Tantos baiacus
voando cócegas

Tantos meninos
engordando

Quantos ventos
lutando na biruta

Voando cócegas
quantos céus em mim

Baiacu engordando
explode infinitos

Sunday, August 27, 2006


por Paulo de Toledo e Rodrigo de Souza Leão

Tuesday, August 22, 2006



1. Abrolham vulcões pela pele

Erupções compõem
o amarelo

Elos de luz
Pus em pus

2. Cavalo sem crina
branco

Cuspindo falésias de
seda turquesa

Todavia o mar bordejando
aspergindo

gotas

Água de calor
vulcânica quase ar

Quasar

Pulso móbiles redoma
Aquário de fumaça

Cospe sombras
cadências cardantes

Cabelos crinas d’éguas
Bolas de sabão

explosão

3. Fios de ouro
preto

virando olhos
claros

Fumaça, fuligem
cinzas

apenas tragadas
d’eu(s)

4. Deitado olho céu
Magma jorra

da jarra – corpo
copo de cinza

5.Gatos lambendo
a pele de filhotes

Morreram na guerra

Dromedram desertos

Gatos miragens
Nesgas de aurora

Intermináveis dores
erupções e mordiscos

Vulcões bons apenas
quando mortos

Estou comendo crepúsculos

6. Brisa maquinal
Matina eterna

Vento de bolso

Barcos velejando

Miragens aquosas –

Sopro endêmico
mixando suores

Odores espinhas
Rugas melecas

Despojos restos
Andrajos orgânicos

Verdadeiros oceanos
de frios sonhos

Pesadelos e infernos

7. Rastafári safári
em mim

Elefantes trombetas
esporrando

Sangue saliva
seiva e pus

8. Via Delfos delfins
e hienas

E sua cria de corvos
amestrados bicavam meu ventre

arrancavam palha pulhas palha
palhaços

Thursday, August 17, 2006

ESTRELAS

Os anjos estão dispostos a nos ajudar
É meia–noite e eu me divido em três
Sou o cavalo branco diante do abismo
E o morcego que vê na escuridão
E a esfinge que baba sêmen

Alguns corvos estão a nos olhar
O nosso longo beijo de compreensão
E a morte tão próxima quanto o medo
De que um anjo vire uma verdade suspensa
E assim se enforque com a própria luz

E um anjo enforcado é mais um aviso
De que a voz que escuto em mim
Continuará a pedir ajuda a todos
Haverá então o encontro das trevas com a noite
E eu ouvirei outras vozes além daquela

Que dirão que tudo está no início
E o universo ainda não copulou com a terra
E o dia que isto acontecer
Será o início de uma nova era
Será noite de dia e de noite

E os zumbis jogarão xadrez com o resto
De corpos mutilados
E o fogo inundará as pradarias
Aí os loucos estarão todos livres
Por que todos estarão loucos

Friday, August 11, 2006

Este poema foi feito após minha segunda internação. Dormia no mesmo quarto que um outro louco que só fazia repetir: eu vou pra Paracambí se vc num comer vai pro Caju. Paracambí era onde ficava um hospício e creio que o Caju era o cemitério. Deve ter sido alguma coisa que repetiam muito pra ele. Não sei.

diário 002.01 [E alguma luta haveria de persistir naqueles olhos que duvidavam de tudo. O policial César Amparo foi internado no hospício.]

extremo



amparo ampara e dorme de vaga aberta
a onda que opera nele diazepan ou lexotan

satã ao seu lado e do meu deus dormindo
a mímica do algoz em seu sorriso limpo

quanto de mim fica claro como o mijo
que bebo na falta d,água e de miragens

algum azul claro no céu pede que nuvens
venham salvar as fezes que ocasionalmente

rolam como pedras que não criam limo
ao som de Sabath cantando Born to be wilde

trepidam os loucos e no gardenal flutuam
bolas três vezes ao dia todo dormindo

césar amparo beija na boca de Sabath
que homem não pula mais que ele agora

Sabath comeu uma juba e cospe vírgulas
na orelha de amparo alguns sutiãs se aquecem

são os bicos dos seios de Karina e suas coxas
anelando minhas mãos que cofiam o ralo

barbeado mal feito pelo que restou de presto-
barba azul e barba vermelha e barba papa e

sorria que estou te filmando e vai Serginho e
vai Serginho e puta que o pariu cotia não

na noite a escuridão acende a Rocinha
as orquídeas brotam na beleza dos olhos

da Lua cheia que explode na água ao som
do testículo de mármore moído por Alfonso

eu vou pra Paracambí e tem que comer senão
vai pro Caju e metrô Estácio e Tijuca e Paracambí

Vanessa olha os olhos em sangue do sargento
no pico hiper-tensivo de um assobio doido

ele lê cantando um texto que fez ontem
para hoje ser lido na dinâmica de grupo da Dra.

pouco mais velha ou muito mais nova eu não
quero nada que não seja o desenho de prata

no arco do sorriso de uma doida que lembra
a minha mãe e me dá um beijo e diz que garoto

bonito que garoto bonito que garoto bonito

Ana é internada de manhã e amarrada na cama
não mama não come não nada e assim como o

procurador mente brilhante e brilhantina no cabelo
atesta que detesta eletrodos na testa mas adora

ouvir o funk carioca da favela que minas pow
paulista big brother e casa dos artistas

café e leite com água fervendo na cuca legal
macarrão no almoço e no jantar gardenal

na noite tem jogo da seleção e se enfermeira b
deixar deixará de novo a tv ligada na globo

e vc tudo haver ou a ver ou haverá ainda
outro céu que não as grades de ferro cromado

engolindo a noite e alua de Cortazar enforcada
e escaldada entre a química cerebral e Deus

quem pode com um ateu quem quer que seja eu
sei que Ana dorme no pé de Alfonso e presa a cama

babam e babam e babam enquanto tremo pedindo
piportil ou acneton ou a hóstia e a extrema unção

Monday, August 07, 2006

1. Pânico no circo
aladodas têmporas

Endorfinas macaqueando
a goiabada pineal

Volts em volta
Eletrodos todos

De branco culpados
culpas pecados

Haldol no leite
Ralo do tempo

Clitóris de plástico
na sopa de adrenalina

2. Nódoas nuas cristalizadas na nuca
Nunca injete tudo

3. Camisa sem mão sem mangas
Nos olhos apenas antolhos

Na janela áurea de peristilos
punção de morte fode

4. Peixes fisgando anzóis comicham no corpo
Baleias de chupeta

5. Na veia sossegada o leão caminha
inválido de juba cortada, cuspindo
vida curta

Em curto circuito fechado
faixas vendas ferem as paredes

Sem degraus as pilastras
Sem grade degrade

Degradado de sol
de lua

Chuva desbotada
Eletrochoque natural

Enguias guiam os volts
na cabeça dos cegos de si

Thursday, August 03, 2006

 
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