A mente esquizofrênica não funciona bem e boicota, sem os remédios, o tempo todo. Com remédios ficamos bem. Leves e tranqüilos para o mundo, que é muito bom. Fora as pessoas que não valem à pena, estas manter distância torna-se necessário. Positive Vibrations.
Tudo é pequeno.
Tudo é pequeno
A fama
A lama
O lince hipnotizando a iguana
O que é grande
É a arte
Há vida em marte
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 11:42 AM 8 comments
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Entendi o funcionamento do cérebro humano.
Um duplo sem fim
Algo diz sim e algo diz não
E vence sempre o sim
Se a mente for um cetim
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:54 AM 0 comments
MELHORA.
Tudo é uma criação da mente
Um poema ou um poente
Tudo tem um forte sentido
Quando não se oprime o indivíduo
Alguém soletra uma distância
A distância separa os fatos
A verdade não é tão necessária
Já que Heráclito já morreu
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:20 AM 0 comments
Pai-Nosso.
Um homem alto e forte apontava uma arma sofisticada para a cabeça de um senhor nos seus oitenta anos. O homem alto e forte tremia. Suas veias pareciam pular da face como que armadas também. Ele vociferava e pedia ao velho que passasse tudo, que desse tudo, que fosse o mais rápido possível, que tudo estava por um triz. O velho calmo e com atitudes lentas de velho, pedia que o homem alto tivesse calma, que o homem alto não atirasse, que passaria tudo que tinha para ele, pois a sua vida era importante. O homem alto e forte tirou o relógio do velho e a camisa e o suspensório e a calça e a carteira. O velho ficou só de cueca enquanto o homem forte contava o dinheiro e queimava as roupas do velho. O homem alto e forte que havia roubado tudo do velho deixou-o caído depois de um soco e sumiu nas esquinas seguintes. Quando eu encontrei o velho, quis saber o porquê de ele estar rezando naquele momento se havia sido roubado e todos os seus pertences foram levados pelo homem alto e forte. O velho me respondeu que rezava por si mesmo, pois era ele, velho, quem poderia estar no lugar daquele homem alto e forte.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:34 AM 0 comments
Madalena, Madalena.
Estudar era coisa muito importante para Madalena. Ela havia conseguido o crédito educativo e fora a melhor aluna do curso de jornalismo. Tanto que dois meses antes da formatura já havia conseguido um lugarzinho no Jornal do Brasil. Dona de um texto no qual o adjetivo que ia escrever aqui só reduziria a sua qualidade, Madalena gostava de estudar e foi a única que se formou em três anos e meio e com todas as médias superiores a oito. Eu conhecia muito pouco Madalena e não fui de sua turma. Soube que ela colou grau sozinha e que um dia depois de formada, ao atravessar a pista dupla da Avenida Brasil, em frente ao Jornal do Brasil, foi atropelada por um caminhão da firma de relógios Tempo.
Wednesday, June 24, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:13 PM 0 comments
Direitos.
Deveres humanos são direitos quando um míssil percorre o azul do olho de uma criança que suspira um horizonte de chamas. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. A humanidade cinza de quem desfigura um índio na calçada e joga as tranças de Rapunzel pela janela da própria boca. Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. A quem reclama da fraterna esfera celeste, aquela abelha redonda de bola de fogo e aquele cão de sutiã. A quem pede ao fogo que decalque mais rapidamente os galhos em que os saguis se acostumaram a tomar Fanta uva. Nega a si mesmo o dever de seguir no caminho traçado pelo esboço do que foi o seu almoço e ilha seu eu no paradoxo mais perto porque tudo parece muito bem empregado neste cemitério. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. De que adianta sobreviver na estrita terra que leva tuas mãos ao marasmo do armário cheio de roupas cuidadosamente arrumadas por um personal arrumador de roupas. Há personal para tudo. Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Há um nascer e um morrer todo dia, há o existir e há um elixir para o existir que é o bocejar. Paz cão. Peace Dog. Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Entre os dois irmãos que lutam pelo poder, foi o que cuspiu no outro que morreu primeiro. Foi o primeiro que morreu primeiro. Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica. Advogo em situações difíceis como a sua. Mas não dá para trazer o horizonte para o mar e nem levar o vice para o versa. Versa versejar o pouco de vento ainda e respirar ouvindo um átomo de colibri girinascendo. Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito à proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Nelson ficou preso uma porrada de tempo, levando cordas para o seu suicidador suicidá-lo na dor mais torturante. Toda pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. No olhar de mamãe há um saco de boxe, e dizem que sou eu que dou o soco nela todo o dia. Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Os padres rezam com a fé de que o céu nunca pode cair sobre suas cabeças. Tudo é possível, até na impossibilidade há a segurança de que tudo é impossível. Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida seus direitos e obrigações ou as razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. Num sei, quem julga é Deus e virá para os vivos e os mortos. Os mortos, coitados dos direitos dos mortos. Toda pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. Até os mísseis que olhavam Cuba com bons olhos beberam naquele dia em que Fidel engoliu-se de falar. Fidel estava Castro ainda. Castrando. Mas será que saber que está sendo Castrado é melhor do que acordar castrado? A ditadura do invisível é invencível. Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o ato delituoso foi cometido. Cláudio Manuel da Costa era maior do que o espaço que foi enforcado. Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques, toda pessoa tem direito à proteção da lei. Há programas do Gugu que salvam uma pessoa por semana enquanto o resto come a mão ou a colher com sal. Toda pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. O mundo em Ibiza. Toda pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. Londres e seu fog nunca voltaram a quem foi e alguns ficaram em Londres, e pior os que Brasil na testa escrito tiveram que ser brasileiros. Toda pessoa sujeita à perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar-se de asilo em outros países. Baby, eu dormi na praça pensando nela. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Nobel foi o inventor da dinamite. Todo indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. A nação rubro-negra é católica e canta hinos bonitos. Eu sou mengão com muito orgulho, com muito amor. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. Nunca quis ser americano. Nem torcer pelo Botafogo. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. Um amigo que nunca foi amigo me mostra a foto da mulher nua e pergunta se ela é gostosa. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado. A Fat Family vai tocar no Canecão. Toda pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade. A Igreja é a maior detentora de terras, e os cemitérios deveriam ser no Egito vivo. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. Quem é o proprietário dos meus sentidos? Quantos sentidos têm a vida? Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. Eu comunguei quando pequei e depois disso só pequei! Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão. Viva a lista sem discussão. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. Ninguém pode bater num homem de saias. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. A carteira de sócio-atleta federado está sendo vendida por quinze mangos. Toda pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. Toda pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. Se o porteiro pode votar pode ser poeta. Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país. Eu não sou profissional da escrita e nem quero ser. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social. Toda pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. Os meus interesses são o de ficar mais rico do que o mais rico dos riquinhos e peidar dólar. Toda pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e às férias periódicas pagas. Das sete às dezenove horas papai trabalhava no Hospital X e depois ia dar plantão no Hospital, e um dia perguntei quem era aquele homem que dormia com mamãe e era pouco visto e era ele mesmo. Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. A maternidade e a infância têm direito à ajuda e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social. Engraxa o sapato da cola. Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos filhos. Pode escolher entre educar em Esparta ou Atenas? Eu estudei tanto que hoje sou burro. Toda pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. Principalmente os chatos como eu. Os chatos como eu são chatos. Toda pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração. O espaço, a fronteira final, estas são as viagens da Enterprise em busca de novos mundos, audaciosamente indo onde quem sabe o mal não existe por detrás dos corações humanos. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades, ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Carcará pega, mata e come. Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados. Acabaram com o World Trade Center e deixaram a estátua da liberdade intacta. Os loucos têm seu céu particular. O meu dever é sempre fazer a lição de casa, e um bom menino não faz pipi na cama.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 11:22 AM 0 comments
TELA FAMÍLIA UNIDA. POEMA.
Minha mãe não gosta que eu pinte cruz, mas eu pinto. Diz que quem pinta cruz carrega uma cruz e eu não carrego, rs? Julia me levou pro Parque Lage. Um local de gente muito bacana. Esta vai para todos os amigos que fiz lá e pra ela que é muito minha amiga.
PARQUE LAGE.
À Julia
Os olhos da menina são da cor
Da piscina
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:50 AM 0 comments
MEU PAI QUE NÃO ESTÁ NA FOTO.
Comi distância nas pálpebras
Fechadas de minha razão
Pude sentir a minha Loucura
Sempre sorrindo de dentadura
Oro aos sãos que me querem
Tateando o Horizonte dentro
Daquela noite eterna
Em que me deitei em mim
Pra sempre quis estrelas
Quem sabe irei ser um dia
Aquela que adiante guiará
Meu pai no mar da poesia
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:41 AM 2 comments
FAMÍLIA É TUDO. O NADA ACONTECE. MINHA TIA RITA. MINHA MÃE SYLVIA. MINHA IRMÃ DULCE. MEU IRMÃO BRUNO. EU SOU ELES.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:30 AM 0 comments
VIDA.
A mim foi negado tudo.
Até o absurdo.
Monday, June 22, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:36 PM 0 comments
O mendigo.
As nuvens flutuam nos olhos do anjo
Alguém sabe que ela esbanja crepúsculos
Também o antipoder de conter a si em asas
E mascar as auréolas da realidade nua
Às vezes ela freia a bondade que esbanja
Para tocar a sua flauta divina em âmago
Ela só pode ser o que ele foi e é
E foi bom, pois naturalmente era assim:
Nem todos os anjos são bondosos
E a bondade pode ser uma praia nua
Ou uma mulher tão vazia quanto eu
Eu apenas fui bom como eu sou
Mas a bondade não é genética
Saber que meu filho pode cuspir na cruz
É o que me apavora muito mais
Do que a falta do dólar para o lanche
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 5:35 AM 0 comments
.
A gente aprende a ser bom
O mau nasce
Sunday, June 21, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:29 AM 0 comments
LOUCO.
Já fui gordo. Já fui magro.
Já fui ego. Já fui id.
Já fui o que quis e o que não quis.
Já fui muito. Já fui pouco.
Hoje tenho a sensação
que não passei de um louco.
Saturday, June 20, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:13 AM 2 comments
AQUI 2.
Sou maldito de boutique
Mendiguei no meu quarto
Na sujeira das cinzas
Entre latas de cerveja
Fiz de toda a prisão
Um poema feito pele
À moda das cicatrizes
Que eu deixei em mamãe
Amo toda a profundidade
Mesmo aquelas abissais
E desconfio de mim tanto
Que paro o poema aqui
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:48 AM 1 comments
.
mobiliando o silêncio
com aquários vazios
vê-se inexistente
uma cor na parede
o que se vê
é um pássaro com sede
de poleiro em poleiro
fazendo voar a gaiola
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:33 AM 0 comments
.
tráfego entre a orquídea azul
e o meu zunido ouvido em fá
levo comigo alguns alçapões
para que possa prender o ar
turbinas cheias de poesia
onde posso respirar em lá
para que a dor pare de doer
em re-médios de injetar
levo máquinas de lavar
para limpar minhas máquinas
e meu sangue possa lubrificar
com meu sêmen-lhantes
Thursday, June 18, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:40 AM 0 comments
.
me sinto uma chupeta
de baleia
que a cada fim do verso
se tateia
pra ver se ainda há vida
na veia
há poema enquanto houver
centeia
e esta fagulha vivificando
é a máquina pedindo
me leia
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:36 AM 1 comments
ARTIMANHAS.
Fiz uma leitura dia 12, no Real Gabinete Português de Leitura. Minha irmã, Maria Dulce registrou. Foi rápido. Foi bom e o Leonardo Gandolfi dedicou um poema a mim. Fiquei emocionado.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:53 AM 0 comments
TODA A VIDA EM UM SEGUNDO.
Morrendo a cada
Dez minutos uma vez
O círculo se fecha
E cada vez mais
O que vai indo vai
Pra nunca mais
O que fica é o futuro
Uma criança na foto
Por que nenhuma
Mãe guardou
Nossas fotos
Quando adultos
Sunday, June 14, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:57 AM 1 comments
.
foices
ceifando
o sol
naus
ornando
o mar
peristilos
lambem
pilastras
aprendi
arquitetura
Proust
Saturday, June 13, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:23 AM 0 comments
.
músculos
rompem
o crepom
baionetas
nascem
do solo
olhos
guerreiam
com garfo
pedras
resaqueiam
a brisa
folhas
lambem
o solo
irei
cinzas
ser
Friday, June 12, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:06 AM 1 comments
.
lápide sem inscrição
já feita
já feita a luzificação
da alma eleita
tramites e processos do sol
no dia d
flechas e cartas de amor
fagulhando hou-
sebad
e que me marcou só sei eu
que pleiteio um fim
também
muito afim de mim
Thursday, June 11, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:31 AM 1 comments
.
suor na pétala de abril
dias tão circulares
corredores de cânhamo
sirenes iluminando
a fumaça do cigarro
cristo de baixo do pó
corredores paralelos
aos mundos que fui
tantos murros n´água
Wednesday, June 10, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:26 AM 0 comments
entrevistando.
a velha cadeira do velho
durou mais que o velho
as vezes as coisas duram
tanto quanto o tempo
mesmo não sendo eterna
a foto tenra mostra-me
ainda tenro em botão
será que inda estará lá
depois que meu tudo
inundar as sombras
do meu sangue poluído?
será que a minha palavra
permanecerá inerte
ou ecoará no eterno?
tudo que eu nãoa sei
são perguntas
que a si perguntam-se
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:12 AM 0 comments
bandeira vermelha.
o sono eterno da pedra
as falésias surfando
o mar de cicatrizes
a cata está o poeta
de alguma imagem rara
ou de alguma metáfora nua
na ressaca da prudência
alguns ficam nas pranchas
carrancas com medo
castelos de areia
crianças a milanesa
o céu maior que tudo
e a maneira do sol
espero o mar crescer
se encher de sudoeste
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:40 AM 2 comments
.
na alça do alçapão
mordiscando o Tempo
lá vai o tapuru
infante terrível
as bordas das botas
chatas de galocha
e o meu corpo gordo
levado por oito
quando caiu
um orangotango riu
e o alívio deles
é igual ao de Sanfona
murchando pulmões
para xerografar
toda a luz
que se apagará
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:05 AM 1 comments
CAGA-REGRAS.
Caga-regras
Rodrigo de Souza Leão
Todo mundo caga
regras também
Hoje em dia, quando alguém está doente, a família chama a polícia.
A polícia vem e bate um papo com o cara. Se for preciso, colocam a camisa de força.
Não tinha como resistir: eram três caras mais fortes do que eu.
Eles me levaram junto com o meu irmão. Acharam que eu não tinha nada, mas meu pai sentia um medo danado que eu fizesse alguma loucura.
Mas eu era um perigo só para mim mesmo.
Do meu começo podia sair o fim, mas não quero rimar pobre com nobre em versos de impacto, só quero um pacto entre mim e você.
Jamais poderia dizer que só faria mal a uma mosca.
Eram centenas e centenas delas, matei algumas por prazer.
Pulei
de uma janela
deitada
Andei
na nata iceberg
do leite
Caí
de pára-quedas
no nada
Subi
cavando
com enxada
Não sei: não sei
O por quê: o por quê
Me repito: me repito
Se o que sou: se o que sou
É esquisito: é esquisito
Por que me tratam mal?
Por que me tratam bem:
O bem: o mal
Freud dizia que defecar é um prazer
e que todo mundo ama sua mãe
Eis que defequei um filho com barba
Onde foram parar minhas hemorróidas,
eu pergunto
Só uma puta poderia te parir, respondo
E vou pondo naftalina na latrina
do dia-a-dia
Para não apodrecer de mim mesmo
Saturday, June 06, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 8:32 AM 1 comments
TRIBUTO.
Não tem uma teoria que explique o q sinto
Não tem ninguém que nunca não mentiu
Alguém pode vir aqui e escolher entre os
Poemas errados que escrevi nestes últimos
Vinte quatro anos é um número gay Power
Diria que não sou gay, mas não é isso que
Pensam. Pensem o que quiserem os pensadores.
O pensamento foi feito para ser livre como
Este verso. Aliás, que versinho sem vergonha.
Nunca mais escrevi alguma coisa que preste.
Acho que estou condenado a isso; melhor
Seria me calar ou manter minha abstinência
Poética. É que a vida tem tão pouca poesia
Para tanto poeta que insisto nesta linha de
Força. Como se só restasse isso a fazer.
Thursday, June 04, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:09 PM 1 comments
FIO INVISÍVEL.
Andei hospedado no Nada
Andando em círculos concêntricos
Estiquei demais a empada
Sou um ser excêntrico
Detesto ser o centro
Prefiro guardar distância
Essa que guardo lá dentro
Lembro da minha infância
Onde todos os cachorros são azuis
E todas as vacas são sagradas
Meu pai vê minha garganta com pus
E minha mãe é internada
Junto comigo carrego problemas
Milhares de coisas que me dividem em mil
Um lindo par de algemas
Me prende ao infinito do seu olho anil
Eu quero sair de onde estou
Mas não sei bem qual o lugar
Onde devo levar o meu soul
Canto apenas por cantar
Por que gosto deste hospício?
É, pelo menos, um local verdadeiro
Desses que levam a um precipício
E vicia pelo mau cheiro
Saiba, não sei me cuidar
Pouco sei desta existência Febril
Às vezes me falta o ar
E sempre estou por um fio
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:12 AM 0 comments
O PIOLHO.
O piolho numa folha de papel é um ponto (ponto).
Na cabeça é uma serra-elétrica.
A esteira é ergométrica e o piolho anda quando eu ando.
Sinto falta dos piolhos da infância e corto o cabelo curto.
Estou sempre em curto. Curto isso.
Estes seres abjetos (objetos abjetos) têm que viver (interrogação)?
Talvez seja um deles ou venha a ser já que não faço nada.
Como uma empada e arroto Coca. Deus é um piolho na toca.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:58 AM 0 comments
O FAQUIR.
Andando no fio de fogo
lá vai o faquir
Vestindo camisa de pregos
lá vai o faquir
Segurado por ganchos de aço
lá vai o faquir
A sete palmos da Terra
morreu o faquir
enterrado vivo
Tuesday, June 02, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:55 AM 0 comments
BRINCAR DE VIVER.
BRINCAR DE VIVER.
Por Rodrigo de Souza Leão
A minha sobrinha Marina
BRUXINHA.
A bruxa
Sem a sua
Vassoura
Não limpa
A poeira
E não voa
A BOLA.
A bola
Murcha
Não quica,
Não pula.
A bola
Redonda
É balão:
São João.
A esfera
Não bola,
É remédio:
Pílula.
Cuidado!
Nem tudo
Redondo
Engula!
Vide
Bula.
GUIAR.
O Sol
É amarelo.
O Sol
É sincero.
Amarelo
E sincero
Como o Sol
Só o brilho
Dos olhos
Do farol.
BEM-TE-VI.
Desenhar é existir.
Pôr no papel o colibri.
Este voando dentro de ti.
Ou seria um
Bem-te-vi.
REALIDADE.
Povo não é polvo.
Polvo tem tentáculos.
Povo, obstáculos.
PAZ.
A Terra
E a guerra:
Palavras
Tão iguais
São tão
Diferentes
Como
Os animais
Para que
Guerra
Se há
Terra demais?
Para que
Guerra.
Não somos
Animais.
OLHOS.
A folha reflete o céu.
Enfim,
Seus olhos
Desenhados
No papel.
BADULAQUE.
O brinquedo
Fica mudo
Embrulhado
Por papai Noel.
Quando chega
Faz barulho.
Brincadeiras
Traz do céu.
BRINCAR.
Eu brinco com o meu brinco.
Brincar é o que faço.
Só não brinco quando minto.
Assim me sinto: um palhaço.
TÍTULO.
Brincar é respirar o azul do céu e do mar.
Sonhar... E quem sabe navegar e ver cores surgindo no infinito.
Bonito!
Falta botar no poema um bom título.
INFINITO.
Na marina
Ficam
Alguns barcos
Descansando
Do horizonte.
Desiluminando...
Irão:
As nuvens
Ser dos mosquitos
E os navios
Do infinito.
REFLEXO.
No espelho
O meu olhar
É tão meu:
Bem
Maior
Seu.
GROENLÂNDIA.
A mentira cresceu tanto
Que as formigas viajaram,
Via espirro,
Até a Groenlândia.
COMER.
Comer é tudo que quero na vida.
Comer faz muito bem a barriga.
Criança alimentada como eu:
Forte e feliz cresceu.
O REMÉDIO E O POEMA.
Tomar os remédios é meu lema.
Comer feijão eu não esqueço.
A saúde é um poema.
Não tem preço.
O COMPUTADOR.
O computador faz o que a gente sabe fazer.
Não adianta pedir para ele escrever.
Nada tem a dizer. E você?
ELEFANTE.
O elefante
Adiante
É o infinito
Gigante.
ESTRELA.
A estrela do mar
E a estrela do céu...
Uma sorriu para a outra.
Há muito brilho no céu e no mar.
Quem sabe as estrelas não querem brincar.
AS VOGAIS.
AS CINCO VOGAIS:
A
E
I
O
U,
PINTARAM-SE DE CINZA.
NÃO VIRARAM CONSOANTES
E SIM: ELEFANTES.
BRANCO.
O cabelo branco do vovô
É nuvem:
Camuflagem de disco voador.
A LÂMPADA.
A eletrônica que o diga.
Se acender
É coisa antiga.
Hoje:
Tudo liga.
O NORMAL.
TODOS FICAMOS VELHOS CEMITÉRIOS.
AONDE VAMOS MISTÉRIOS.
HÁ VIDA NAS BEXIGAS DE HÉLIO?
ELAS SOBEM SEM CRITÈRIO
DIREITO.
Toda a criança tem direito à vida.
Tem direito a brincar.
Com o avião de voar,
O boneco, a boneca, o papagaio e a peteca.
Toda a criança sapeca deve ser
Um bom moleque
E uma boa moleca.
ARMAS.
Parece uma besteira
Brincar com armas de madeira.
A fraternidade é o que vale na brincadeira.
Mesmo de mentira
Não atire sua ira.
Há brinquedos mais bacanas.
Há bananas de pijamas.
VERGONHA.
O cabelo do toureiro é louro.
De príncipe.
Por que faz isso com o touro?
BRIGUINHA.
- Tira a mão da boca!
- É meleca?
- Não se mete. É chiclete.
AUTORAMA.
Os sete anões eram oito?
Os dez trabalhos dezoito?
Mentira!
Só os mosqueteiros não eram três.
Existem quatro no retrato.
LER É LEGAL.
Ler é preciso
Para saber o valor de um sorriso.
Para ficar mais inteligente
E preciso.
Ter a cabeça calma e clara como a garça na Lagoa.
Ler é diversão e viajar dentro de si.
Ser para sempre uma garça, um bem-te-vi.
CHULÉ.
Por que não lavar o pé?
A sujeira traz doenças e chulé.
Olha o sapo e suas rugas.
Não fosse quem é
Seriam absurdas?
FIM.
O FIM É UM CÍRCULO ONDE TUDO COMEÇA
SEM PRESSA.
Sunday, May 31, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 12:20 PM 0 comments
TODOS oS CACHORROS SÃO AZUIS 2.
Já estive no Japão. Era um lugar diferente. Bem parecido com um hospício. Cheio de gente. Às vezes, quando me lembro do Japão, me vem a recordação de Temível Louco. Era um cara legal. Havia matado seis pessoas. Estrangulado. Estuprado. Era um cara estranho, mas delicado comigo. Como já disse, ele tinha medo da minha voz quando eu falava num tom mais grave e forte. Temível gostava de jogar xadrez consigo mesmo. Quem tinha matado Temível Louco? Era um mistério que ecoava no pouco silêncio que existia num lugar como aquele. Quero botar no silêncio minha voz.
Na minha voz, um grito.
Mas o Haldol me segura. Segura meus gritos, sussurros. Eu, que já escondi muito remédio debaixo da língua, hoje tomo todos sem problemas. Sei lá se adianta. Sei apenas que sinto falta dos meus dois amigos. Rimbaud aparece e me diz que está com aids. Quer fazer um pacto de sangue comigo. Aceito o que ele pede e corto meu dedão. Baudelaire aparece e diz que quer fazer parte do pacto. Só o fato de morrer de outra coisa que não seja o chip (ou o grilo), já me deixa alegre. Morrer com Rimbaud e Baudelaire. Melhor, impossível. Acugêlê banzai!
Já estive na China. Contando assim, parece que viajei muito. Era um lugar muito bonito, cheio de gente, bicicletas e muitas nuvens. As nuvens, nuvens. Ali tive fome, tive sede, era estrangeiro e loucamente amei as nuvens longe, lá muito longe, as maravilhosas nuvens! Desenhos no céu. Quando o dia está assim, um dia de sol, um dia como este, não quero mais sair daqui. Vou dormir no verde calmo de um Lexotan seis miligramas. Me agarrar ao meu cachorro azul e fazer pactos com a felicidade. Lembrar-me da China, das suas bicicletas, da sua bandeira vermelha cor-de-sangue e finalmente, das incríveis nuvens do céu chinês. Acho que depois do pacato pacto de sangue, serei mais feliz. Quero morrer de tudo, menos por causa de um chip que engoli. Engulo os remédios. Um dia, engoli três. Outro, engoli quatro. Não sei ao certo o que devo fazer para melhorar. Simplesmente, porque sou um pterodátilo numa gaiola. Um corvo bicando o ventre de um espantalho. Um homem sem medo do terror que é viver sem medo. Never more, todos aqui não têm medo. Inclusive o Procurador Geral da República. Ele me lembra um personagem de faroeste e de filmes de gangster. Mesmo com sua senilidade, ele utiliza uma colher ao invés da faca. Aqui só tem colher. Procurador faz aquela brincadeira perigosa de percorrer todo o caminho entre os dedos com uma faca, no caso, uma colher. O velho faz isso com habilidade, como se treinasse isso há muito tempo. Pra se divertir. Deixar os ventos de adrenalina brisar.
Rimbaud aparece na hora dos vendavais. São ventos que o trazem e me fazem viver enrolado em seu cachecol. Fuma maconha. Desmancham perto de mim as baforadas que Baudelaire dá no seu cachimbo. Ele me diz que é um pai de santo. Ele me diz que tem poderes. Renova minha linguagem. Eu acredito piamente nele. Rimbaud é a tempestade. Baudelaire é o vento. Um toma éter. O outro, cocaína. Triste, sou apenas aquele que descobre que os remédios coloridos engordam e fazem, cada vez mais, eu não conviver com estes meus amigos de longa data. O que é a vida sem amigos? Sou como Emmanuel Bove que secretamente amava os amigos que não tinha. Sou amigo dos meus olhos. Eles só vêem o que quero. Olho pelos meus óculos coloridos e vejo tudo em preto-e-branco. Tudo parece um filme de Bergman.
A propósito, me pareço um pouco com Charles Laughton.
Por pouco tempo, espero. Por que estar gordo e beber café com açúcar? Tudo com muito açúcar. Vejo relógios e as xícaras de café. Cuspo bolas de sabão. Viro um trem que vai indo sem saber onde parar. Me transformo numa máquina que escreve e ela escreve o que quer que eu escreva. Ataco uma formiga vorazmente e vou arrancando pêlos do meu sovaco. Faço uma depilação. Tiro de mim pegadas. Calafrios. Certezas. Coisas que deveria fazer. Tiro de mim enguias ferozes e cubro meu abdômen com algodão doce.
É junho.
Tem festa junina no hospício.
A quadrilha de loucos está em fila. Os que tomam Gardenal não falam. Outros tomam Haldol. Outros são dependentes químicos. Outros estão doidos por uma cachaça e jogam sinuca de bico. Ninguém quer entrar na fila pra dançar. Nenhum psicótico quer dançar. Nenhum oligofrênico quer deixar de dar cabeçadas na parede. Mas Rimbaud está contente e dança sem tristeza. Está, com o perdão da palavra, com a faca entre os dentes. É um espírito cigano, espírito de índio. Espírito de porco. Espinho. Lepra. Aids. Silêncio de cal e mirto, malvas nas ervas finas. Rimbaud borda alelis sobre um pano palhiço. Voam na aranha gris sete pássaros do prisma. Pelos olhos de Rimbaud galopam dois cavaleiros: Baudelaire e eu. Todas as coisas que matam passam por mim. O que é isso? Cocaína ou éter? Que novo som é este? Tambores. Não sei dançar, não sei dançar. Ele é meu amigo, um amigo, enfim. Acugêlê banzai! Cuspo pro alto e abro um guarda-chuva. Baudelaire fala cuspindo. Uso o guarda-chuva pra me proteger. Perdigotos.
Fui obrigado a estar aqui. Não queria vir. Não quero ficar, porra! Avisem pra eles que eu sou o Charles Laughton, porra! Será que nunca viram um filme? Aqueles que estão abandonados teriam uma vida melhor lá fora, inclusive eu. Digamos que estou passando uma temporada no inferno, uma temporada nas têmporas com meus amigos poetas e atores. Amanhã me esqueço deles, mas voltam depois de amanhã. Sei que nunca vão me abandonar, amigos são para isso, não? Gari da Comlurb me convida para comer uma caixa de biscoitos Segredo. A vida é um segredo para mim. Não sei exatamente o que ela significa. No mundo de fora, procuro no obituário todo dia meu nome. Já decidi: não quero ir ao meu enterro. Como será o céu dos objetos? O céu dos relógios, das tevês, do computador, do estilingue, do garfo, da faca, das colheres? Aqui só tem colher: ninguém come com garfo e faca. Comem de boca aberta, menos a Lembra-vovó. Lembra-vovó come um pouco igual a minha avó, é magra, mansa, meiga. E ainda tem um detalhe muito importante: me dá um beijo toda a vez que passa por mim. Não sou muito chegado a beijos.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:02 AM 0 comments
SYLVIA.
Um poema de amor
Que não fala disso
Um amor diferente
Que entristece de felicidade
Por que tantos poemas
Se todos já disseram
Que só o amor
Conhece o que é verdade
Saturday, May 30, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:14 AM 1 comments
POEMA PARA MEU IRMÃO BRUNO DEPOIS DO ELETROCHOQUE.
deixar ir
cacto adentro
espinho
nó embutido
pela pele
algum aroma
de sangue
relatos de magnésio
restos mortais
de um ex-poeta
embrulho
enguia
Bruno
café com leite
depois de tudo
o amanhecer
Friday, May 29, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 6:30 AM 1 comments
MAIS CACHORROS.
Tudo começou quando engoli um grilo em São João da Barra. Eu tinha 15 anos de idade. Estava indo ou voltando. Sempre estava indo ou voltando. Só parava pra voar. Assim eram meus 15 anos, e foi como tudo começou. Nenhuma mulher saiu de mim. Nunca. Fui eu quem sempre entrou em minha mãe. Lá estava ela bela e bonita, transando com papai. E eu vi, e era apenas mil novecentos e setenta. Não foi um trauma. Eu costumava andar com um cachorro azul de pelúcia. Meu cachorro não era gay por ser azul. Só era azul. Também não tinha as noções de feminino e masculino naquela idade, ou tinha. Na verdade, eu já me masturbava e papai, com muito jeito, pedia para que eu tirasse a mão do meu pinto. Lembro-me de uma psiquiatra nos meus verdes 15 anos, que me dizia que eu era homem porque me masturbava, não tinha por quê ter crise de identidade. Eu não tinha crise de identidade, porque vivia correndo atrás daquela mulher no horário da sessão. Ela chegou a me ameaçar, dizendo para o meu pai que se eu continuasse a querer agarrá-la eu teria que sair da análise. Ela falou que não agüentava dar conta de mim e reclamou porque eu não fazia um desenho e não brincava com a massinha. Eu imitava um golfinho deitado no divã. Meu pau ficava duro e eu o friccionava o tempo todo, enquanto o golfinho nadava dentro de mim.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:43 AM 0 comments
TRECHO E MAIS E MAIS DE TODOS OS CACHORROS SÃO AZUIS.
Meu pai aparece num dos dias de visita. Foi ele quem me internou, mas eu não tenho ódio no coração. Gosto deste homem. Ele me dá um beijo.
Como você tá, filho?
Quero sair da gaiola.
Ele diz que sairei quando estiver melhor. Movimento-me em sua direção e dou um beijo em sua face. Será o beijo de Judas? Será que trairei meu pai em minha loucura? E se agora viessem dois homens e me crucificassem e me colocassem de cabeça pra baixo? Será que a cruz ia agüentar toda a banha?
Antes da minha internação maior, já havia sido internado outra vez, e outra vez tinha ficado na gaiolinha. Minha mãe mentiu-me, dizendo que eu havia ficado na ala melhor daquela clínica. Não, havia estado no Carandiru. No pior lugar da clínica. Lá onde ficavam os casos sem solução. Mas eu achava que tinha solução. Apenas algumas pessoas estavam me perseguindo, e se essas pessoas resolvessem dar uma festa para mim naquele dia? Naquele dia em que a chuva abundava, foi internado o Temível Louco. Temível Louco, quando pequeno tinha atitudes psicopáticas. Já havia matado muita gente, segundo rezava a lenda. Temível Louco me deu um beijo na face direita e deu duas voltas em volta de mim, disse que seria meu amigo. Isso foi na minha última internação. Não sei se lembra de mim.
Era hora do almoço e estavam todos os loucos na fila quando chegou o Temível Louco, que cuspia onde queria, urinava onde queria, defecava onde queria, peitava os enfermeiros, e só não era líder, porque louco tá cada um na sua paranóia. Louco não pensa na coletividade.
Eu tinha uma paranóia muito louca. Uma espécie de compulsão. Toda vez que me davam três remédios, eu tinha de tomar o quarto. Eu enchia tanto o saco que me davam quatro logo. Se tomasse três, coisas horríveis podiam acontecer.
O Temível Louco começou a comer tudo o que via. Mordeu a falangeta de um outro louco. Foi repreendido por enfermeiros. Todos os enfermeiros eram gordos. Os que não eram gordos eram fortes.
Eu sempre dava um cigarro para um louco que, na hora do almoço, dava cabeçada nas paredes. Imagina se esse doido fosse jogador de futebol. A cabeçada dele ia ser poderosa. Acostumado a cabecear paredes, ele ia estourar todas as bolas que cabeceasse. Quem sabe a seleção brasileira não o convocaria?
Toma um cigarro. Fuma o cigarro todo. Vê se não dá mais cabeçada na parede.
Eu já estava tomando tanto remédio, que estava com aquela baba elástica bovina e viscosa, como dizia o escritor.
Depois do almoço eu contava as estrelas do céu e não via nenhuma. Depois do almoço eu defecava no banheiro aquela comida ruim. Não havia nenhum interno que agradecia por aquela comida com uma boa oração. Só porque o cara é louco, tem que comer o pior. Lasca de goiabada. A única coisa boa era a lasca de goiabada. Era o tipo de goiabada cascão que grudava no dente. Os loucos comiam. Minha mãe, toda vez que vinha me visitar, me mandava tomar um banho. Eu tomava um banho onde os outros tomavam. Era um lugar limpo, que tinha de ser limpo toda hora. A cada minuto vinha um louco e cagava no chão e deixava a merda toda lá. Imagina se houvesse um louco que fosse uma pomba. Ia sair voando e defecando por aí. Não ia ter mais careca de vovô, vidro de carro, chapéu ou boné sem merda incrustada. Mas loucos não voam, fazem sua merda parados. Às vezes se lambuzam todos.
Minha mãe me trazia o sanduíche de atum que eu devorava como se fosse filé mignon. Eu tinha saudade de casa.
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 7:35 AM 0 comments
poemas.
primeira masturbação
esquinas de horizonte deflagravam
os olhos biônicos da aurora
- sedutora mendiga andrajada de estrelas
e foi passando pelas ruas de aurora
que contornei todo violão de sua forma
toda a guitarra de sua voz
então busquei o amor de olhos faroleiros
e ao invés de me iluminar, se iluminaram
e eu me perdi enquanto apagava o mar
eu ia naufragando em sua saliva salgada
foi quando respirei as vogais de sexo
e ereto olhei pro teto que gozava em mim
a parteira
em seu oculto olhar
atrás dos óculos rayban
estará o lúgubre de orelhas
a fauna habitual de um olho
e a natureza de um ser humano
em seu oculto olhar
há uma mulher que ama
há um homem que desaba
e um triste sonho de viver
com alguém que não te ama
em seu oculto olhar
há um oculto arco-iris
e um velho aeroilis de vovô
e a remington de everaldo
e muitos sonhos de que serei
em seu oculto olhar
há uma louca conjutivite
e uma barriga de filho vindo
e uma bacia de água
e muitos sonhos em que sou
TANTO
LENTO
MINTO
PONDO
FUNDO
Descobrir liberta
1
Raios perpassam a clarabóia inundando
de luzes difusas os bancos
onde sentadas senhoras oscilam
entre cruzar e descruzar as pernas magras
revestidas de laicra cinza
Seus lascivos gestos excitam os hormônios
desavisados e menos perscrutadores
Senhores reparam nas senhoras de mãos rudes
e pintadas nas extremidades híbridas
2
Descoberta, a pólvora se espalha
E os sobressaltados inalam o cheiro forte
do perfume das drags
em discussão assexuada
O fedor só finda quando a brisa infinda
(e fresca) liberta o ambiente em espanadas
apalpando bundas e pernas
agora argoladas e pós-cedidas
de bolas cinzentas nuvens
Como prender as nuvens?
Ressaca
Ao olhar a bússola, o Horizonte se perde
deixando rastros de dia naquelas nuvens
O silêncio acaba com a chuva de
pedras azuis, amarelas, grenás, turquesas
As vagas deformam o manso pélago
Os aqueus entoam velhas canções
e Poseidon acalma as vagas
que agora marolam no olhar de Capitu
Saturday, May 23, 2009
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 2:59 PM 0 comments