Bombado

Mergulhei de cara no ar
Quando eu respirei
Meu coração ia a duzentos por hora
Capotar na primeira endorfina
E ir adrenalizado bater e bater
Até uma morte circunscrita
A alguns idiotas que me matavam
Mas eu voltei vivo
Da camisa de força que apertava
Ainda sem conseguir separar
A realidade da realidade
Por que tudo era realidade
Aquelas vozes que me esmagavam
Aquelas mãos que eram pinças
Aquelas pinças que pareciam caranguejos
E arrancavam meus pedaços
Mas não comiam
Porque era só por prazer
Que faziam aquilo



Friday, September 29, 2006

DE CIMA PRA BAIXO


Sou o melhor que posso
Possuo o melhor que sou

De mim sei não restará nada
Nenhum caroço, nenhuma empada

Às vezes me jogo do sexto andar
Às vezes me jogo do quinto

Mas nunca passo do chão
Do chão onde um fogo extinto

De um mendigo que me acudiu
É aceso toda noite

Toda noite um anjo cai
E um outro abismo cospe labaredas

Talvez o dragão seja hoje
O melhor amigo do fogo

Talvez seja o deus pra quem rogo
O último ateu suicida

Monday, September 25, 2006

Tenho fobia de gente
Mais de cinco
me deixam tonto

Um sexto
logo eu pensaria:
o que está fazendo aqui?

Ela não fala nada
Não ri
Nem nada

Não serve nem
pra dar um
clique

Num retrato chique
de nós todos
sorrindo

Ela veio
pra me irritar
sinto-me perseguido

Por sua bizarria:
será que está armada
ou é agente da CIA?

Monday, September 18, 2006

sistema*

a noite exala cemitérios
escovo as lápides como dentes
o hacker cheira cocaína nos meus alvéolos

15 engraxastes brasileiros e 200 bombeiros
morreram em Nova York
hoje quem sabe algum culpado será crucificado
hoje quem sabe algum deus surgirá

debaixo do entulho será
que a caixa preta dirá mais do que o povo negro sem fome
diz ao dizer que adora outro deus

debaixo do entulho será
que o sangue vermelho é igualmente vermelho em todo o lugar do mundo
desde que vivo ainda agora sobrevivente do que persigo

debaixo do entulho será
que um outro futuro existe ou será sempre em nome do pai
que matarás

debaixo do entulho será
que existem bíblias e alcorões queimando em igualdade de condição
ou será que só existirá

o corpo de um jovem mais jovem do que eu
suicidado por a si suicidar

* poema escrito na noite do 11 de setembro. Eu me achava jovem!

Monday, September 11, 2006


Um locutor me anunciava:
“Direto do útero materno
para o inverno do inferno

Rodrigo de Souza Leão”
Fui aplaudido e assinei
a carteirinha de sócio-atleta

Monday, September 04, 2006

 
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