FANTASMAS

Fotos desbotadas
Feridas na pele da alma

Tuesday, January 23, 2007

PRONTUÁRIO

Fico pensando nas pessoas que catalogam pessoas. Que dizem: este é isso e aquele é aquilo.

Fico pensando que sou um bicho-grilo na barriga de um jovem de quinze anos.

Eu engoli um grilo um dia desses, faz tempo. Foi a primeira vez que disseram: esse menino é doente e devia freqüentar uma escola especial para doentes como ele, que são um perigo para a ordem.

Fico pensando em quem disse que ele é esquizofrênico. Fico pensando se a doença está nele que viu ou nele que via.

Fico puto de a vida de duvidar de diagnósticos. Mas às vezes é melhor acreditar do que andar em círculos.

Porque as pessoas que catalogam pessoas não existem para o mal. No fundo catalogam para o bem.

Você, meu filho, é que é incatalogável.

Todo mundo sabe o fardo que você é para a família.

Precisamos de um nome de doença para pôr no prontuário. Que tal dizer que é síndrome de alguma coisa paranóide?

Que tal não esconder que não é letal?

Morre-se com isso e talvez morrer não uma má idéia.

Sunday, January 14, 2007

AINDA BEM

Hoje em dia, quando alguém está doente, a família chama a polícia.

A polícia vem e bate um papo com o cara. Se for preciso, colocam a camisa de força.

Eu não tinha como resistir: eram três tiras mais fortes do que eu.

Eles me levaram junto com o meu irmão. Acharam que eu não tinha nada, mas meu pai sentia um medo danado que eu fizesse alguma loucura

Mas eu era um perigo só para mim mesmo.

Do meu começo podia sair o fim, mas eu não quero rimar pobre com nobre em versos de impacto, só quero um pacto entre mim e você.

Eu jamais poderia dizer que só faria mal a uma mosca. Eram centenas e centenas delas, e matei algumas por prazer.

Saturday, January 06, 2007

 
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