1
engoli um chip
um eletrodo
engoli-o todo
hoje não cuspo
bolas de sabão
hoje só cuspo
o que tem no chão
no chão do chip
no chão do eclipse
tal língua de iguana
ou de camaleão
(que é como se chama
o novo vírus que com o chip
eu engoli)
engoli o sistema
cuspo algemas
sem reticências
pra não prolongar
a eternidade
que é estar num chip
2
pra sempre é só
até a morte
pra sempre só
além do depois
algum sentido
procuro na avaria
haveria algum
dilema maior?
3
cintilam cintilantes tropas de sargaços
creme com amêndoas no pudim
as amêndoas me lembram o chip
aquele que eu um dia engoli
como viver sabendo que alguém
é quem manda em mim?
e que só sou eu por alguns instantes
quando não penso que engoli o chip
por isso o fato de ter engolido um chip
pouco importa se é verdade ou não
o que importa é que sou uma rosa
e tenho no talo um chip em botão
e o que faz vou sabendo na medida
em que vai fazendo suas monstruosidades
são sempre coisas que eu quis mas nunca
tive coragem de fazer por dor ou dó
4
por dor ou dó
ou por pudor
pouco se faz
muito se rói
quanto osso
quanto ofício
quanto buraco
sem precipício
5
em mim cio
do contrabando de mim
ao caos
da canção caliente goma
se enrasca no aroma
e conta e assoma que ser
é muito mais não ser
por isso se morto agora
ou se na hora do desuso
pouco importa de estou
vivo ou se uso os dez
por certo uso de minha
neuronicidade vã
ECLIPSE - PARTE DO HOMOCHIP
Posted by Rodrigo de Souza Leão at 9:42 AM
1 Comment:
Trem tá bom demais aqui sô!
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