.

Copiei e colei vc
No meu hd

Tuesday, March 31, 2009

DENTE DE LEITE.

Às vezes me esqueço que estou esquecido e sou um cara esquecido. Também sou esquisito. Também sou porco. Nojento. Imundo. Mas doce. Hoje vai ter cachorro quente. Todo o dia que tem cachorro quente faz um frio filho de uma égua. Chove. Talvez não tenha nada a dizer. Mas esse nada é pra você. Talvez tenha muito a dizer, mas já disse tudo. Todo o animal é assim. Escorre um pterodátilo do meu pau. Como isso pode acontecer e sempre acontece. Menos mal. Algo velho. Algo que já estou acostumado. O nada sempre pensa que é algo que eu não sei definir bem. Há poucas histórias para sorrir. Poucos motivos. Poucos dentes. Um dente de leite que caiu. Isso também aconteceu coma Xuxa. Não queria ser a Xuxa. Mas queria ter a grana dela. O dinheiro faz cada vez mais falta quanto mais se tem. Com que eles gastam dinheiro?

Monday, March 30, 2009

FUMAÇA.

Pedaços

De voz

Vem me dizer

Sobre nós


Alguma coisa

Está errada

Neste estilhaço


Algum maço

Fumo só


O outro os outros

berram

Sunday, March 29, 2009

selinho.

a
boca
que
ousa
na
boca
que
usa

Saturday, March 28, 2009

DÓ DE PEITO.

O amor deitado no corpo
Soterra o silêncio
Da paz que naufraga
Pensar no nada enfada?

Ou é busca no tudo
No amor que de tão mudo
Esquece a mudez
E solfeja uma nota

Será que tem dó de mim?

Friday, March 27, 2009

.

TerSol
nublado

Thursday, March 26, 2009

&.

A MORTE É O QUE ESCAPA
A VIDA É O QUE MATA

Wednesday, March 25, 2009

Carnaval.

engraçado que quem pede carnaval é ela
enquanto eu animal enjaulado em mim

apenas digo: meu ventre está com um filho
e o segundo sol coloca chamas

não chama-me rosa pois estou tão triste
que murchei te entendendo um segundo

Tuesday, March 24, 2009

INSPIRAÇÃO X TRANSPIRAÇÃO.

Esse mês eu acho que num vai ter resenha. Pelo menos dentre as coisas que eu recebi e comprei, falo de livros, nada me deu a inspiração para escrever. Não que eu seja um resenhista totalmente movido pela inspiração, mas acredito em bruxas por que não acreditar em musas. Se é que lãs hay, hay.

É necessário aquela brisa inspiradora para a movimentação interna e para que uma palavra puxe outra palavra e assim comecemos a escrevinhar alguma coisa no papel. O que eu chamo de brisa é a inspiração. Eu como poeta e resenhista tinha tudo para ser o do tipo construtor: aquele que soergue o texto lapidando-o, moldando-o a ferro e fogo, mas não o faço. Escrevo sempre num jorro contínuo. Como se uma cachoeira entrasse dentro de mim e fosse me banhando a ponto de me misturar tanto a enxurrada que acabo virando a própria enxurrada.

João Cabral de Mello Neto era um poeta inventor que combatia muito a idéia de inspiração. Ele planejava tudo desde o número de poemas ao número de páginas de um livro. Cabral me influenciou em muita coisa. Mas eu acredito na inspiração. Para mim a inspiração não morreu. Ela ainda vive. É o insight. É o momento que antecede ao transe.

É muito comum em mim a pergunta: fui eu quem escrevi isso? E a pergunta vem de espanto tanto pelo fato de achar que a coisa escrita por mim é ruim ou de achar que o objeto da inspiração, o poema acabado, é belo. Sendo um bom poema ou não este sentimento de desorientação em relação ao próprio é uma sensação inspiradora. Quantas vezes eu sentei diante de um computador para escrever alguma coisa e não consegui escrever sobre o tema em questão. A necessidade de se escrever um tema ou uma peça específica me causa um bloqueio incrível.

É claro que quem quer construir uma carreira não pode e nem deve depender de inspiração para fazer uma simples resenha que seja. Não depender – o ato de não acreditar na inspiração – é muito mais salutar a um escriba. Quem não depende deste insight não tem problemas em escrever sobre qualquer coisa que lhe venha à mente em qualquer hora, ao passo de que o escritor inspirado é dependente da inspiração. Qual postura então deve ser a postura mais correta?

Não há postura correta. Acho que existe o transe, aquilo que te carrega de linha para linha e de poema para poema. Existe também o desabandonar-se para que flua algo de superior e tome a mente de assalto. Mas não podemos é mistificar o processo da inspiração. Creio que as coisas não devem ser nem tanto ao mar e nem tanto a terra. Nem tão inspiradas e alcandoradas e nem tão construtoras e desérticas.

O ideal para mim é que haja um processo de construção e que o poeta abra o espaço para um outro toma-lo, mas que seja este outro sempre um escravo do poeta. Que o poeta não perca nunca as rédeas de um poema. Que o poema seja puxado ou conduzido pela inspiração, mas que depois o poeta burile e faça daquele objeto inspirado um objeto acabado.

Com isso chegamos a conclusão de que tanto a inspiração e a transpiração devem andar juntas para se construir um bom poema.

&.

morri por um triz
fui no que fiz

Monday, March 23, 2009

O HOMEM BOM.

O homem bom nunca fez pipi na cama
O homem bom não usa fralda geriátrica
O homem bom não é sobrevivente
O homem bom não tem pesadelo
O homem bom freqüentou boas escolas
O homem bom teve poucas mulheres
O homem bom nunca fumou maconha
O homem bom nunca morreu na vida
O homem bom nunca comeu uma puta
O homem bom leu toda bíblia
O homem bom usa métrica e rima
O homem bom faz versos complicados
O homem bom acredita nas pessoas
O homem bom não vive no passado
O homem bom de vez em quando é
O homem bom não lê histórias em quadrinhos
O homem bom não gosta de pornografia

E só por isso (e tantas outras coisas): sou ruim pra caralho

Sunday, March 22, 2009

.

morri cedo
fui tarde

Saturday, March 21, 2009

SOBRE TUDO QUE ACONTECE.

A MORTE É A VIDA AO CONTRÁRIO.

Friday, March 20, 2009

&.

mais um dia
menos um

.

Foge o silêncio pelo ralo
Nasce uma flor em meu falo

Às duas horas da manhã
Ele acorda pensando no satã

E a minha palavra sempre exígua
Está mais morta do que viva

Deus não é um diabo invertido
É só mais um ser oprimido

Pela beleza que o crânio carrega
Quando defeca tudo que nega

Enfim, ando meio puto com
Deus fazendo meu Satiricon

Thursday, March 19, 2009

DEPOIS DA MORTE.

Se pudesse decidir pra onde ir
Riria

.

A mente mente muito
Diz algo q o corpo não sente

A mente pode ser um ente
Uma estrela cadente

Ou algo que não sei dizer
Vivo em minha mente

Na sua não posso viver

Wednesday, March 18, 2009

CENTOPÉIA.

Escrevi poemas sobre Antonio Dias dedicados ao meu pai e a Paulo Sérgio Duarte (meu padrinho). Quem quiser conferir basta ir em http://www.centopeia.net/secoes/?ver=275&secao=poemas&pg=1

Monday, March 16, 2009

OS QUE NASCEM DE SI.

deitada no quarto
aguarda vozes

vasos de plantas
sobre a mesa

uma pequena luz
incide sobre ela

alguns soluços
por piedade

e o sol na latrina
nasce vesgo

como se só ele
precisasse nascer

Sunday, March 15, 2009

EU, HOJE.

Algum poema
Alguma palavra
Nenhuma poesia

Saturday, March 14, 2009

.

Filha da puta não tem cara
mas geralmente sua mãe
tem

Friday, March 13, 2009

NUM DIA DE CHUVA.

A sombra vai
pra onde vou
Ela cai

A sombra não
me abandona assim
Só tem fim

quando a abandono
e a mim

A sombra é
um bocado de coisas

Nem quando morre
ela vai

Acordar o defunto
a sombra é

um péssimo assunto

Thursday, March 12, 2009

nada.

não tenho vontade de
nada
de tudo tenho
distância

guardo em mim um reparo
e reparo que gostam
ou não

do nada em questão

Wednesday, March 11, 2009

O ALIENADO.

Quero ser presidente
do Brasil.
Espero acabar com o
que acabou.
Sou Rodrigo e não vou
mudar de nome.
E ser a verdade que me
consome.
Sou louco e não sou
frustrado.
Muito menos um
coitado.
Talvez eu mesmo:
um sem cuidado,
possa dar jeito nesse
país culpado.
Possa fazer um verso
alado.
E ser o que quero:
um alienado.

Tuesday, March 10, 2009

MONO.

O que fazer com tanta imagem
Quando recorrente a paisagem

Monday, March 09, 2009

PARTE.

O homem veio do macaco ou o macaco do homem. Isso pouco importa. Existe motel. Homens vão para fazer sexo. Mulheres vão pra viver. Há diferenças entre nós que são iguais. Por isso somos quase um. Quase deuses. Tudo quase e quasificando tudo nós vamos nos levando e a bola de neve vai crescendo e nós se embolando feito de pernas e braço e baço e intestino delgado e sendo como sempre fomos. Macacos voam no cio enquanto Tarzã dá um sonoro grito uterino. Quem berra. Todo mundo berra. Ou seria o berro alguma vaia contida. Quem escuta o silêncio. Por que somos tão calados. Às vezes eu acho que o Sol vai se apagar. Que é um fósforo. Que acende o cigarro que fumo agora. Hoje acordei cedo e de acordo com alguma lei estou preso neste presídio chamado eu. Eu sabe bem eu quero bem eu sou eu e mais nada. Por que é tão fácil ser eu. Tão difícil ser você. Como consigo me suportar. Às vozes que escuto se fundem em uma voz. É como se cada voz que me dissesse algo dissesse algo novo. Para que cada dia seja diferente. Mas no fundo e bem lá no fundo tudo é igual menos os iguais como nós.

Sunday, March 08, 2009

.

Ou ouve algo
Ou diz algo
Que não quer dizer

Ou incendeia
Ou faz nevar
Naquela alucinação

Paredes esguias
Me prendem aqui dentro

Romper o crepom
Daquela falha no dente

Insinuar uma certeza
Rapidinho

Ver seu sorriso
No color bar

Só o seu olhar

Saturday, March 07, 2009

POPOL VUH É POP.

Traduzir poemas é uma arte difícil. Existem vários caminhos engenhosos a percorrer, para que uma tradução seja bem sucedida. Em geral ou se traduz literalmente ou se recria a obra a ser traduzida. Ambas as vertentes funcionam de acordo com o projeto e com cada peculiaridade que este sistema exige.

A invenção é sempre necessária para a escolha correta do vocábulo, ritmo, signo, significado, etc., o que exige uma técnica refinada do tradutor. No caso da poesia, muitas vezes quem faz este trabalho é poeta também: se não a domina — ainda mesmo que poetastro, o que nem sempre é o caso —, pelo menos, tem uma noção básica de como funciona a estrutura de um verso. Tanto é mais valorizado o trabalho conforme a dedicação em manter o texto estruturado e de acordo com a sua origem. Nem com tanta inventividade que deturpe o original, nem tão fixo que não acrescente nada na sua metamorfose para o idioma de Drummond, Bandeira, Cabral e Machado de Assis. Um trabalho que pode ser bem complicado, cujo resultado é importante para quem lê (e, especialmente, não domina a língua em questão).

Foi encarando todos estes dilemas que os tradutores conseguiram êxito quando resolveram transpor Popol Vuh para o Português.

Cabe aqui ressaltar a importância deste texto para a literatura mundial, considerado a “bíblia” do continente americano: o quarto mundo na história planetária. Escrito na Guatemala, no século XVI, já foi traduzido para diversas línguas, inclusive o japonês. Faltava uma tradução para a língua portuguesa e apesar de ser a versão da versão, o trabalho é coeso e comprova todo o vigor da poesia ameríndia.

Podemos chamar de “guia” a tradução feita por Munro Edmonson, para o inglês. Foi nela que Sérgio de Medeiros (poeta e professor brasileiro) e Gordon Brotherston (estudioso inglês) se debruçaram, para a feitura da obra em nossa língua. Ambos trabalharam de forma associada para a elaboração deste que é, sem dúvida, um trabalho de grande fôlego. Operários do ofício, os tradutores não pouparam tempo de suas vidas para organizar a edição. Sérgio esteve várias vezes nos Estados Unidos, nestes quatros anos, dedicados quase que integralmente ao Popol Vuh, que influenciou, como cosmogonia singular que é, grandes escritores como Jorge Luis Borges e Miguel Angel Asturias. Também trabalhos de artistas plásticos e músicos receberam o vento inspirador do livro guatemalteco. Podemos citar Edgar Varèse e Diego Rivera. Na área sociopolítica, a obra serviu de base para a líder indígena Rigoberta Menchú – ganhadora do Nobel da Paz – delimitar as linhas de força de sua atuação de resistência indígena na América Latina.

A cosmogonia trata da origem de um povo. Assim como o mundo cristão tem a Bíblia, os índios guatemaltecos fizeram seu relato de como vêem a origem do mundo no planeta Terra em particular, de seu povo e do universo. Antes de ser quase que completamente dizimados, resolveram escrever a sua história em versos, e registrar todos os seus relatos cosmogônicos mais populares.

A poesia é a escritura primal do ser humano e apesar de estar, na atualidade, meio relegada a uma posição secundária, era a forma com que os povos antigos comunicavam seus valores, suas crenças e toda a sua visão de mundo. Neste aspecto e num universo pós-moderno, onde o poema foi relegado à posição de "inutencílio", traduções como esta promovem o religare com o que a tradição tem de melhor. Nela é possível perceber o verdadeiro valor e papel da peça poética e, ainda, a sua influência no transcorrer da história universal, trazendo para perto do leitor toda a força que só a linguagem poética tem.

Popol Vuh é um texto clássico e foi traduzido por — como diria Erza Pound — um poeta de invenção, chamado Sérgio Medeiros. Ele tem no imagético sua principal característica. Esta aparente ambigüidade serve para carregar de força lírica guatemalteca a sua coleção de seres inusitados, que foram mantidos com os nomes em maia-quiché, como aparecem num glossário, apêndice do livro. Também há ensaios sobre as questões e temáticas que a publicação aborda.

Resta-nos desejar que este projeto se consolide com novas incursões sobre as cosmogonias ameríndias, o que já é projeto de Medeiros. Talvez não seja um caminho medíocre, pelo contrário, traduzir estas peças de relevante importância para o entendimento da América Latina pode nos levar ao encontro do Brasil (como nação também) e ainda descobrir o que nos faz iguais ou diferentes de nossos hermanos que foram os verdadeiros donos da terra.

Os leitores brasileiros têm grandes motivos para penetrar neste novo mundo, ao mesmo tempo tão próximo e tão distante. O mundo dos verdadeiros donos dos primitivos relatos de tempos ancestrais, que ainda insistem em demonstrar que existem, apesar de tudo o que existe contra eles hoje em dia. Popol Vuh é pop, em português, agora disponível a todos e não somente restrito a um pequeno grupo de eruditos e estudiosos do assunto.

Saudações a todos os “Ahav Ah Tzik Vinaq” que trabalharam neste grande projeto. O projeto de uma vida.

Friday, March 06, 2009

Caixa de fósforos.

Eu não saio pra ver a vida
Eu vivo ávido de vida
A vida está aqui dentro

Tão dentro que estou morto
Pronto pra pegar fogo

Thursday, March 05, 2009

FREUD.

Freud dizia que defecar é um prazer
e que todo mundo ama sua mãe

Eis que defequei um filho com barba
Onde foram parar minhas hemorróidas,
eu pergunto

Só uma puta poderia te parir, respondo
E vou pondo naftalina na latrina
do dia-a-dia

Para não apodrecer de mim mesmo

Wednesday, March 04, 2009

.

cavo o meu espaço
cavandoasepultura
buraconas alturas

Tuesday, March 03, 2009

Compulsão.

Um poema só um poema a mais
Na barriga só mais um problema
Na cabeça alguma coisa dizendo
Que eu estou me repetindo e
Vivendo na barriga do problema

Um poema que comece com tudo
Que termine com o universo confuso
Aquele caos que belisca o umbigo

Dois poemas agora num só poema
Um pra dizer que eu estou assim
Outro pra dizer que eu estou assado

Três poemas e uma tatuagem
Algum enigma e uma canção triste
Talvez todo o poema seja um cemitério

Monday, March 02, 2009

Uma Temporada nas Têmporas.

lamina na goela estéril da minha criatividade toda lux luxuosa e rubra ruboriza aquele horizonte onde dante e algum demônio se dilacera numa verdade e alguma turbina de um avião cadaveriza o aerador fênix mordendo jorge de lima revirando na cova por ter citado o seu nome nesta nova trova embolada onde ponho todo o meu coração apodrecido por fezes e cactos e sêmen-lhantes que abominam alguns trocadalhos mesmo assim quem sabe me invento inventando um vento que turbine a alma daquela vela próspera em ignecer minha designição
- Eu surgi do nada e nunca fui ninguém. Queria perdoar meu pai mas ele não me pediu perdão.
Marx e Nietzsche conversavam sobre Zaratustra temendo que o fogo daquelas labaredas próximas destruísse o abismo que limita o fim e o início dele. Ele era Deus e se recompunha de uma fase onde as chamas foram fartas mas não fatais. Criar e Destruir. Aqui está a modernidade enforcada com seu próprio paradigma. Quem sabe um novo Deus virá?
Daniel B. E seu boné peludo com um pênis pediu para que Picasso acabasse logo de fazer o seu retrato.
Eu querendo ser James Joyce.
(marfim tristeza onde derrubam a profusão de idéias tolas que circundam o que todos esperam é que o ser seja o que todos são e iguais assim seremos animais também) Derrubem uma vaca e a defequem quando gozam. Os pássaros foram feitos para morrer voando.)
Triste hospício em que me visto em que me vasto em que insisto em devastar têmporas de verde e.
Um tablóide sensacionalista publicou uma foto da lady Diana dando um beijo na boca de um surrealista. Foi quando eu qualquer fuzilei um por um dos meus ídolos e ficou claro que teria que deixar de ser sensasurrealista.
James viu Joyce que viu Frederico que viu Nietzsche. Trocaram sorrisos e disseram que mesmo um beijo rápido que trocaram, não significava amor. Por que amor é Camões. É o fogo que arde sem se ver. Entre eles não havia nada além de poesia. Gostavam dos mesmos poetas e tinham certa erudição vulcânica: transbordante. Mesmo quando esporraram e cuspiram palavras cruzadas e bombas de efeito moral, se diziam pessoas tristes e inacabadas. Alan Kardec lhes havia dito que Nietzsche iria voltar. Daniel B. chorou como quem abandona o silêncio de uma rua da infância. Marx foi sarcástico e pediu que Sartre fosse crucificado. Picasso sorriu, sorriu tanto que ruiu feito um edifício explodido.
- Mas eu nunca li James Joyce.
- Eu também nunca li nenhum destes caros, mas se você complicar bem a coisa...
O olho esquerdo de Marcel Proust caiu de sua boca.
- Voltar! – gritou Nietzsche. Porra eu quero ir eu não quero voltar porra nenhuma.
Ouve-se Mozart num piano de cauda tão longo que o infinito daquele ponto de interrogação comeu o horizonte no peito do Charada.
- Quero Ac. Quero Ac.
Keruac surgiu com Freud. Freud disse:
- Esse povo quando quer zona quer a tempestade de um Amplictil. Ficam com
estes trocadilhos que não levam a literatura para lugar nenhum. Mas quem quer chegar a algum lugar e que lugar é este?
Assim todos esperavam sua vez de esperar.
Era o soma que estava em falta naquele inferno place. Motel vagabundo onde Elizabeth Bishop e Emily D. onde Breton e Piva onde Marlom Brando e Elvis se encontravam com Lou Reed, Yma Sumac e David Bowie.
(MANIFESTO QUALQUERISTA: artigo1) Quero qualquer coisa qualquer nota qualquer dia e odeio aveia Quaker. Desejo o que respiro. Respiro o que desejo. Cada um é livre e pode se dizer poeta da forma como quiser e se expressar como quiser e a palavra poetastro será banida do dicionário. Todo o poeta é um bom poeta e Jesus Cristo que ia julgar os vivos e os mortos ainda não apareceu para me coroar com uma flor carnívora. Além do fim do poço há muita possibilidade de haver uma areia movediça no quintal de sua depressão. Por isso tudo pode piorar. Para que o Qualquerismo seja implantado é forçosamente necessário que os dez primeiros inscritos no movimento façam uma antologia poética com Os Cem Piores Versos dos Cem melhores Poetas de Todos os Tempos. Assim veremos que ainda somos piores do que o que os piores dos melhores.)
to cansado de escrever e como ninguém vai ler:
lamina na goela estéril da minha criatividade toda lux luxuosa e rubra ruboriza aquele horizonte onde dante e algum demônio se dilacera numa verdade e alguma turbina de um avião cadaveriza o aerador fênix mordendo jorge de lima revirando na cova por ter citado o seu nome nesta nova trova embolala onde ponho todo o meu coração apodrecido por fezes e cactos e sêmen-lhantes que abominam alguns trocadalhos mesmo assim quem sabe me invento inventando um vento que turbine a alma daquela vela próspera em ignecer minha designição
ao invés de enrolar prefiro copiar e colar:
(marfim tristeza onde derrubam a profusão de idéias tolas que circundam o que todos esperam é que o ser seja o que todos são e iguais assim seremos animais também) Derrubem uma vaca e a defequem quando gozarem. Os pássaros foram feitos para morrer voando.)
OS PÁSSAROS FORAM FEITOS PARA MORRER VOANDO.
MANIFESTO QUALQUERISTA: artigo 2) Partindo do pressuposto de que tudo é tudo e nada é nada como nos dizia um dos dez maiores filósofos contemporâneos - o Tim Maia -, é que o pilar das patas bovinas do Qualquerismo deve ser fincado. Depois de uma antologia com “Os Piores”, é a hora de aliciarmos o maior número de adeptos a nossa causa. Para isso o departamento esportivo estará fornecendo a carteirinha de sócio-atleta aos dez primeiros que chegarem depois daqueles dez primeiros. Assim poderão todos os vinte freqüentar a piscina cheia de ratos da modernidade, e ouvir esta “chupação” extraída daquela música de Cazuza. Lembre-se que uma vez Qualquerista sempre Qualquerista. Todo o Qualquerista carregará um Q de (abrir o MINIDICIONÁRIO SACCONI DA LÍNGUA PORTUGUESA E LER DA PÁGINA 555 ATÉ A PÁGINA 662) dentro do coração e estudará apenas nos manuais da Disney. Aos jornalistas nada melhor do que o Manual do Peninha. Aos magos, como o nosso querido Paulo Coelho: o Manual da Maga Patalógica. Aos escoteiros: o Manual dos escoteiros. Ao Manuel: o Manual do Manual que é a bíblia de todo o Qualquerista.
Marx e Nietzsche conversavam sobre Zaratustra temendo que o fogo daquelas labaredas próximas destruísse o abismo que limita o fim e o início dele. Ele era Deus e se recompunha de uma fase onde as chamas foram fartas mas não fatais. Criar e Destruir. Aqui está a modernidade enforcada com seu próprio paradigma. Quem sabe um novo Deus virá?
Impávido Caetano Veloso é que não agüento mais. Ë muito espaço para uma pessoa só.
Pedem os piolhos que peidam. Pedem as algemas que prendem. Tudo quer e o querer e a vontade de ser é o que habita o instante que não se repete mais. Heráclito está no amarelado lago de Van Gogh. Heráclito pede uma orelha enquanto Dennis Hoper beija na nuca de Agripino de Paula.
Paulada.
Pau.
Pau grande de poder para embocetar-te de porrada.
OS PÁSSAROS FORAM FEITOS PARA MORRER VOANDO.
Pardal voando louco no infinito de uma boca sangrando sempre a procura de outra boca em que pardais que voam no escarro de Augusto dos Anjos que deve morrer como eu morri. Perdão meu pai é o que queria dizer mas meu pai não me pediu perdão e não me lê e não me quer mais agora aqui. É um pássaro dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um dentro de um pássaro e dentro de um pássaro e dentro de um pássaro: tal vôo só é possível se todos os pássaros se unirem.
Daniel B. Pergunta a Nietzsche:
- Por que você quer voltar?
- Eu não quero.
Daniel B. tira o seu boné e o seu rifle e atira no criador do seriado em que foi Daniel B. Daniel B. chora.
- Diga a ele que eu fico – disse Nietzsche.
- Posso ir então.
- Kardec quer que eu vá.
- Kardec não é Deus. Deus é o circular.
Havia um círculo redondo na palma da mão de Daniel B.
Ele continuou falando:
- Sabe quando a gente é pequenina como a ponta de um dedal e a gente acha que sabe tudo. A gente chega a juventude e acha que sabe tudo. A gente chega a idade madura e acha que sabe tudo. Por que a gente sempre acha que sabe tudo?
Nietzsche olhou bem naqueles olhos que eram ciclones e que diziam o que Daniel B. queria. Queria profundidade de um personagem de Marcel Proust. Ele queria ser Marcel. Daniel Boone não gostava de ser Daniel Boone e queria ser um abismo como foram aquelas outras almas tão torturadas mas que no fundo podiam ser miragens, palavras, canções, desertos, história em quadrinhos e mais uma pá de coisas e de cal sobre o assunto. Assim tudo ficou durante o tempo em que penso em algo e foi o suficiente para me perguntar; “por quê me metalinguo?” Assim surgiu:
(MANIFESTO QUALQUERISTA: artigo3) O Qualquerismo não é um movimento pois se pretende estático. O único movimento que pode se equiparar ao Qualquerismo em proposta é o MRU: Movimento Retilíneo Uniforme. Parar é andar para frente por mais contrário que possa isso parecer. Ócio total. Ócio parcial.Ócio ossal. Parar e olhar a natureza dentro de cada prédio negro além da vidraça. Parar para sentir a brisa do óleo que sobe. Parar e cintilar no corredor de ar entre o vazio que a cidade tem. Parar com o movimento por aqui pois devo mover-me, devo demover-me, isto eu acho.
populacho
prepopula
própopula
copio e colo:
- Eu surgi do nada e nunca fui ninguém. Queria perdoar meu pai, mas ele não me pediu perdão.
“Tornar-se pessoa. Thor nasce tornado. Tornar-se Tornado. Thor nasce Thor”.
Toni Tornado.
Nietzsche não queria o que Daniel Boone queria mas ambos eram populares em demasiado. Um tão gênio e o outro tão burro. Ambos bem pop. Um astro esquecido e idolatrado por milhões. Outro o filosofo da moda. O cara que fazia a cabeça de quem inventa de Quem I. De QI.
- Eu falo com Kardec que você quer ir em meu lugar e é você quem merece ser, o criador do Qualquerismo – disse N.
- Também acho. Mas será que este cara vai ser feliz?
- Um gênio!
- Então irei sofrer para caralho sabendo de que a inteligência não me ajudará de nada. Mas irei por que como Daniel Boone eu fui muito amado e quero sentir o que é o ódio.
- Saberá bem. Aprenderá tudo que eu disse e o pior é que você não porá em prática meus ensinamentos pois quem nasce para Daniel Boone nunca chega a Frederico. Nunca. Você viu o filme Traído pelo Desejo. Um escorpião é um escorpião.
Roberta Miranda cantava “Vá com Deus”. Kardec cochichou no ouvido de Nietzsche e Daniel Boone baixou em mim num centro espírita. Disse que iria ser, o criador do Qualquerismo. O movimento do eu sozinho. Disse para que eu fosse o meu movimento. Para que eu fosse fiel a ele e que o importante era se movimentar mesmo pedra.
Nasci. Os pássaros foram feitos para morrer voando. Mas nunca morrem assim.
lamina na goela estéril da minha criatividade toda lux luxuosa e rubra ruboriza aquele horizonte onde dante e algum demônio se dilacera numa verdade e alguma turbina de um avião cadaveriza o aerador fênix mordendo jorge de lima revirando na cova por ter citado o seu nome nesta nova trova embolada onde ponho todo o meu coração apodrecido por fezes e cactos e sêmen-lhantes que abominam alguns trocadalhos mesmo assim quem sabe me invento inventando um vento que turbine a alma daquela vela próspera em ignecer minha designição

Sunday, March 01, 2009

 
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