Tensão nas trevas do meio dia. Algum trocado balança no bolso. Alguma esmola que foi dada. Alguém de mãos arregaladas. Uma crosta de sujeira nas extremidades dos dedos. Cata o feijão. Depila a bunda de uma cenoura. A costureira costura um bolso dos fundos. Algum sonho me acorda e ainda tão cedo estou caindo de mim mesmo. O barulho da cama acorda seus gemidos. Nunca fui mais ao barbeiro. Minha juba está cada vez mais os cabelos da medusa. Quanto mais corto mais nasce cabelo. A baba do quiabo é nojenta e viscosa. O arroz virou uma papa. E continuo a cair de mim. Só posso cair de mim. E me escorrer pelos degraus feito líquido. Me dissolvo num bueiro nas portas do edifício. Alguém está varrendo a calçada. Levando – com uma ducha de água – uma poeira para o ralo. Quanto gasto com o que sobrou de meu corpo.
CREMAÇÃO LÍQUIDA.
Tensão nas trevas do meio dia. Algum trocado balança no bolso. Alguma esmola que foi dada. Alguém de mãos arregaladas. Uma crosta de sujeira nas extremidades dos dedos. Cata o feijão. Depila a bunda de uma cenoura. A costureira costura um bolso dos fundos. Algum sonho me acorda e ainda tão cedo estou caindo de mim mesmo. O barulho da cama acorda seus gemidos. Nunca fui mais ao barbeiro. Minha juba está cada vez mais os cabelos da medusa. Quanto mais corto mais nasce cabelo. A baba do quiabo é nojenta e viscosa. O arroz virou uma papa. E continuo a cair de mim. Só posso cair de mim. E me escorrer pelos degraus feito líquido. Me dissolvo num bueiro nas portas do edifício. Alguém está varrendo a calçada. Levando – com uma ducha de água – uma poeira para o ralo. Quanto gasto com o que sobrou de meu corpo.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:17 AM
1 Comment:
entrar pelo cano
acontece não por engano
é coisa normal
é coisa banal
não se aflija
vai ressurgir em outra vida
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