Este poema foi feito após minha segunda internação. Dormia no mesmo quarto que um outro louco que só fazia repetir: eu vou pra Paracambí se vc num comer vai pro Caju. Paracambí era onde ficava um hospício e creio que o Caju era o cemitério. Deve ter sido alguma coisa que repetiam muito pra ele. Não sei.

diário 002.01 [E alguma luta haveria de persistir naqueles olhos que duvidavam de tudo. O policial César Amparo foi internado no hospício.]

extremo



amparo ampara e dorme de vaga aberta
a onda que opera nele diazepan ou lexotan

satã ao seu lado e do meu deus dormindo
a mímica do algoz em seu sorriso limpo

quanto de mim fica claro como o mijo
que bebo na falta d,água e de miragens

algum azul claro no céu pede que nuvens
venham salvar as fezes que ocasionalmente

rolam como pedras que não criam limo
ao som de Sabath cantando Born to be wilde

trepidam os loucos e no gardenal flutuam
bolas três vezes ao dia todo dormindo

césar amparo beija na boca de Sabath
que homem não pula mais que ele agora

Sabath comeu uma juba e cospe vírgulas
na orelha de amparo alguns sutiãs se aquecem

são os bicos dos seios de Karina e suas coxas
anelando minhas mãos que cofiam o ralo

barbeado mal feito pelo que restou de presto-
barba azul e barba vermelha e barba papa e

sorria que estou te filmando e vai Serginho e
vai Serginho e puta que o pariu cotia não

na noite a escuridão acende a Rocinha
as orquídeas brotam na beleza dos olhos

da Lua cheia que explode na água ao som
do testículo de mármore moído por Alfonso

eu vou pra Paracambí e tem que comer senão
vai pro Caju e metrô Estácio e Tijuca e Paracambí

Vanessa olha os olhos em sangue do sargento
no pico hiper-tensivo de um assobio doido

ele lê cantando um texto que fez ontem
para hoje ser lido na dinâmica de grupo da Dra.

pouco mais velha ou muito mais nova eu não
quero nada que não seja o desenho de prata

no arco do sorriso de uma doida que lembra
a minha mãe e me dá um beijo e diz que garoto

bonito que garoto bonito que garoto bonito

Ana é internada de manhã e amarrada na cama
não mama não come não nada e assim como o

procurador mente brilhante e brilhantina no cabelo
atesta que detesta eletrodos na testa mas adora

ouvir o funk carioca da favela que minas pow
paulista big brother e casa dos artistas

café e leite com água fervendo na cuca legal
macarrão no almoço e no jantar gardenal

na noite tem jogo da seleção e se enfermeira b
deixar deixará de novo a tv ligada na globo

e vc tudo haver ou a ver ou haverá ainda
outro céu que não as grades de ferro cromado

engolindo a noite e alua de Cortazar enforcada
e escaldada entre a química cerebral e Deus

quem pode com um ateu quem quer que seja eu
sei que Ana dorme no pé de Alfonso e presa a cama

babam e babam e babam enquanto tremo pedindo
piportil ou acneton ou a hóstia e a extrema unção

Monday, August 07, 2006

2 Comments:

Anonymous said...

Arrepiado e sem palavras estou brother.vc é demais!!!
p.s. depois veja o poema qdo der e puder, veja o poema q fiz pro sid barret.
abração.

Anonymous said...

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