Minhas mãos são muitas mãos que vejo
Ali me jogo no próximo abismo
Enquanto você esmaga meus calcanhares
Tropeço em sua boca de miragem
Mas neste exato momento pinto um oceano
Com os restos da noite que virá
Tropeço em meus mindinhos de miniatura
E chupo o polegar como que ávido
Por pôr em você o meu sistema
Por colocar a seu serviço mecanismos que me aquecem
Nesta noite fria que virá
Com furacões nos lábios azulados de batom
Então me diga se é dessa vez pra eu me preparar
Com todos os infinitos ínfimos que tenho pra dizer
Porque de nada vale estar vazio e sem tempo
Com tanto tempo que o esperar me traz
Me traz algum doce em sua baioneta de saia
Digo que lamberei sua vulva acrílica
E que seu ventre cristalizado trará um filho
Feito de saliva e sêmen um pouquinho
Um pouquinho de adeus nisto tudo
É que não gostaria mais de falar com você sobre ele
Mas somos sem tão assunto que já falamos tudo
Sobre tudo que está a nossa volta
Se tudo gira e nós giramos na dança dos dias
Somos pegos por anzóis e vistos por submarinos nucleares
Há tanto botão para apertar em teu corpo
Que o amor de robô me atrai muitíssimo
Enquanto teclo me devoro: há um outro duplo para tudo
Me aguarda então farei as malas
E surfarei mais um trem para lhe ver chorar um pouco
Sentindo os espasmos e as contrações de todo o cosmos
Que iremos formar daqui pra frente
Que se foda a chuva muito forte
Que se foda o vento nos meus olhos claros
Estou vestido com a minha melhor roupa
A espera de uma amiga que nunca virá
A espera de um amor que nunca existiu
I JUST WAITING ON A FRIEND.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 10:13 AM
1 Comment:
não há quem não imagine
o pior da vida
nem que a mulher amada
ame igual ou mais do que é amada
todos os sexos extra
e os qua a natureza aceita
se alucinam com o impossível
e o impossível é terrível
e sendo terrível por ser impossível
é esperar a inversão térmica
e surfar no oceano de merda
e esperar o tsunami pra limpar
a praia, o mar, a terra
recomeçar é o que se espera
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