MAIS CACHORROS.

Olho o jornal e não consigo ler nada. As doses dos remédios devem estar altas. Porque eu não fiz nem quarenta anos e não consigo ler de perto. Arregaço as mangas da camisa e vou jogar sinuca com o Ruy Chapéu do lugar, que é um gari da Comlurb, internado por utilizar a bebida em demasia até em horário de trabalho. Antes, uma crente faz uma roda e manda que alguém reze. Ninguém ali sabe rezar porra nenhuma. São todas almas sem paraíso à vista. Eu começo: Pai nosso que estais no céu. Pelo menos eu sei rezar. A crente disse aleluia. Ela segurou a minha mão. Eu tirei o pau pra fora e não pude jogar sinuca. Voltei para o cubículo três por quatro, onde me colocaram para sorrir com baionetadas nas veias. Segura a banha e estica a banha, e toma mais injeção.
Tudo começou quando engoli um grilo em São João da Barra. Eu tinha 15 anos de idade. Estava indo ou voltando. Sempre estava indo ou voltando. Só parava pra voar. Assim eram meus 15 anos, e foi como tudo começou. Nenhuma mulher saiu de mim. Nunca. Fui eu quem sempre entrou em minha mãe. Lá estava ela bela e bonita, transando com papai. E eu vi, e era apenas mil novecentos e setenta. Não foi um trauma. Eu costumava andar com um cachorro azul de pelúcia. Meu cachorro não era gay por ser azul. Só era azul. Também não tinha as noções de feminino e masculino naquela idade, ou tinha. Na verdade, eu já me masturbava e papai, com muito jeito, pedia para que eu tirasse a mão do meu pinto. Lembro-me de uma psiquiatra nos meus verdes 15 anos, que me dizia que eu era homem porque me masturbava, não tinha por quê ter crise de identidade. Eu não tinha crise de identidade, porque vivia correndo atrás daquela mulher no horário da sessão. Ela chegou a me ameaçar, dizendo para o meu pai que se eu continuasse a querer agarrá-la eu teria que sair da análise. Ela falou que não agüentava dar conta de mim e reclamou porque eu não fazia um desenho e não brincava com a massinha. Eu imitava um golfinho deitado no divã. Meu pau ficava duro e eu o friccionava o tempo todo, enquanto o golfinho nadava dentro de mim.

Tuesday, May 26, 2009

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