FOLHA DE SÃO PAULO, SEXTA-FEIRA PASSADA.

Todos os Cachorros são Azuis – Rodrigo de Souza Leão

Houve um tempo em que nem todos os escritores desejavam ser Charles Dickens ou se identificavam dizendo “sou apenas um contador de histórias”. Esse tempo acabou, mas volta e meia surge alguém para lembrar que a literatura nem sempre se compõe só de historinhas contadas tim-tim por tim-tim. Não me refiro ao experimentalismo inócuo (se chamam o romance de experimental, é porque a experiência não funcionou, dizia William Burroughs), mas à porra-louquice literária e muito bem-vinda.

É onde se encaixa “Todos os Cachorros são Azuis”, novela de estréia de Rodrigo de Souza Leão. Misto de diário hospitalar com delírio quimioterápico, é um livro que tem antepassados em Lima Barreto, Maura Lopes Cançado, Campos de Carvalho e Waly Salomão. Doidão, o narrador vai parar no hospício, aonde encontra seus melhores amigos, Rimbaud e Baudelaire. Curado, funda uma religião, o Todog, e uma nova língua. “O que é a morte, mãe?”, ele pergunta. Ela responde: “A morte é uma novela da Globo, filho”. É de morrer de chorar. Ou de rir?

Joca Reiners Terron

Tuesday, December 02, 2008

2 Comments:

Cris Carriconde said...

Caríssimo, pelo visto tu es quase uma Regina Duarte - o queridinho dos críticos! O novo namoradinho do Brasil!
Claro que esse comentário é só pra implicar contigo e já fiz minha crítica por telefone :P

Anonymous said...

rodrigão, como tá?
legal ver a repercussão do livro.
o texto do meu camarada amador ficou sensacional. tu merece, mano! abracíssimos

 
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