um but por dia
é o mínimo
em micro companhia
*
enamoradas
as nuvens cinzentas
apagam o sol
*
Poeira na soleira
Ratos em briga
Por alçapões
*
cuspo
pro alto
guarda-chuva
é pra isso
*
narciso era
no fundo
do lago
uma mariposa
*
arde
oceano selvagem
flama onde plana
a nau da palma
de minha mão
*
urubus sobrevoam
restos deteriorados
de amores eternos
*
decorrerá uma vaga
até que o a noite volte
a afogar o sol
*
a chuva nua
sempre transparente
nunca reticências
*
a vela se apagando
as sombras crescendo
quantas auroras em mim?
*
a tatuagem do sono
na nuca da noite
pesadelos coloridos
*
no polígono das reticências
a seca é o ponto final
morder o silêncio
é como afagar a mentira
cada lóbulo se vicia
*
o violão ancorado na parede
produz sombra, não som
na partitura do trem das 11
só amanhã de manhã
*
tudo como estábulo
tudo como estabelecido
tudo quando estátua
*
a poesia da montanha
na lentidão de sua passada
de tão pesada é uma mortalha
*
a fumaça do cigarro
no copo de uisque
algum sol que me engula
nevoa, nuvem ou bruma
*
quanta luz se perde
no buraco negro
alçapão de estrelas
*
o ipê dourado
ao pé do beija-flor
mestre-sala dos ares
*
jim light my fire
lança suas chamas
esculpindo rum
nos cubos de gelo
*
zen não
na inflação de tempo
a overdose de nada
*
beijo seu beijo
um só batom
*
proteção de tela
sempre o mesmo céu
ruwindows
*
pop
pula
acho
sou
soul
fui
*
abro a janela
só o verde sabe
como me invade
*
zípei o antivírus
e me gripei
*
zíper se abrindo
fisgando o ereto
terSol
nublado
*
também o asco
homens quando queimam
têm cheiro de churrasco
*
de tanto ler
explodo em reticências
eternamente burras
*
o fogo baila
bailarina brisa
tortura olfativa
banheiro de rodoviária
*
o anjo negro esbarra
no anjo branco
falta, apita deus
*
sal
e o sono é uma morte
que a vida desperta
pitadas de rascunho
preparam arte final
*
o suicídio do sol
o sol desaba
nunca mais aurora
*
vã pira
em vão
piro
*
as veias da manga
nos dentes da frente
amarelo-vampiro
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