTAS. UM COQUETEL DE DROGAS.
Um coque na cabeça dela. Tudo ali a faz feliz. Mesmo estando
por um triz. Ela pensa em ser atriz e parar de varrer chão.
Ele coça o seu culhão enquanto Ela toma todo o cuidado
para não lhe mostrar sua verdadeira identidade. A vida é
uma falsidade. Mesmo. Eles se beijam com raiva na rave.
O som eletrônico e o êxtase estão próximos. Quem sabe
a felicidade é aquilo mesmo: um homem, uma mulher e
uma noite apenas. Porque no fundo (bem no fundo) Ela sabe
que eles nunca mais se verão. Que pertencem (bem no fundo)
a um mundo fora desse mundo. Um lugar qualquer onde
um homem e uma mulher podem ser menos que uma lata de lixo e
mais do que um discurso prolixo de um homem bom.
Wednesday, January 30, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:08 AM 1 comments
O DADO DE SETE LADOS.
Psiquiatras vêem doença em tudo.
No azul do veludo
de uma neurose:
numa operação de fimose.
Por osmose
(numa réplica de crocodilo)
vêem o Murilo.
Mendes é o nome dele.
Vêem a Paranóia (de Piva)
e os sete cantos de um dado imaginário.
Podem me chamar de otário:
no sentido horário
e no anti-horário.
Podem cristalizar o Tempo
e catar o vento:
botar a pica pra subir numa aranha
cremosa:
só porque as tarântulas são Negras
como o véu da viúva: que Ivo viu
a uva.
Tuesday, January 29, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:46 AM 2 comments
NUNCA.
Ser dois
Estar ao mesmo tempo
Em dois lugares
Ser um
Estar em nenhum
Monday, January 28, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:32 AM 2 comments
PRATA REJEITADA.
Eu ficava sempre em segundo lugar
Até q fiquei em terceiro
Recebia seus beijos e ficava contente
Até q fiquei em quarto
Troquei as medalhas por um diploma
Fui para Roma
Lecionar espadas
Perdi todos os seus beijos
Voltei e caí pra quinto
Cada vez mais longe do pódio
Tive que conviver com o ódio
Cai pra sexto
Sétimo
Oitavo
E logo não estava nas finais
Parei com tudo
Deixei de escrever sob a cicatriz
Passei a nadar em outros papéis
Virei comentarista
Técnico
Crítico
Mas nunca fui o primeiro
Queimo hoje as fotos do passado
De sempre eu em segundo
Quis matar o mundo
Só fui campeão de alucinação
Nunca de natação
Saturday, January 26, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 1:18 PM 3 comments
DOIS POEMAS.
Reticências
ponte
para ir
e voltar
pontos
paralelos
:
infinito
...
Longe da badalação
Longe da badalação
Meu caralho
Vai de vão em vão
Deixando pingos
Na latrina
E sêmen na Irina
Friday, January 25, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:42 PM 3 comments
*
OS ÚLTIMOS ÍCAROS
As pombas voam com seus cocos
As bombas voam com os aviões
O único homem que voava era o super-homem
Talvez deixasse peidos pelos ares
Hoje os únicos vôos são os últimos
Alguns atingem alvos móveis
Por que me querem tão parado?
Alucinado pelos contornos de um corpo
que nunca eu usei: o meu próprio osso
Thursday, January 24, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 10:35 AM 2 comments
ESQUINAS.
Há um céu que se divide
Entre azul e cinza e nuvem
Há carneirinhos em seus cabelos
E lésbicas rodando bolsinha
Na manhã de minha sopa quente
Há barbitúricos e cocaína
No clitóris da paisagem
Há uma engrenagem nuance
Entre azul e cinza e nuvem
Há um céu que se divide
Monday, January 21, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:45 PM 3 comments
Em cima do homem há outro homem
Em cima do cadáver dela
Há uma cadela
Em cima da luz existe o teto
Que vem vindo
Em cima da cama estou eu que vejo tudo
E nada sei
Em cima de mim está ela
Que berra
Grita pro silêncio que a escute
Grita para mim que a respeite
Simples mente grita porque para ela falar é gritar
Em cima do criado mudo há um livro aberto
Em cima da escrivaninha o diário
Do lado da porta uma janela
E alguém caindo
E gritando
Enquanto isso duas joaninhas comem açúcar
Três mulheres conversam sobre a menopausa
Toca o telefone
Em cima da cabine de telefone
Há nuvens que se ausentaram a tarde toda
Há um céu inteiro espatifando-se sobre nossas cabeças
E ninguém percebeu que é feriado
Que há crianças recebendo o corpo de Cristo
Enquanto esquizofrênicos só fazem repetir a mesma frase
A mesma dor
A mesma aurora
A mesma deformação dos sentidos
Porque tudo é assim mesmo
E só estará em baixo
Quando nos abaixarmos
Para olhar as formigas que carregam o esqueleto de um anjo
Uma asa tatuada no peito
Uma aurora inteira pra voar
Outro dia foi que se jogou
E só hoje descobriu que não sabia voar em dias como este
Onde tudo desaba escada a baixo
Como se pudéssemos saber tudo sobre qualquer coisa
Tão burocrática
Quanto lhe beijar agora
Neste silêncio que a tudo escuta
Quem foi o filho da puta que disse que tudo ia acabar depois
Depois veio o depois e pior que depois veio o pior
Que é cercar o nosso infinito com cacos de vidro
Para contarmos nossos pedaços que ficaram na tradição
Acima de tudo
Morto mar morto: mortinho da silva
Sunday, January 20, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:48 AM 1 comments
MUTILAÇÃO.
Meu tio
Morreu
Dentro
De minha avó
Para ela
Virei
A encarnação
Do filho
Que perdeu
Sinto que perdi muitas vidas
Menos esta
De sofrimento
Sou masoquista
Bem no fundo
Gosto de chorar
E gozar
Com o teto
Gosto de me olhar em algum espelho
Que me distorça tanto
Que eu me pareça com quem sou
Friday, January 18, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:58 AM 4 comments
TUDO QUE NÃO QUERIA DIZER.
Mamãe já não me mama
com seus dentes
E suas unhas de acetona
Papai me olha de lado
Usando uma loção pós-barba
Quantos cheiros à vida têm?
Eu fiz todos os deveres de casa
e caminhei feito um horizonte
Sobre a manhã
Por que
quis cortar os meus pulsos
e não minha língua
Quis fazer um arco-íris
no meu quarto
e só consegui o silêncio
das sirenes vermelhas
Por favor me levem para
morrer no hospício
Queria rever o seu Cid
e queria ver todos aqui felizes
vendo as moscas avançando
Os meus pedaços ainda tenros
ou o que existe além deste
filho da acetona
do álcool
da cola de sapateiro
Durante muito tempo não agüentei
nem a cor da cola de sapateiro
E quando o Guga entrava na quadra cor de telha
eu mudava de canal
Mas o cheiro pavoroso da morte também inebria
como eu queria agora beber
um gole de cerveja
e jogar meu carro num banco da Duvivier
Eu queria chorar de morrer
Eu sei que vou partir
E um homem, porra, ia falar
que um homem é saber morrer
Mas o Homem é o oposto
Um homem é não saber morrer
É beber do álcool do lança-perfume
É virar as drogas que querem lhe drogar
É ser o seu próprio sangue
É porra nenhuma
É uma fatalidade de lugares-comuns
e eu não escrevi nada de novo em minha vida
Sequer soube morrer
Durante três dias me deitei em mim
Era um chafariz
Defequei pelo meu quarto
E fiquei com pena de minha mãe
E suas belas mãos de acetona
Fiquei com pena de meu pai
e amei a todos aqueles que me proporcionaram esta experiência
porque dar um tiro na testa é como ejacular sem sêmen
e como vencer sem sangrar
e sem sofrer
e ter vindo à vida e não ter visto que existe anus para defecar
o pênis para gozar
*Esse poema foi escrito faz muito tempo, mas as coisas não passam. Voltei a sentir cheiro de tudo e principalmente o cheiro da morte.
Thursday, January 17, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:26 AM 4 comments
4 POEMAS PEQUENOS.
Eu podia te amar eternamente
Como quem mente
AMOR
Tá tudo bão
ANTI
P´ra que o vício
De precipício
P´ra que o início
Do velho início
P´ra que hospício
COMO ELA FALA
Ela falou muito muito muito muito do seu ex-namorado
Falou muito muito muito de tv
Falou muito muito de cinema
Falou muito de livro
E nada de si
Tuesday, January 15, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 1:36 PM 3 comments
macacossáuro rex
eestou no centro
comendo o meu eu
eu sou um macaco
a caca do macaco
e a minha cacamá
quando eu sou eu
macacoe caca são
são quando eu má
caco de imitação
quando eu sou eu
eu sou um macaco
comendo o meu eu
Monday, January 14, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:49 AM 3 comments
de quando em quando.
perdi o controle
remoto
quebrei a estante
buscando
a caixa preta
de meu eu
guarda segredos
de quando me matei
Saturday, January 12, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:34 PM 2 comments
OVO COR DE ROSA.
Achar que a casca é a gema
Fazer uma confusão de fato
e do poema uma algema
Criar algumas cicatrizes
como animais domésticos
Saber que a casca é delicada
e no fundo é algo hermético
Ir tirando a casca com calma
como quem arranca a própria alma
devagar feito um pelicano
Comer a gema de quem amo
Friday, January 11, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:12 AM 3 comments
COPROFAGIA D FIM D MANHÃ
1
albina manhã crepom bom
presa dentro de mim stá
quantidade de devir uma
que o dever de se abrir
deforma o existirdentro
defeco isso aqui fora d
tão presa prisão eunuca
em que o ventre padrãox
ao invés de se esconder
insiste em trazer vendo
um quiabinho pra você e
se deleitar e comer com
2
aqui Palavra alguma foi
hoje tudo é considerado
dourado feito o peixinh
ooooooooooooooooooooooo
aqui palavras suntuosas
perdem a suntuosidade e
pernoitam ao lado d aço
a solidão os pastéis em
algum idioma deixarão d
ser de queijo ou d cama
rão
quantos ao para o fim d
alguma palavra ou palav
rão
3
eu nem
vc tbm
estive
com os
stives
assime
perito
sintod
Thursday, January 10, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:21 AM 2 comments
DESAPAIXONADA.
Ter dente da frente torto
A menina tinha
Tinha um arco-íris que despencava
Pela tatuagem dos seios
Tinha engrenagem
Ao invés de cabelos
Só não tinha aquilo
Que era me querer como um rito
Como quem olha o seu infinito
Sem precisar de óculos de longe
Olhando nos olhos
Tuesday, January 08, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:39 PM 2 comments
MULHER BARBADA.
Seu corpo
É a escada por onde subo
São as digitais que deixo
Seu queixo
De gueixa
Tem alguma barba
Isso não lhe estraga
Sunday, January 06, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:38 PM 3 comments
O NORMAL SERIA IGNORAR AQUELE CARA QUE ME MANDOU TOMAR NO CU.
Se eu não gosto dele
Eu mato ele
Eu dou uma facada
Eu dou um beijo
Eu fecho a cara
Se eu não gosto dele
Eu jogo uma bomba
Eu dou um abraço
Eu cuspo em sua face
Eu como a bunda dele
Se eu não gosto dele
Eu não falo com ele
Eu jogo um scud dentro
Eu ponho fogo nele
Eu mato devagarinho
Que é pra eu achar que
Não matei
Que não fiz nada de errado
Que não pequei por Deus
Eu não sou um filho da puta
Saturday, January 05, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 4:40 AM 2 comments
UM QUASE-POEMA.
ornado em flores pela noite
a noite é só uma sutileza
que eu não entendo
estrelas são flores no deserto
do mar de assalto sou tomado
tempestades nuas de favores
me dão certas certezas
a de que tudo é tão possível
mas prefiro acabar aqui
do que continuar existindo
num poema por existir
Thursday, January 03, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 3:23 PM 2 comments
PARECE QUE VAI SER PRA SEMPRE.
Wednesday, January 02, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:43 AM 0 comments
É DEVER DEVIR.
Clarabóia bóia no veludo da luz
Ilumina minhas noites de cemitério
Ilumina o sono dos dias pardos
Em que naveguei nos seus mares
Aonde encontrar a terra sagrada?
Singra na mata a luz veloz
O velô de Marina anda devagar
O tempo não escolhe passagem
A clarabóia não escolhe luz
Tudo é devir, assim falavam.
Tuesday, January 01, 2008
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 3:18 PM 2 comments