E-MAIL DE UMA LEITORA.

Olá... ainda não sei como usar um vocativo apropriado, visto que ainda não nos conhecemos, embora eu saiba seu nome, mas creio que não seria apenas o nome o suficiente para me dirigir a você com intimidade. Quero apenas dizer isto: engoli um livro! O nome dele é "todos os cachorros são azuis". Foi uma atitude um tanto quanto esquisita, visto que não é do meu feitio fazer isso com este tipo de objeto, não assim, em um quarto de hora, como diz nosso mestre Saramago. Engulo, sim, livros. E sempre. Mas não sem mastigá-los. Tudo começou assim: na escola em que dou aula (Lá no Pedro II de S. Cristóvão) encontrei, sobre a mesa da sala dos professores, o livro mencionado. Achei o título digno de uma excelente experimentação. Então, perguntei a alguns colegas de quem era aquele pertence. Surpreendentemente, ouvi de uma professora de matemática que aquele livro foi trazido por ela e deixado sobre a mesa de professores, para que o mesmo fosse adotado por alguém que tivesse algum interesse. Ela mesma não o seria. Eu o quero, disse. Posso levá-lo? Claro! Disse-me ela. Peguei-o e o pus na minha bolsa. Confesso que o título provocara em mim, de imediato, uma louca vontade de iniciar a leitura ali mesmo, naquele momento. Mas eu estava repleta de provas, redações e trabalhos de Literatura para serem corrigidos. As notas deveriam ser entregues o mais rápido possível e “euzinha” não poderia me atrasar, furar os prazos. A DIREÇÃO não iria gostar nada disso. Foi então que tive que adiar a leitura do título instigante. Foi então que o fenômeno aconteceu hoje, quero dizer, ontem (escrevo "demadrugada" e me refiro ao episódio da noite de 29 de novembro de 2008). Engoli o livro! Não sei como. Simplesmente aconteceu. Assim do nada. Como o EU do livro engoliu um grilo na adolescência e depois um chip. Eu engoli o livro. Comecei a lê-lo exatamente às 21:12, na mesa do Sobrado das Massas (no bairro de S Teresa, onde levo minha vida), enquanto aguardava, ansiosa, a vinda de um Fetuccine a 4 queijos ( eta coisa que vem quente!...). Desci o morro e cheguei à Lapa, mais precisamente no Clube dos Democràticos, na Rua do Riachuelo, no. 91, onde continuei a leitura e a finalizei- ali mesmo, não sei, e nem se sabe como, mais ou menos por volta das 3:00 da matina. Confesso que não tive como mastigar nada. Apenas engolia, num único fôlego e de modo inexplicável. Digo como foi: sou professora de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira, mas trabalho junto à produção dos grupos musicais "Anjos da Lua" Orquestra Republicana", há seis anos. Por isso mesmo, tive que findar a leitura ali, engolindo cada frase, sílaba, morfema ou fonema, enquanto recebia os “festivos”, entre uma cobrança e outra de bilhetes de entrada. Engoli numa ânsia estranha a mim mesma, sem mastigar nem solver, sequer, a prosódia. Apenas foi! Findei o livro!. E queria muito dizer-te, humildemente, que fiquei fascinada pelo Eu que fala, que conta sua história, que sofre porque se acha um caco e que precisou quebrar tudo para se livrar dar dor de se sentir cacos. Que quebrou a casa dos pais e foi parar no hospício, que tem como amigos imaginários o Rimbaud e Baudelaire. Que engoliu um grilo e depois um chip. Que é gordo e gosta de goiabada, por ser a melhor comida daquele lugar. Que é acusado de matar o Temível e que sabe que é inocente, mas se angustia. Que, enfim, fez-me chorar e sorrir, quase gozando de estar descobrindo aquela história.
Obrigada, VOCÊ, por me propiciar este doce delírio, assim, de maneira inusitada, depois de um dia dormindo, sob a chuva incessante, para trabalhar descansada durante a noitada adentro. Que delícia de viagem! Que doce e leve loucura!...
Vai adiante Rodrigo! E nunca perca esta reticência que nos leva longe, longe, muito além de Pasárgada, Paracambi ou do próprio Caju.
Um grande abraço, Gilda.
Amei descobrir esta linda história! E como amo agora aquele gordo garoto me apresentado por você.
Abraços “santateresianos” e daqui a pouco tem Krassik no Parque das Ruínas (de graça, a partir das 18h.) Preciso, pois, mimir...

Sunday, November 30, 2008

RESENHA DE AMADOR RIBEIRO NETO.

Todos os cachorros são azuis
Amador Ribeiro Neto

O que é que você faz quando lê um livro, gosta imensamente dele, mas de tanta satisfação fica atordoado como o personagem principal? É o que me aconteceu depois de ler “Todos os cachorros são azuis”, de Rodrigo Souza Leão, editora 7Letras.
O livro não pé nem cabeça. E faz questão de não ter. Se você forçar a barra vai encontrar um fio mirrado de narrativa. Mas só se forçar a barra. Se se deixar levar pelo ritmo das palavras, pouco se importando com que diabos de gênero literário ele parece, vai ficar em dúvida. Ensaio? Poesia? Conto? Romance? Teatro? Roteiro cinematográfico? Rascunho? Diário? Diário de um louco? Tributo a Nietzsche? Ao José Mojica Martins? A Artur Bispo do Rosário?
Não se meta a engraçadinho querendo botar ordem no hospício das palavras esplendidamente encadeadas na estréia do poeta RSL como prosador. Prosador? Bem, é o que diz a orelha do livro. Mas, tal como os loucos, pouco ouvido devemos dar a palpites que vêm de estruturas viciadas/vigiadas. O caminho entre uma coisa e outra (seja esta coisa qualquer coisa e a outra idem) é vicinal. Como no interior do país. Como nas marginais das metrópoles.
Van Gogh cortou a orelha. O personagem principal desta geringonça de palavras não cortou nada além da lógica, da ilógica, da analógica. Deixa o leitor assim: com cara de quem tomou Haldol. E viajou. E viaja. E está aqui e agora. De repente escapa. Encontra Baudelaire, geralmente de mau humor. Cruza com Rimbaud, este mais desencanado. A modernidade dá as caras e mostra seu preço. Todog pode ser o salvador. O caminho. A saída do supermercado de sabão e cebola.
Sim: tem família no meio. Pai e mãe e irmãos. Claro: como um louco existiria sem família e sem hospício? Faz parte da cena real, irreal. É do roteiro. Do desnorteio.
O grande gancho está no fato de este texto tomar o leitor como comparsa numa levada de contrabando. Não diria um seqüestro, pois o leitor é levado porque consente. Poderia desistir na primeira página se quisesse. Mas ele não quer. Ou não consegue. O que dá no mesmo. E assim o livro vira a morada do ser-leitor.
Os cachorros azuis do título do livro não passam de um cachorro de pelúcia, inútil como todo bicho.... de pelúcia. O narrador manda o leitor lamber sabão. Ou cortar cebola. Entendeu, hipócrita leitor, meu espectador da MTV. Meu igual, meu irmão de Arrigo Barnabé. Clara Crocodilo escapuliu. Em tempo: a Terra é azul.
(publicado no jornal “a união”, de 25/11/2008, caderno de cultura, p. 20).

Saturday, November 29, 2008

Às vezez acho q vou morrer envenenado. Às vezes tenho certeza. O que me falta é o sempre para enfrentar os cheiros e a doençaa. Querem me matar.

Será que o dia que for seu
serei céu?

Friday, November 28, 2008

CINEMA.

A arte maior de Walter Benjamin. Uma sinuca de bico todo o dia. Só consigo falar de você tatuagem nua. Em alguma manhã como agora estarei acordado e escrevendo de novo a você ou será a última vez que Tróia será invadida. Mataram Agamenon. Glauber Rocha era que sabia fazer cinema. Com a máquina na mão e um berro na garganta. Um berro na mão e um berro na mão de lampião. Dois berros que berravam. Alguém chega bem próximo de mim. Agora estou tão longe e com péssimos sentimentos sobre o mundo. Você traiu? Perguntei a um amigo como foi. Se teve muita festa e cerveja. Se foi uma reunião social. Me falaram que foi um bacanal. E você não se portou bem. Estou tão distante agora que não quero mais falar com você nem mais um segundo. O telefone não toca e com o movimento da terra tão cansada sobre seu eixo e durante todo o tempo todas estas voltas sobre si que ela deu. Imagina nós rodando num espeto de churrasco. Quem ficará até o fim do campeonato. Por que estes caras darão as cartas e continuarão ganhando o jogo. Tudo não passa de uma ação entre amigos. Cinema é uma arte menor hoje em dia por que se prender ao realismo quando deveria ser mais do que um documentário. Alguma barreira astuta me impede de tocar em mim. Nasceu o oculto e frágil olhar. Nasceu. Nasceu. O ódio nasceu.

Thursday, November 27, 2008

Eu bem que queria
umaAmnésia
pra esquecer cada dia

Wednesday, November 26, 2008

FRIO.

Quando o quando voltar
Do último lugar conhecido por mim

Estaremos juntos no fim
E no início um todo acabado

Uma lápide com meu nome, minha idade
E telefone

Que é para contatar eu como ET
Em algum lugar menos escuro do que

Seu corpo às vezes me traz o que não quero
Berro

O vácuo é só uma questão de tempo

Tuesday, November 25, 2008

LOUCO COMO EU SÓ EU.

Comeu hipófises
eletroblastos e
osteócitos. Mal
me quer celular.

Bem me quer em
arterial compasso
de espera aspirai
cocaína e caos em

hidrólise de rum.
Campeniquanum
sendonum est pó
rus day in day o

R day in and out
]open in the samba[
Cocaína e caos em
tempo de têmporas.

Maça rubra rosto.
Folha morta de nervos
de fígado bife de
fígado do bife de

fígado no olho contra
a dor de cabeça contra
os do contra contra os
contrários do contra

Sunday, November 23, 2008

.

1.Uma barra de ferro num canto
Ele pega a barra de ferro
Ela recebe uma cabeçada
Depois leva com a barra
de ferro na cabeça
e vai para o CTI

2.Quem sabe o que ele queria
Ele diz que queria um beijo
que ela nunca quis lhe dar

A barra está suja de sangue
Os peritos estão na porta
Há pegadas e o que ele fez

Arrumou a cena do crime e
ela morreu dois dias depois
Hoje ele faz sexo com o xerife

Na cadeia todo mundo faz sexo
Todo mundo é mais normal

No hospício era bem diferente
Todo mundo era animal

Saturday, November 22, 2008

SE AFOGANDO NA PRAIA DA MACUMBA.

ar
com
flor

isopor
de
leite

ferrugem
nas
ondas

mar
de
pôr
do sol

surf
de
peito

areia
branca

ancas
de
fora

a flora
me olha
de lado

garrafas
sujas

mentes
limpas
de sal

binóculo
de
biquíni

anzóis
entre
nós

peixes
de chupeta
plástico

neura
nóia
pânico

água
agu...
ág...

Friday, November 21, 2008

A ESSÊNCIA DOS CASTRATI.

São sonhos
nada mais que sonhos
Medonhos por serem sonhos
Por serem do que somos
:
o humos

Wednesday, November 19, 2008

45.

Faltam 2 anos e 7 meses
para eu levar a dedada

Dizem que não dói nada
mas é q sou virgem

Dizem, todos dizem
que voltam vivos

Mas se eu gostar
e de lá não voltar?

Tuesday, November 18, 2008

BATMAN E ROBIN.

O Batman poeta
Tem um cinto de inutilidades

Por que nada o afeta
Desde a sua puberdade?

O Robim dito
Menino prodígio

Não era nem um papagaio
Estava mais para periquito

Jovem e esquisito
A quem fale que a relação

Tem que ser igual a um filme
Sem the end no final

Que nunca termine!

Só não sei quem comia quem
Ou se ambos se comiam

A verdade é que ser gay
Pouco importa

O que vale é que riam
Na cara do Coringa: uma torta

Eles comiam

Sunday, November 16, 2008

GOGH.

A aparição por si
nequan
on(m)
só fez desligar

O andador anda só

Volta no quarteirão

Algum(a) en-ig
nigção

outra

qualquer poema paira
sob
o sol a si desbota
tbm terra: cor do ofício:
amarelo

Saturday, November 15, 2008

NUM DIA DE CHUVA.

A sombra vai
pra onde vou
Ela cai

A sombra não
me abandona assim
Só tem fim

quando a abandono
e a mim

A sombra é
um bocado de coisas

Nem quando morre
ela vai

Acordar o defunto
a sombra é

um péssimo assunto

obs.: Está chovendo. São nove horas e trinta e oito minutos. Acordei muito cedo e venho sentindo muitos cheiros. Eu não acredito em cheiros inofensivos. Mas estou aqui para dizer que este é um poema ruim, um péssimo poema. Um poema antigo. À moda modernista sem descontinuidade contemporânea.
Pode ser uma besteira. Mas fiz outro poema e não monstrei pra ninguém. Nem para o Franklin e nem para o Leonardo. Isto significa que sou um covarde que não aguentaria ouvir: "esse poema é ruim". Mas a vida é feita de poemas ruins. Poemas ruins que vão se somando. Dizem que sou melhor prosador do que poeta. Os prosadores dizem que sou poeta. Os poetas dizem que sou bom prosador. O que será que sou? A idiotice em mim cresce à medida que escrevo. Paro por aqui. Ser ou não poeta.
OUTRO POEMA RUIM.
Quem nunca escreveu um poema ruim como este que atire a primeira pedra.
Ai, ui!. Oh céus! Oh dor!
Como tem poeta bom!

Friday, November 14, 2008

ANTIPENSAMENTO.

Às vezes o que a pessoa pensa é só uma coisa que a pessoa pensa e só ela pensa. Outras vezes outras pessoas pensam outras coisas sobre o que existe. E ainda muitas vezes todos pensam a mesma coisa: o que de fato dá mais força para a coisa em si. Mas a coisa em si não fica mais forte quando há uma unanimidade. Somente quando um pensa e aquele que pensa sobre a coisa em si é uma pessoa especial para a flor da espécie, somente aí o que a pessoa pensa sobre o objeto em si valoriza o objeto em si. Mas não penso sobre o que pensam de mim. Não importo muito com o que pensam, mas o pensamento nulo é chato. Talvez seja fundamental não pensar. É o que busco mais no meu dia a dia. Viver não é pensar. Há um tempo para tudo. Tempo de viver. Tempo de pensar. Nem sempre estes tempos caminham juntos. Quase nunca há um caminho em comum. Por isso procuro não pensar: sou quase sempre antipensamento.

Thursday, November 13, 2008

O GLOBO. PROSA E VERSO. 8 DE NOVEMBRO DE 2008.

Leveza e lirismo para abordar o tema da loucura

Estréia de poeta na prosa teve apoio de programa da Petrobras

Elaine Pauvolid
O livro de estréia de Rodrigo de Souza Leão na prosa, a novela “Todos os cachorros são azuis”, tem como mote a vida de um interno num hospício. Foi escrito com patrocínio da primeira edição do Programa Petrobras de Cultura (2006/2007) na área de literatura e baseia-se em experiências do autor, carioca de 1965, conhecido no meio literário pelos poemas do seu blog e do livro “Há flores na pele” (Trema), assim como pela co-edição da Revista “Zunái” (http://www.revistazunai.com/).A história se divide em quatro capítulos e tem como cenários principais a casa em que o narrador-protagonista mora com os pais e um hospital psiquiátrico. Um assassinato no hospital, a fundação de uma religião e uma nova linguagem são as bases da narrativa. Há diálogos sem travessão e mudanças sem aviso prévio da primeira para a terceira pessoa: o contexto define quem está falando. O protagonista é descrito como “doente mental, esquizofrênico. Tem distúrbio delirante, tem delírios persecutórios” e conversa com Rimbaud e Baudelaire. Há ainda referências ao mundo pop, como propagandas de TV, músicas, personagens de desenhos animados e filmes.
Mergulhos delirantes e frases da mais pura poesia O tom coloquial e a ingenuidade do protagonista lembram a prosa de Salinger em “O apanhador no campo de centeio”. Rodrigo fala de redenção; Holden, o protagonista de Salinger, segue trajetória oposta, ao sofrer um esgotamento mental e ser confinado numa casa de repouso. “Todos os cachorros” tem mergulhos delirantes e frases da mais pura poesia. Como quando explica por que quebrou a casa onde morava com os pais, motivo de sua internação: “(...) porque sou feito de cacos e quando os cacos me convidam, desordeno tudo”.Ou quando critica a instituição asilar: “O hospício era um lugar cheio de flores lindas, mas podre por dentro. O modelo hospício tinha que ser mudado. Mas como a minha família me agüentaria quebrando tudo?” E há questionamentos existenciais: “No dia da crise não se pode fazer nada. E o que fazer para não entrar em crise?”. E apesar de tratar de tema tão doloroso quanto o da loucura, o livro é leve e cheio de humor. Interessante notar o surpreendente final. Lembra um fato real envolvendo um dos muitos leitores de “O apanhador no campo de centeio” e um ícone da música pop.

Monday, November 10, 2008

CRIANÇA.

abismo
sinto pela boca

a propensão
ao caos também

incerta
minha mente absorta

combina com os dentes
como encarnecer

tecer novos juízos
e absintos

correr um quarteirão inteiro
atrás do vento

que se quer na frente

TRECHOS DO LIVRO & ETC.

O Portal Literal disponibilizou trechos do meu livro em arquivo pdf. Para conferir vá em: http://www.portalliteral.com.br/banco/texto/todos-os-cachorros-sao-azuis

Ramon Mello fez uma entrevista comigo. Disponível em: http://www.portalliteral.com.br/artigos/fragmentos-humanos-entrevista-com-rodrigo-de-souza-leao ou
http://wwwb.click21.mypage.com.br/myblog/visualiza_blog.asp?site=clickinversos.myblog.com.br

Friday, November 07, 2008

SEI QUE VOCÊS NÃO AGUENTAM MAIS FOTOS, MESMO ASSIM INSISTO.

Telas de fundo.

Dulce, Babí e um chato.



Márcio-André e um certo ex-jogador de polo-aquático.





Eu e Franklin




AS FOTOS CONTINUAM.








Os três patetas: Bruno, Lugão e eu.

Thursday, November 06, 2008

ENTREVISTA.

Por Ramon Mello
Com um texto atraente e incômodo, Rodrigo de Souza Leão afirma sua condição: poeta. Sua prosa está contaminada de poesia.No livro Todos os cachorros são azuis, o autor narra, através de uma experiência autobiográfica, a trajetória de um homem internado no hospício. E destaca três momentos da vida do personagem – infância, adolescência e fase adulta – para costurar uma narrativa marcada pela fragmentação do ser humano, característica que dialoga com a produção de alguns autores contemporâneos. Não leia o livro à espera de linearidade, pois é justamente a ausência dela que prende o leitor. A escrita de Rodrigo torna-se mais valorosa quando lembramos que trata-se de uma autor esquizofrênico – como ele gosta de deixar claro. O escritor tem a generosidade de mergulhar no seu rico inconsciente e nos apresentar personagens que não conseguimos enxergar em nosso cotidiano.Personagens delirantes apresentam momentos de lucidez. Rodrigo durante a entrevista concedida em sua casa, na Lagoa, apresentou o avesso de sua criação: lúcido com emocionantes instantes de delírio.Ler esta entrevista e os livros do autor é abrir uma janela a inúmeros estados de consciência, mergulhar no desconhecido, enxergar através de uma lente azul – como propõe o narrador. Desejo que Rodrigo Souza Leão tenha sempre facilidade para publicar seus escritos; os leitores agradecem.
Por que o título do seu livro é Todos os cachorros são azuis?
Rodrigo Souza Leão – Na minha primeira infância eu tive um cachorro de pelúcia azul. Depois esse cachorro sumiu e nunca mais eu vi. É forte lembrança desse tempo. Como o livro fala de três fases da minha vida, resolvi fazer o link com minha infância. Mas nenhum cachorro é azul, é bom deixar claro. Só os cachorros de pelúcia são azuis.
Você tem alguma cor predileta?
Rodrigo – Eu gosto de azul e preto.Você escreve prosa e poesia.
Como surgiu seu interesse pela Literatura?
Rodrigo – É uma história longa. Você tem tempo?
Sim, pode falar.
Rodrigo – Eu comecei escrevendo poesia. A Suzana Vargas foi minha professora na Estação das Letras. No meu primeiro dia de aula, ela pediu que os alunos escrevessem um texto para ser comentado. Mas meu texto não foi escolhido para ser lido. Fiquei muito triste. O texto era assim:
a bomba é a solução / pra essa situação / pra crise geral / pro imposto territorial
Fala dos problemas políticos do país. Depois virou um hino punk através do grupo Eutanásia, onde meu irmão tocava bateria. Meu irmão me roubou essa parte da letra e colocou na música dele. Eu nunca quis ser escritor, meu plano era ser vocalista. Na década de 80, tive uma banda chamada Pátria Armada. Fizemos show no Circo Voador, na Metrópolis, no Made in Brazil – casas de shows da época. Minha meta de vida era ser músico.Você toca algum instrumento?Rodrigo – Eu toco um pouco de violão, mas só para compor. Minha voz fica boa impostada, perdi muito poder vocal por causa dos remédios que eu tomo.
Porque você toma os remédios?
Rodrigo – Para controlar o meu distúrbio delirante, minha esquizofrenia. Aos 23 anos tive um sério problema, identificaram a esquizofrenia. Hoje em dia usam muitos eufemismos para essa doença.
A Dra. Nise da Silveira batizou a esquizofrenia de ‘inúmeros estados do ser’...
Rodrigo – Nise da Silveira é maravilhosa, uma mãe. Mas voltando aos 23 anos: Tive um problema sério quando trabalhava na assessoria de imprensa da seguradora da Caixa Econômica. Foi uma crise de estresse muito elevado. Eu já era esquizofrênico, mas nunca havia manifestado a doença. Aos 15 anos, eu achei que tinha engolido um grilo – esse episódio está no meu livro. Aos 23 anos, no dia 03 de setembro de 1989, eu fui internado pela primeira vez, se não me falha a memória. Fui internado numa clínica, que não vou dizer o nome para não ser processado. Me colocaram camisa de força, me jogaram num cubículo e me deram um ‘sossega leão’. Mas o hospício em si não é a pior coisa do mundo. Porque, geralmente, não se sabe lidar com a loucura. Para família é muito complicado, ela se ver impelida a internar. O louco quebra a casa toda, faz um monte de merda, como aconteceu comigo na segunda internação. E pra onde você vai mandar esse cara? Eu sou a favor da luta antimanicomial. Acho que manicômio não resolve o problema de ninguém, só piora. Aqui está meu irmão, que é bipolar de humor, para comprovar. Na minha casa há histórico familiar de problemas mentais. Ele teve duas internações, na segunda vez ele ficou totalmente fora de si.
Se pudesse caracterizar o estado mental em que se encontra, o que diria?
Rodrigo – Eu falaria que eu sou esquizofrênico. Isso quer dizer que sou uma pessoa que necessita de certos cuidados: preciso tomar remédios específicos, viver uma vida diferente das outras pessoas e conseguir viver dentro das minhas ‘nóias’. Tenho que saber que a minha paranóia é paranóia e aprender a conviver com ela. A palavra-chave é convivência. É a convivência com a diferença. O meu ser é diferente dos outros. O esquizofrênico tem que ter uma sensibilidade para entender que é diferente. E sobre os eufemismos, isso é besteira. Falam “clínica” ao invés de “hospício”.
Não é difícil falar e escrever sobre doença?
Rodrigo – Hoje em dia é tranqüilo. Mas teve um tempo em que eu nem tocava no assunto. Até começar a minha relação com a internet eu não falava da doença. Escrevo mais poesia do que prosa. O meu primeiro livro chama-se Há Flores na Pele, só há um poema que fala de loucura. Eu falo da doença porque nunca gostei de psicólogos. Psicologia não resolve nada. Você fica batendo papo, conversando e nada. Fiz análise dos 12 aos 18 anos e não resolveu nada. Eu já tomei eletrochoque, mas com sedação. E esse eletrochoque é muito bom porque melhora muito o doente. Sério! Não é aquele eletrochoque tenebroso que era aplicado no tempo da Dra. Nise. Aquilo era um absurdo. Quem tirou o meu irmão da fase ‘abobalhado’, durante a crise psicótica, foi esse eletrochoque.
A arte tem um papel importante na sua vida. Certo?
Rodrigo – Justamente. Eu comecei a pintar há pouco. Mas escrever é uma coisa que vem. Eu só comecei a falar após a minha segunda internação. Fui internado duas vezes em 1989 e 2001, acho. Sou péssimo com datas e números, não sei nem meu telefone decorado. Essa segunda internação foi difícil, traumática, mas foi muito boa pra mim. Eu conheci lá dentro um cara chamado Gilberto Sabá, que foi guitarrista do Serguei, e gente tocava o terror. Ele que fez aquela música: ‘Toca um, toca dois, toca três. Toca, toca, toca rock and roll...’ A gente arrumava um violão e tocava para maluco dançar. (RISOS) Eu e ele éramos as pessoas mais lúcidas. Essa clínica onde fiquei era muito bonita, cheia de flores e árvores. Costumo dizer que hospícios são lugares tão bonitos que lembram cemitério. Eu ficava muito tempo fora do quarto vendo a paisagem, vendo a copa das árvores e escrevendo algumas coisas.
Sua prosa me lembra a poesia da Stella do Patrocínio. Conhece?
Rodrigo – Sim. Uma louca, lançaram um livro pela editora Azougue. Isso acontece porque a loucura é igual para todos. O bipolar de humor tem momentos de euforia e depressão, com momentos tristes e maravilhosos. Se o bipolar tomar remedinhos, como Lithium e Haldol, ele consegue se curar em longo prazo. A cura não é imediata porque precisa da conscientização da doença. A pessoa que tem distúrbio delirante acha que está sendo perseguida por agentes e policiais. Você acha mesmo que está sendo perseguido! Eu nunca tive visões. Ou melhor, tive visões quando fiquei uns cinco meses sem comer em casa porque achava que estava sendo envenenado pela minha família. Eu só comprava comida fora, fiquei muito tempo sem dormir.
(BRUNO, IRMÃO DE RODRIGO, SE APROXIMA E COMEÇA A PARTICIPAR DA ENTREVISTA)
Você tem uma lucidez muito forte em relação a isso.
Rodrigo – Não sei se é lucidez ou excesso de sofrimento. Eu sofri muito com minha doença, só eu sei o quanto eu sofri. Meu irmão também sabe.
Bruno – Sou assessor dele.
Rodrigo – Ele é meu assessor para assuntos estratégicos. (PAUSA) O sofrimento fez com que eu tivesse um insight. Mas minha vida tem muitas limitações, por exemplo, não saio de casa, sou recluso. Tenho medo de ser perseguido por agentes. É uma coisa absurda. Você está vendo um cara lúcido dizer que tem medo de ser perseguido por agentes. Mas essa é a minha doença. O que eu posso fazer?
Bruno – Quando arranja uma namorada ele sai. Pra ir ao motel...
Rodrigo – Só saio um pouco quando arranjo uma namorada.
Você namora muito?
Rodrigo – Namorei muito até os 23 anos. Eu era muito bonito, mas não sou mais por causa dos remédios. E não vejo no relacionamento a solução para os meus problemas. Se eu quiser ficar com uma garota, ela vai ter de se adequar muito a mim. Porque o problemático da relação sou eu. É difícil conciliar uma relação com alguém que não pode sair. Gosto de ficar na minha casa vendo filme e jogos de futebol. Sou 'flamenguista doente'. Hoje em dia as pessoas só querem ir para festas e barzinhos. Eu não posso beber porque tomo remédio tarja-preta, tomo Haldol.
Bruno – Mas faz sexo...
Rodrigo – Mas isso não tem contra-indicação. Eu já tomei muitos remédios. Mas me dei bem com esse remédio, embora dê tremor, mão fria e salivação. Você é formado em Jornalismo.Rodrigo – Sim. Me formei em Jornalismo pela Faculdade da Cidade (atual UniverCidade). Eu não consegui me formar por uma faculdade federal, mas tive bons professores: Fernando Muniz, Lúcia Padilha, Ítalo Moriconi... Tive uma formação muito interessante. Meu lance nunca foi jornalismo, eu queria ser locutor de rádio. Ouvi muito a Rádio Cidade e a Rádio Fluminense com Maurício Valladares. Mas o que restou na minha vida foi escrever. O que sobrou? Escrever. Eu já fazia letra de música, depois passei a escrever poemas. Acredito que algumas letras de música são poemas.
Há letristas que são poetas.
Rodrigo – Sim. Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Gilberto Gil e Chico Buarque são maravilhosos.
Você sempre gostou de ler?
Rodrigo – Não. A leitura foi um hábito que adquiri após minha primeira internação. Eu fiquei muito tempo em casa e devorei Proust e James Joyce. Li muito o Rubem Fonseca, gosto muito dele.
Você tem um livro de poesia chamado Carbono Pautado – memórias de uma auxiliar de escritório.
Rodrigo – Sim. Mas esse livro só foi importante para que eu pudesse ver como foi a minha vida.Sua escrita é muito fragmentada, uma característica muito presente no texto dos autores contemporâneos...Rodrigo – Nós vivemos em tempos esquizofrênicos. Muita gente tem depressão ou síndrome do pânico. É uma sociedade que está doente porque dá valor ao que não se deve: o dinheiro. O ser humano viveria muito mais se parasse com essa babaquice de querer dominar o outro.
No seu livro, Rimbaud e Baudelaire são influências?
Rodrigo – Mais Rimbaud do que o Baudelaire. Li a obra completa do Rimbaud, que é bem curta. Gosto muito da "Canção da Torre Mais Alta":
Juventude preza / A tudo oprimida / Por delicadeza /Perdi minha vida.
Acho essa poesia sensacional! O Rimbaud é muito presente na minha vida. Eu tive muitos livros. Mas teve uma época em que eu achei que ia morrer, então fiz uma grande liquidação de livros. Peguei todos os meus livros, separei, dei os que eu queria dar e vendi todo o resto. Dei um disco incrível do Roberto Carlos, Nas Curvas da Estrada de Santos, para um cara que estava num sebo.
Bruno – Meus discos do Iron Maiden foram juntos...
Rodrigo – É, os discos do meu irmão, que gosta de heavy metal. Eu só fiz essa grande liquidação porque eu achava que fosse morrer. Mas eu sobrevivi. A minha condição de vida é a seguinte: vivo o presente. Como estou vivo, faço um melhor dia pra mim. Eu não faço projeto a longo prazo. No edital da Petrobras eu deixei claro que o meu livro estava quase todo pronto e eles aceitaram assim mesmo. Mas o meu livro foi rejeitado pela Casa do Psicólogo. Eu pensei: Nem os psicólogos estão do meu lado? Logo na Casa do Psicólogo? Num lugar em que eu deveria ser tratado a pão de ló.
Mas você conseguiu aprovação na Petrobras.
Rodrigo – Esse projeto foi muito importante. Eu não tinha dinheiro para bancar meu livro. Apesar de viver nesse apartamento na Lagoa e parecer rico, não tenho muita grana. O dinheiro vai para serviços, remédios e outras despesas. Fui aposentado por invalidez aos 23 anos, não recebo muito. Eu consegui publicar graças à Petrobras e à 7 Letras. Mas no início a Petrobras não acreditou muito, mandaram duas psicólogas para me avaliarem. Elas diziam: ‘Ele tem problemas cognitivos, problemas X, problemas Y’. Foi ótimo porque depois dessa avaliação “não preciso” ter mais problemas.
Você é otimista em relação a sua carreira de escritor?
Rodrigo – Não. Mas acho que fiz um livro bom, intenso e mágico. Estou escrevendo outro livro: Tripolar, um livro de mais confronto com a linguagem. São três novelas que não se comunicam. Tenho uma postura positiva, mas não sou ufanista em relação a vida. Não acho que vou viver de literatura. Mas acredito no que eu faço. Vou ganhar prêmio? Isso é imponderável.
Bruno – Vai ganhar o Jabuti.
Rodrigo – Não vou ganhar.
O que é mais importante na sua vida?
Rodrigo – O mais importante, no momento, é eu não saber o que é a coisa mais importante na minha vida. É saber colocar importâncias variadas. É importante que eu continue estável e consiga viver o máximo de tempo possível.
Você quer viver muito?
Rodrigo – Não. Eu espero viver pouco. Se eu conseguir viver até 50 anos ficarei contente. Porque viver muito é para quem não tem problemas. Quando a pessoa tem muito problema é até melhor morrer cedo porque se livra um pouco dos traumas e angústias. Sou uma pessoa muito traumatizada. Mas feliz! Eu sou feliz. Posso dizer que sou muito feliz, mais feliz que a grande maioria das pessoas. Eu sou feliz. Eu não estou realizado porque ainda estou no meu primeiro livro. Estou na batalha para publicar um livro há muito tempo, desde os 27 anos.
Você acredita em Deus?
Rodrigo – Por muito tempo eu li Nietzsche: Assim falou Zaratustra. Li todos os livros de Nietzsche quando eu tinha vinte e poucos anos, eu adorava filosofia. Então a minha relação com a religião é mais calma. Eu rezo três orações antes de dormir, minha avó que ensinou: Oração a São Miguel de Arcanjo, Pai Nosso e Oração a Nossa Senhora da Cabeça.
Salve Imaculada, Rainha da Glória, Virgem Santíssima da Cabeça, em cujo admirável título fundam-se nossas esperanças, por sedes...
Agora está me faltando, não estou conseguindo lembrar.
Sem problemas.
Bruno – E ele vê a Igreja Universal do Reino de Deus, todos os dias comigo no quarto.
Rodrigo – Só vejo porque ele vê. Isso não tem nada a ver. Não vejo Igreja Universal.
O que é a morte?
Rodrigo – Eu torço para que exista algo além. Gostaria de ver o que as pessoas acham de mim quando eu estivesse morto. Sabe? A reação das pessoas. Para saber se meu melhor amigo iria chorar, se alguma namorada ia lembrar de mim, se meu livro ia vender depois de morto... Por que depois que morre todo escritor vende.
O que é loucura?
Rodrigo – Isso é engraçado. Porque quando se é um louco folclórico, cheio de indumentária e adereços – tipo Bispo do Rosário, Plínio Marcos, Gentileza –, aí ele é bem-vindo. Eu quero acabar com esse folclore porque eu me visto como uma pessoa normal. Não tem como definir loucura. Loucura é uma coisa perigosa de ser definida, por isso as pessoas falam tão pouco. As pessoas têm uma idéia mitificada da loucura, o Michel Foucault falava disso. Definir loucura é não saber como se está no mundo. Não posso crer que só existam loucos como eu, que têm noção do que é a doença. Têm loucos como o Bruno, que são menos capacitados a isso. E também têm os agressivos. Acho que os hospícios não deveriam misturar os loucos. Assim as clínicas se tornam um depósito de gente. Os oligofrênicos deveriam estar separados dos outros loucos. Eu não vou ser mais internado, eu acho. Vou ser internado só no cemitério do Caju. (RISOS).
O que é a vida?
Rodrigo – A vida é excepcional. É o lugar onde tentamos construir sonhos. Vida é algo que foi dado e só você pode tirar, se você se suicidar. Ou Deus, que também pode tirar. Mas nem sei se Deus existe. Eu sou meio revoltado com Deus. Por que eu fui nascer esquizofrênico? Por que eu não nasci mais alto como o fotógrafo (Tomás Rangel). Eu nasci com 1,70. Eu queria 1.85. (RISOS) Ramon também faz parte da família dos ‘gnomídios’. Você deve se achar um anão. (RISOS).
Por que escrever?
Rodrigo – Escrever foi o que me sobrou. De tudo que tive, foi o que me restou a fazer.
A escrita trouxe vida?
Rodrigo – A leitura me trouxe vida. Eu lia o Proust, anotava umas palavras num papelzinho e no final do dia fazia um poema. Saía uma coisa sem pé nem cabeça. Na prosa eu trabalho o psicológico dos personagens.
Sabe alguma poesia de cor?
Rodrigo – Sim. Vou falar:
“Mulheres”Canetas compro e somem / Não são mulheres num só homem.
E tem outra que eu gosto:
“Surto”
Pânico no circoaladodas têmporas
Endorfinas macaqueando
a goiabada pineal
Volts em volta
Eletrodos todos
De branco culpados
culpas pecados
Haldol no leite
Ralo do tempo
Clitóris de plástico
na sopa de adrenalina
Nódoas nuas cristalizadas na nuca
Nunca injete tudo
Camisa sem mão sem mangas
Nos olhos apenas antolhos
Na janela áurea de peristilos
punção de morte fode
Peixes fisgando anzóis comicham no corpo
Baleias de chupeta
Na veia sossegada o leão caminha
inválido de juba cortada, cuspindo
vida curta
Em curto circuito fechado
faixas vendas ferem as paredes
Sem degraus as pilastras
Sem grade degrade
Degradado de sol
de lua
Chuva desbotada
Eletrochoque natural
Enguias guiam os volts
na cabeça dos cegos de si
Que escritores você admira?
Rodrigo – Gosto do João Gilberto Noll.
Há quem pense que ele é esquizofrênico.
Rodrigo – Sério? Então ele não se assume? (RISOS). Sai do armário, Noll! Gosto do Wilson Bueno e do Ademir Assunção – adoro o livro Adoráveis Criaturas Frankstein.
O que você diria para um jovem que deseja ser escritor?
Rodrigo – Primeiro: Viva ao máximo! O que importa são os momentos. Se o livro for rejeitado, não desista! Se você gosta de escrever, então escreva para você mesmo. Eu só fui publicado quando escrevi para mim mesmo.

Wednesday, November 05, 2008

MAIS FOTOS - A MISSÃO 2


Eu e Marcos Lugão

Sob a proteção do Core.

ENTREVISTA NO PORTAL LITERAL. CONFIRA.

Fragmentos humanos - Entrevista com Rodrigo Souza Leão

Por Ramon Mello

Com um texto atraente e incômodo, Rodrigo Souza Leão afirma sua condição: poeta. Sua prosa está contaminada de poesia.No livro Todos os cachorros são azuis, o autor narra, através de uma experiência autobiográfica, a trajetória de um homem internado no hospício. E destaca três momentos da vida do personagem – infância, adolescência e fase adulta – para costurar...

Tuesday, November 04, 2008

FOTOS DO LANÇAMENTO I - A MISSÃO.

cascata de cachorros com telas ao fundo

Eu e Serjão

Elaine Pauvolid, Dulce e eu

sócio-atleta do Pinel

O CÉU ESTÁ MORTO.

Por Victor da Rosa

O olho que narra é azul e vê tudo a seu modo – na falta de nome, quase nada, água: todas as coisas azuis. Desaparece a distância que antes separava o olho e as coisas: azul. A voz assim desaparece nas coisas. O céu está morto.

Certa distorção cromática nomeia de início a primeira novela do escritor Rodrigo de Souza Leão: Todos os cachorros são azuis (7Letras, RJ, 78 páginas)– e talvez reflita de início a imagem que atravessa toda a narrativa: um cachorro azul, de pelúcia, objeto afetivo de infância, que retorna em vários momentos do livro, quase sempre como uma falta, mas se derrama também para a imaginação de um cenário deformado e delirante. “Eu não tinha culpa de ver a luz das coisas”, diz o narrador. Em linhas gerais: trata-se de um sujeito que narra sua experiência em um hospício – e, segundo as palavras de Sérgio Medeiros, que assina a orelha do livro, estamos diante de uma experiência autobiográfica.

Parece haver durante todo o livro uma variação narrativa entre o delírio mesmo e instantes de lucidez, se aceitamos esta dicotomia – e o comovente (ainda devemos pensar esta palavra em sua literalidade: como aquilo que move junto, arranca o leitor de seu lugar) é que isto não nos é representado, mimetizado por uma voz que acompanha todo o acontecimento em sua distância, e sim narrado pelo corpo mesmo no interior da experiência. Há um sujeito implicado em tudo. Desta maneira, a escrita abandona sua função de entendimento e passa a se constituir enquanto marca na página: cisão. Em outras palavras: a prosa de Rodrigo talvez não aconteça na continuidade, ou no retorno – características fundamentais da prosa - mas principalmente no corte.

continua em http://www.cronopios.com.br

Sunday, November 02, 2008

UMA PAUSA NOS CACHORROS PARA CORTAR O CABELO POR CRISTINA CARRICONDE.















Dizem que com este cabelo fico com cara de louco, mas eu sou louco!!!!!!!!! A Cristiana Carriconde {fotógrafa} acha o clima das fotos meio o do filme "O iluminado". Caos. Crise.

Saturday, November 01, 2008

 
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