JACARÉ

Tem festa no prédio do lado
Tem preso no meu presídio
Alguns amores no calabouço

Tem festa e está animada
e eu no meu pântano
apenas com os olhos de fora

Alguns abutres por perto
q por dentro bicam os corvos
e cospem na minha cabeça

Tem festa no prédio ao lado
Todo o dia tem festa lá
E eu aqui no meu velório

tentando agüentar mais um dia
Vencer a minha loucura
Bebendo Morte in natura

Monday, May 28, 2007

AINDA

Ainda
Não circundei
A tarde toda

Vazio sou
Agora sei
Que ainda

Continuo
Desabando
Em você

Meu terremoto
De edifícios
E desabafos

Monday, May 21, 2007

CHECK MAIL

Nenhum spam. Nenhum e-mail. Nenhum vírus. Nada. Somente a certeza que eu não existo. O céu deve ser chato. O inferno deve ser quente. Pra onde vou se ainda sou gente? Pra onde ir nesta cidade de remédios? O que preciso para ser feliz? Se já nasci morto: pra onde ir? Resta-me o rastafari nos cabelos: os obscuros fantasmas como eu. Resta rezar a um Deus ateu e pedir a ele o nada: que me deixe numa estrada: que só tenha fim no dia exato. Bem que o mundo inteiro podia acabar quando eu morresse ou agora que estou morrendo. Eu não tenho filhos. Não tenho ninguém. Não deixo semente. Será que ainda sou gente ou sou só mais um egoísta inofensivo que ofende a todo mundo? Quero rezar, mas não sei a oração. Quero a extrema unção, mas só conheço um padre pagão. E não acredito em mais nada. Só em você que é só pecado. Não sou de Deus e nem do diabo.

Monday, May 14, 2007

mallarmé

segura
prende e bate
e arrebenta
os testículos
o ventre
não aumenta
derrama
a discórdia
do silêncio
arranca
estripa e amputa
freme
bisturis
em punho
na medula
lobo
toma os uivos
selvagens

Sunday, May 06, 2007

 
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