Aquele número telefônico. De vinte anos atrás. Aquela série de seis números. Aquela esperança de te encontrar um dia. Voltou tudo. Mexia nas gavetas e encontrei aquele guardanapo. Pedaço. Ponte entre mim e você. História que não aconteceu. Um beijo apenas que nos separou. Tudo voltou. Por um segundo. Por um minuto. Tudo apareceu de novo. Como se existisse algo ainda entre nós. Algo como aquele beijo. Aquela noite de beijos. O número estava lá para ser digitado e liguei e você não estava lá. E o telefone não era mais seu e por que eu havia encontrado aquela memória naquele dia? Aquela circunstância. Eu liguei de novo. Percebi que não sabia seu nome. Você podia ter filhos. Família. Marido. Namorado. Percebi que tudo só podia ser lembrança. E fogo ardendo agora para que o nunca mais esteja entre nós. Eu queimei o guardanapo e enquanto via o azul do fogo e o amarelo Gogh consumindo o meu passado com você, percebi que você era minha musa. A mulher que sempre quis. A mulher que não falou comigo. Só me beijou ardentemente enquanto uma banda de roque tocava. Uma banda que eu gostava e você também. Será que você ainda gosta? Eu não gosto mais. Tudo mudou e nada mudou. Os cabelos brancos no peito que estão subindo pela barba e descendo pelo púbis. Tudo é o nosso desencontro. Como se nunca existisse um nós. Não. Existiu. Por uma noite. Algumas horas. Éramos tão jovens que nem percebemos que aquela seria a nossa primeira e última vez. Finito como um eletro-choque. Puro. Fim. In.
2 Comments:
meu amigo,todos os homens de alma sensível imaginam aquele amor definitivo,profundo,eterno e jamais realizado, e eu nunca esqueço aquele amor imprevisto de apenas uma noite, e de tanto pensar nele não sei dizer se aconteceu ou apenas o desejei
digão,
parece até meus desencontros.
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